A edição deste ano da “Semana Profissão: Engenheiro” alcançou um número recorde de 1800 estudantes inscritos. Ao todo, são 68 atividades, distribuídas por 24 percursos que dão a conhecer aos alunos do secundário o percurso que a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) pode oferecer e o que é a profissão de “engenheiro”.
Na sessão da tarde desta segunda-feira, poucos eram os lugares vagos no auditório da FEUP, onde decorreu a apresentação “Encontra o teu talento”. Estudantes, professores e encarregados de educação quiseram ouvir a voz de quem conhece a Faculdade de Engenharia de perto. A mensagem foi clara: os engenheiros têm sempre que “pensar o amanhã”.
Mas a aventura começou a seguir. Os estudantes escolheram um dos cinco desafios que se colocam ao engenheiro: “Salvo o Planeta”, “Desenho o Novo Homem”, “Crio a Sociedade do Futuro”, “Torno as Empresas Mais Competitivas” ou “Construo um Mundo Novo”. A partir daí, iniciaram o percurso e entraram no mundo da engenharia.
O JPN acompanhou o percurso nº1, “Salvo o Planeta”, que passou por quatro áreas diferentes. À frente dos alunos, estava Diogo Silva, o guia do percurso. “O que é que vocês querem seguir?”, perguntou enquanto esperava pelos estudantes. A maior parte estava indecisa, mas havia quem tivesse engenharia como opção. Vasco está no 11º ano, na Escola Secundária de Alfena e o ambiente é a área que mais lhe desperta a atenção. Quer seguir engenharia agrónoma por gosto e também por influência dos pais que “têm terrenos lá em cima, em Trás-os-Montes e Alto Douro”.
Já Lara Leite, do 11º ano da Escola Secundária de Felgueiras, ainda está indecisa, mas a fisioterapia começa a encher-lhe as medidas. A estudante conta que escolheu as atividades para desvendar “o mistério de saber como é que era cada uma delas”.
O grupo chega ao primeiro posto, onde a engenharia química é a protagonista. Aqui, os alunos vão aprender a produzir energia através do hidrogénio. Esta é uma energia que “está a ser estudada e que pode ser aplicada em vários sítios, nomeadamente carros e autocarros”, conta o estudante e investigador que está responsável por mostrar a área aos alunos.
Os estudantes observam e aprendem a mover uma ventoinha através da energia gerada pelo hidrogénio, e até mesmo a carregar o telemóvel com essa energia.
No caminho para o próximo local, o grupo encontra-se com estudantes que estão a fazer outros percursos, mas que têm a engenharia em comum. Rita, tal como os restantes estudantes do grupo, também está no 11º ano, na Escola Secundária de Felgueiras. Não quer seguir engenharia, mas esta atividade está relacionada com o que aprende em físico-química.
No posto seguinte, é o laboratório de engenharia sanitária que recebe os alunos. “Este laboratório é mais virado para a parte de engenharia do ambiente”, afirma uma das estudantes da FEUP. Os alunos do secundário aprendem sobre as tecnologias de tratamento de águas e afluentes líquidos. É neste local que se dá apoio às aulas, aos projetos de investigação e se presta serviços externos.
“Este afluente vinha de uma empresa de lacticínios e tem características bastante específicas, porque tem muita matéria orgânica e é difícil removê-la para depois ser lançada para uma ETAR”, conta, enquanto explica um dos projetos do laboratório.
Enquanto ouvem a explicação, os alunos olham com curiosidade e tentam perceber como funciona o dispositivo.
“Um estudante no secundário não tem contato nenhum com o que se faz na faculdade”
A engenharia mecânica é a próxima paragem. Mas antes disso, José Pereira, da Escola Secundária Inês de Castro, conta que a experiência os “ajuda a perceber mais como é que é o mundo e tudo o que rodeia”. Foi a professora de Físico-Química que o trouxe até à FEUP, mas está a gostar do que está a ver.
O guia Diogo Silva está no 5º ano de engenharia mecânica e não é a primeira vez que colabora no projeto. “Um estudante no secundário não tem contacto nenhum com o que se faz numa faculdade. Não há nenhuma disciplina que esteja diretamente relacionada com o que fazemos aqui, com nenhuma área. Portanto, eles virem cá, perceberem e terem contacto com a realidade do que é um curso na FEUP dá-lhes possibilidade de escolher aquilo que realmente querem”, conta ao JPN.
O estudante acrescenta que tem havido um crescimento exponencial na requisição de engenheiros a nível mundial, e por isso, a Faculdade de Engenharia é bastante necessária e a procura tem sido grande. “Há pessoas que vêm cá e que não tem interesse, mas vêm conhecer o que se faz cá, e depois temos pessoas realmente interessadas”, sublinha.
A terceira atividade começa e o grupo dirige-se para o laboratório de fluídos. Ali observam experiências no ramo das energias e, sobretudo, no ramo dos fluídos. O instrutor avisa que “para virem para engenharia mecânica têm que gostar de matemática e de física”. Os alunos reagem de forma diferente. Uns riem por não gostarem das disciplinas, outros, como Vasco, respondem que têm “às vezes” nota de 18 valores a matemática.
Em frente, têm um conjunto de tubos, onde vão perceber como se originam as perdas de energia e quando é que elas variam. Foi uma das três experiências que fizeram naquele laboratório.
É a vez de os alunos aprenderem a fazer energia elétrica, no laboratório de engenharia eletrotécnica. Mal entram na sala, reparam numa bicicleta junto de um quadro com vários fios que ligam alguns dispositivos. “Vamos ter que andar de bicicleta?”, pergunta um dos alunos. Ao longo da atividade, participam rodando os geradores para conseguirem acender as três lâmpadas do quadro. No final, concluem que o esforço é maior quanto mais energia tiverem que gerar.
O primeiro percurso foi um dos 24 que os alunos tinham à sua disposição na FEUP. Por agora, o objetivo “é continuar o processo interativo de avaliar as atividades que eles mais gostaram, retirar as que não tiveram tanto sucesso, substituir por outras”, conclui Diogo Silva.
Artigo editado por Rita Neves Costa