“É a hora das mulheres se chegarem à frente”. Quem o diz é Sarai Bareman, diretora da divisão de Futebol Feminino da FIFA. Em entrevista ao JPN, no âmbito do Football Talks, a neozelandesa admitiu que a modalidade está a crescer: “Vemos um maior interesse no futebol feminino e mais praticantes por todo o mundo. O futebol feminino é um novo ‘bolo’. Não necessitamos de retirar uma fatia do ‘bolo’ masculino”.
Sarai nasceu na Nova Zelândia. Filha de mãe samoana e pai holandês, jogou futebol durante 20 anos representando a seleção de Samoa. Foi dirigente da federação de futebol da Samoa e da Oceania. Em 2016 integrou a FIFA para liderar a estreante Divisão de Futebol Feminino, sendo a primeira mulher no cargo.
A desigualdade é transversal
Sarai Bareman reconhece que a desigualdade de género e a discriminação das mulheres “passa por todas as áreas”, desde o relvado até aos cargos de chefia.
A diretora da FIFA diz que “as confederações devem ter mulheres nos cargos de decisão”, salientando o trabalho que tem vindo a ser realizado pela FIFA para combater a desigualdade. Bareman e a FIFA têm um grande objetivo para o futuro: duplicar o número de praticantes em todo o mundo.
Jogadoras de futebol? “Diga-me uma!”
A ex-jogadora de futebol reconhece que o futebol feminino não terá a notoriedade e a adesão do masculino “de um dia para o outro”. Contudo, garante que a vertente feminina “é tão equilibrada” como a masculina.
Falta, contudo, divulgação e adesão por parte dos adeptos do desporto-rei. Com isso podem criar-se mais “Carlis Llyods”. “Se perguntas às pessoas por jogadoras femininas elas têm dificuldades em nomear uma e irão dizer Marta, Carli Lloyd ou talvez Amy Wamback”, desabafou.
Nesse sentido, destaca a importância do trabalho de instituições como a BBC para garantirem uma maior cobertura do futebol feminino, dado o impacto que pode advir do aumento das transmissões televisivas. Recorde-se que Barbara Slater, diretora de desporto da BBC, também marcou presença no Football Talks para falar do papel dos media no futebol feminino.
Portugal
Apesar do recente crescimento do futebol femino em território luso, Sarai confessou não ter visto, ainda, nenhum jogo da seleção nacional mas está “muito interessada em ver a seleção portuguesa no europeu”. Quanto a conselhos ao país, Sarai Bareman aconselha a que as entidades responsáveis pelo futebol se foquem “nos clubes e no nível inferior”. “Gostava de saber quantos clubes têm equipas femininas nos vários escalões”, questionou.
Portugal vai disputar uma fase final do Europeu, pela primeira vez, este ano. Francisco Neto, selecionador nacional, destaca ao JPN a evolução da seleção nacional mas lembra não estar no patamar pretendido e que, por isso, há muito que melhorar.
Francisco Neto destaca, também, a aposta da Federação Portuguesa de Futebol.
O futebol feminino foi um dos temas de maior destaque na manhã do segundo dia de Football Talks que terminou esta sexta-feira, no Estoril.
Artigo editado por Filipa Silva