Para Leonardo Jardim, Portugal tem de continuar a dar cartas na criação de futebolistas profissionais. À margem do Football Talks, o treinador do Mónaco destacou que o campeonato nacional “não está no topo das ligas em termos de compras”. Por isso, o país tem de ser “produtor e vendedor”, contando com a ajuda de “bons técnicos” que façam evoluir os jovens talentos.

Instado a comentar a Liga NOS, Jardim confessa que no início da temporada acreditava numa luta entre os três grandes. “Neste momento está mais uma luta a dois porque o Sporting atrasou-se”, disse.

“Simplesmente mais um momento”

O Mónaco tem protagonizado uma época acima das expectativas. Ao fim de sete meses, a equipa do principado é líder destacado da Ligue 1. No próximo mês tem duas provas de fogo: a final da taça da liga com o Paris Saint-Germain e o duplo confronto com o Borussia Dortmund, para os quartos de final da Liga dos Campeões.

Leonardo Jardim vive em estado de graça no principado. É, de resto, mais um nome a elevar o sucesso dos treinadores portugueses espalhados pelo mundo. O técnico considera que a maior virtude reside na “capacidade de adaptação do nosso povo a cenários de muita dificuldade”. “No geral, tem conhecimento, tem capacidade de falar sobre futebol, sobre medicina desportiva e sobre gestão. Depois, todo o trabalho realizado pelas várias associações, dando o conhecimento às pessoas, tem ajudado nesse processo”, sublinhou.

Apesar da conjuntura, Leonardo Jardim desvaloriza os registos obtidos pelos Rouge et Blanc. “As pessoas dão muita importância nos momentos do sucesso. Mas para mim, que não sou uma criança, que já há 20 anos ando aqui no futebol, é simplesmente mais um momento que temos de saber viver como outros no passado”, assegurou.

“Tenho de dar um bom espetáculo aos adeptos”

Formado em Educação Física, o técnico madeirense está desde cedo habituado a ter de lidar com jovens. No principado orienta uma formação cuja média de idades não ultrapassa os 25 anos. Juventude pode ser sinónimo de alguma inexperiência. Condição que não impede o prazer de valorizar o espetáculo. “Agora estou no meu terceiro ano do Mónaco e sei que investimos este verão. Tenho que saber que jogadores tenho e perceber que se o posso fazer tenho de dar um bom espetáculo aos adeptos”, referiu.

Para Jardim importa mais o resultado final. Se possível, com nota artística. “O meu futebol é ganhar e jogar bem. Esse é o objetivo de todos. Mas quando não tenho os melhores jogadores para jogar bem, com certeza que prefiro ganhar. [Mas] Quando podemos conciliar as duas coisas, acho que devemos respeitar o espetáculo e os adeptos”.

No ano passado, o Mónaco apontou 86 golos em toda a temporada. Este ano é o ataque mais concretizador da Europa e está prestes a dobrar a marca dos 130 tentos. Jardim sugere que há segredos para a veia goleadora, lembrando as mudanças operadas no último verão. “Voltaram ao clube dois dos atacantes que não estavam no ano passado: O Falcao e o Valère [Germain]. Também a progressão de um jovem atleta como o Kylian [Mbappé] deu à equipa outra capacidade de concretização em termos ofensivos. A aquisição de alguns jogadores para o corredor também permitiu outra qualidade ofensiva”, destacou.

Leonardo Jardim foi um dos oradores presentes no primeiro dia do Football Talks, que se realiza no Centro de Congressos do Estoril até sexta-feira. O técnico do Mónaco abordou a capacidade de adaptação dos jogadores à mudança de contexto entre o clube e a seleção.

Artigo editado por Filipa Silva