À luz do recente debate acerca da central nuclear de Almaraz, o JPN foi saber mais sobre o estado da energia nuclear no continente europeu. É em França que existem mais reatores operacionais.

Os 58 reatores em operação existentes em território francês estão distribuídos por 19 centrais nucleares. Esta é a realidade francesa, país onde, em 2015, 76% da energia elétrica foi produzida por fontes nucleares. No universo europeu, 18 países têm reatores nucleares operacionais.

O pico de energia nuclear na Europa atingiu-se em 1988, com um total de 223 reatores nucleares operacionais.

No mesmo ano, o Reino Unido atingia também o maior número de reatores em função: 40. Desde então, o país reduziu para 15, uma diminuição de quase dois terços do número total de reatores operacionais. Na Alemanha, registou-se uma diminuição na mesma ordem, de 25 para oito reatores operacionais. Os dois países reúnem atualmente 60% dos reatores encerrados.

Desde 1988, houve na maioria dos países europeus um aumento pouco significativo ou até uma estagnação no número de reatores. Mas há quem invista na energia nuclear: desde então, a Rússia aumentou em cinco o número de reatores e tem sete em construção.

A eliminação progressiva da energia nuclear

Foi a 11 de março de 2011 que ocorreu o maior acidente nuclear desde Chernobil. A ocorrência de um sismo, seguido de um tsunami, levou ao sobreaquecimento dos reatores da central Fukushima Daiichi.

A este acidente seguiu-se uma onda de protestos, que marcou o início de uma mudança de mentalidades relativamente à energia nuclear. A necessidade de rever os procedimentos de segurança nas centrais surgiu em vários países. Alguns deles, comprometeram-se mesmo a eliminar progressivamente a energia nuclear.

O acidente de Chernobil

Chernobil é considerado o pior acidente nuclear da História e foi o primeiro a atingir o nível máximo na Escala Internacional de Acidentes Nucleares (INES) – definida pela Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) e pela Agência de Energia Nuclear da OCDE num total de sete níveis.

Apesar de estarem registadas 38 mortes diretamente atribuídas ao acidente, é difícil medir todas as consequências na saúde pública. Estima-se que ainda venham a ocorrer milhares de mortes prematuras devido à libertação de radiação.

Apenas três meses após o acidente de Fukushima, o Conselho Nacional da Suíça votou no sentido de encerrar progressivamente as centrais no país, com a previsão de 2034. Esta decisão surgiu apesar da opinião favorável dos cidadãos à utilização da energia nuclear. Em novembro do ano passado, houve uma tentativa de referendo que significaria encerrar três reatores este ano (2017), um em 2024 e o último em 2029. O referendo não foi aprovado.

Na Bélgica, apesar de avanços e recuos desde 2003, o compromisso de deixar de utilizar energia nuclear até 2025 mantém-se.

Os planos de encerramento de centrais na Alemanha é mais antigo. Já em 1998, um governo de coligação tomava a eliminação gradual da energia nuclear como medida do programa político. A intenção viria a ser revertida em 2009, mas foi reintroduzida no país em 2011 — ano em que foram encerrados permanentemente oito reatores. 

Em Portugal nunca foi produzida energia nuclear. O tema já foi debatido nas últimas décadas: a falta de consenso na opinião pública é encarada como um dos entraves à produção deste tipo de energia em território nacional.

Artigo editado por Rita Neves Costa