É já o quarto Cultura em Expansão. O projeto tem o intuito de despertar a cultura nos locais “inacessíveis” do Porto, com uma clara aposta nos bairros sociais. A programação deste ano foi apresentada esta terça-feira, na associação de moradores do Bairro da Bouça: música, dança, teatro, cinema e laboratórios, espalhados de novo pela cidade. A edição de 2017 vai contar com mais 30 mil euros de investimento. Nas palavras do Presidente da Câmara Municipal do Porto, quer-se experimentar coisas novas, sem deixar de “sedimentar o trabalho que já foi feito nos anos anteriores”.

Uma programação mais extensa, a começar já em Março

Este ano, o Cultura em Expansão não espera por abril. A associação de moradores do Bairro da Pasteleira acolhe “Ode Marítima” já no dia 25 de Março, com Diogo Infante e música de João Gil.

Das novidades, o destaque vai para o ciclo “Dueto para um”. Na programação estão nomes “históricos”: Sérgio Godinho vai estar na associação dos moradores do Bairro da Bouça a 27 de maio, com o pianista Filipe Raposo. Já Simone de Oliveira, atua a 1 de julho, acompanhada ao piano por Nuno Feist, num espetáculo com cenografia de Diogo Evangelista. Há, ainda, espaço para artistas contemporâneos, com a colaboração entre Filho da Mãe (na guitarra) e João Pais Filipe (na percussão) a inaugurar o ciclo, já a 7 de Abril.

Um dos compromissos desta edição é o maior ênfase no trabalho laboratorial. O “Arquipélago – LABS” vai permitir uma aproximação do público à produção da companhia teatral Ao Cabo Teatro. De 1 a 19 de maio e 26 de junho a 8 de julho, é o laboratório “Português Suave” a ocupar o Largo do Ouro. “Os Idos de Março” chegam ao Círculo Católico Operário do Porto a 16 de outubro, até dia 3 de novembro.

Julho traz uma parada carnavalesca pela cidade, cortesia do projeto europeu “Reclaim the future”. Conta com colaboradores da Suécia, Escócia, Letónia e França.

De maio a dezembro, há sessões do “cineclube nómada” no Bairro da Lomba. Já “Filmes pedidos” mistura música e cinema. Vem ao Centro Paroquial de Aldoar pôr os espectadores a escolher um filme para o qual António-Pedro, Ricardo Freitas e Eduardo Raon vão ter de compor. Há sessões a 1 de outubro, 19 de novembro e 3 de dezembro.

O quarto Cultura em Expansão só encerra dia 17 de dezembro, no Rivoli. Às 16h00, exibe-se “Tráfico”, a ser desenvolvido por João Salaviza e pelo brasileiro Ricardo Alves Jr numa residência artística ao longo do Verão. Guilherme Blanc, do pelouro da Cultura da Câmara do Porto, esclarece que vão ser “ensaios fílmicos” à volta das “paisagens urbanas do Porto” e de um “tráfico de histórias”. Mas também afirma que há uma “carta branca” aos dois realizadores.

Às 17h00, é o espetáculo final do OUPA! a fechar as hostilidades. Entre música, oficinas de escrita, vídeo e os mais variados tipos de performance, o projeto de intervenção social e artística tem promovido o sentimento de pertença entre os jovens dos bairros do Porto. Depois do Cerco e de Ramalde, chega a vez do Bairro da Pasteleira. Capicua, André Tentúgal e Vasco Mendes continuam a colaborar com a iniciativa.

O foco da programação é o Bairro da Pasteleira. Mas a cultura também chega a Aldoar, à Bouça, ao Bairro da Lomba, a Campanhã e às Fontainhas.

Pouco espaço? “Venham mais cedo!”

O Cultura em Expansão continua ter entrada livre. Com salas reduzidas a servir de palco a muitas das atuações, surge o problema da falta de espaço. É o caso da própria Associação dos Moradores da Bouça, onde Sérgio Godinho vai atuar. A sobrelotação já marcou alguns dos eventos de anos anteriores, mas Rui Moreira sugere apenas: “Venham mais cedo!”

O autarca da Câmara Municipal do Porto acrescenta ainda a vontade de que “a cidade seja sempre um palco pequeno” para a iniciativa. No caso de Sérgio Godinho, salienta que se está a trazer a uma pequena sala “alguém que enche um coliseu, ou mesmo o Rivoli”, mas que a essência do projeto está justamente em ir além das “grandes catedrais” culturais do Porto. “Vamo-nos apertar”, diz.

A programação foi apresentada na Associação dos Moradores da Bouça. No ano passado, a sala não chegou para quem quis ver Gisela João.

A programação foi apresentada na Associação dos Moradores da Bouça. No ano passado, a sala não chegou para quem quis ver Gisela João. FOTO: RITA CATALÃO

Artigo editado por Rita Neves Costa