Tarik Barri, 37 anos, esteve esta segunda-feira no MIL – U.Porto Media Innovation Labs, na Praça Coronel Pacheco, para falar sobre “Desenho e Desenvolvimento de Sistemas Audiovisuais”. Foi apresentado “Versum”, um software de criações audiovisuais desenvolvido pelo artista.

Nascido na Holanda e atualmente a viver em Berlim, Tarik Barri utiliza ferramentas como MaxMSP/Jitter e Java para desenvolver o seu próprio software. Com o desenvolvimento deste programa, Barri faz parecer fácil a mistura de diferentes linguagens de programação para combinar imagem e som.

O objetivo é “descomplicar” a programação quando atua ao vivo. O resultado já esteve à vista de muitos, mesmo não o sabendo: nomes como Thom Yorke (das bandas Radiohead e Atoms For Peace), Nicolas Jaar e Monolake já contaram com o cunho de Barri nas atuações.

Do software, surge uma composição audiovisual num espaço tridimensional, com uma navegação pelas três dimensões através de um joystick. Foi aqui que o artista viu oportunidade para combinar os conhecimentos de programação com a sua paixão pela música. 

Da programação à música eletrónica foi um “saltinho”

A arte de programar já faz parte da vida de Barri desde os sete anos. Com 16 anos já criava música eletrónica, mas foi aos 21 que viu a sua primeira faixa ser lançada. Desistiu do curso de Psicologia Biológica para estudar Música e Tecnologia na Utrecht School of Arts- Foi nesse momento que percebeu que poderia explorar os mesmos métodos na criação de música para a criação de imagens em movimento.

“Eu nunca planeei ser aquilo que sou hoje e nunca poderia fazê-lo”, assume o artista, que concorda que as competências desenvolvidas ao longo da vida se tornam mais importantes do que a própria profissão.

O trabalho desenvolvido por Tarik Barri surge também da vontade de mostrar aquilo que faz no computador, substituindo automatismos por resultados mais personalizados. O objetivo é trazer, tanto ao próprio como à audiência, o trabalho que desenvolve em programação, como um músico quando toca um instrumento ao vivo. “Quando soube que poderia combinar imagem e som, para mim foi um momento mágico”, admitiu Barri.

Ainda durante a palestra, houve espaço para uma demonstração do software, cumprindo um dos objetivos principais do compositor: proporcionar experiências (intuitivas) audiovisuais em tempo real.

Apesar de não ser claro em que medida os elementos visuais melhoram o entendimento da música, o artista considera que eles tornam tudo mais perceptível e lógico. São as imagens que proporcionam uma maior noção daquilo que se passa na música e onde as pessoas estabelecem uma maior ligação com o som. Para Barri, é  “criada uma realidade virtual” e isso torna-se uma componente “poderosa” destas criações artísticas.

Em conversa com o JPN, Tarik Barri conta como conheceu Thom Yorke e iniciou a colaboração com o músico. Barri admitiu que nunca pensou ser possível trabalhar com o artista, mas conta com entusiasmo o momento em que conseguiu mostrar o trabalho que desenvolveu e que o levou em digressão com a banda de Yorke — Atoms for Peace.

Considera ser uma pessoa muito diferente quando está a programar do que quando está a criar música e imagens. “Sou muito mais agradável como pessoa se estiver a criar do que quando estou a programar”, confessa Barri ao JPN.

O artista sente-se apreciado pela audiência quando mostra as composições audiovisuais que já o caracterizam e confessa a vontade em trabalhar com Trent Reznor, da banda rock Nine Inch Nails: “Existe muita gente que me poderia ensinar muita coisa, mesmo eu ainda não conhecendo”.

Para os jovens que partilham o gosto pelo universo audiovisual, Barri aconselha: “Não dependam demasiado da simetria”. É uma dica “muito simples” que o artista considera fundamental para que não se tenha medo de experimentar o que não se conhece, que pode resultar numa “beleza única”, como explicou ao JPN.

Depois de uma semana em residência artística no Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia, Tarik Barri finalizou a instalação artística “Matter of Perspectives”, presente na galeria INL do gnration, em Braga, até 17 de junho.

Atualmente, o artista está envolvido na composição audiovisual em 3D com a cantora Lea Fabrikant, tendo atuação marcada para junho, em Barcelona.

Artigo editado por Rita Neves Costa