O Banco Central Europeu anunciou esta quinta-feira que não vai mexer nas taxas de juro. Medida que é recebida como um incentivo para a economia europeia, principalmente para países como Portugal e Espanha.

O Banco Central Europeu (BCE) manteve a taxa de juro diretora inalterada em 0%, um mínimo histórico fixado em março do ano passado que se mantém desde então. À semelhança da taxa de referência, a taxa de juro aplicável à facilidade de depósito também não sofre alterações e fica nos -0,40%.

Na conferência de imprensa desta quinta-feira, que se seguiu à reunião do conselho de governadores, Mário Draghi, presidente do BCE, revelou que segundo as novas previsões, a instituição monetária aponta para um crescimento de 1,8% em 2017 e de 1,7% em 2018.

Os economistas já previam que as taxas se mantivessem inalteradas. João Cerejeira, professor da Universidade do Minho, explica que a manutenção da taxa de juro poderá ser explicada “se atendermos ao facto da subida da inflação dos últimos meses ter sido motivada por uma subida do preço do petróleo e não por um acréscimo do consumo”.

No entanto, o professor da Faculdade de Economia do Minho, sublinha que “a subida do preço do petróleo tem abrandado nos últimos dois meses, tendo mesmo registado uma queda importante nos últimos dois dias”, rondando agora os 52$, facto que poderia mudar a decisão do BCE sobre as taxas de juro.

“A decisão tem implicações na economia do Eurogrupo porque permite, pelo menos para Portugal, Grécia, Itália e Espanha, acreditar que o programa de compra de ativos se vá manter para além de 2017”, afirma João Cerejeira sobre os benefícios da medida para o sul da Europa.

O professor da Universidade do Minho alerta, ainda, para o  crescimento dos “sinais de pressão das economias mais fortes, nomeadamente a alemã, que receia que o prolongamento do programa de compras comprometa o equilíbrio do seu sistema financeiro, pois os juros praticados na Alemanha estão a níveis anormalmente baixos”.

Nuno Moutinho, da Universidade do Porto, considera que a decisão do BCE em manter as taxas de juro baixas “estimula o consumo e as empresas, que continuam a poder pedir empréstimos mais baratos”. E explica, que “normalmente só sobe a taxa de juro quando há riscos de inflação”.

O professor de Economia considera o gesto do BCE “um sinal claro de estímulo para os agentes económicos que o banco europeu não se revela preocupado com a subida de preços”.

Artigo editado por Filipa Silva