A startup portuense Knok Healthcare oferece serviços de saúde primária on demand, ou seja, quando e onde o doente precisar. Depois do Porto, Braga, Vila Real, Leiria e Lisboa, a app chegou na passada sexta-feira também a Coimbra.
O utilizador instala a aplicação, vê no mapa os médicos que estão disponíveis no momento, e a que distância estão, e seleciona o profissional com quem quer agendar a consulta. Ao carregarem na fotografia de cada médico, os doentes têm acesso ao currículo do profissional de saúde. Entre 30 a 40 minutos, o utilizador tem o médico a tocar à campainha.
A aplicação foi lançada a 4 de dezembro de 2015 e está disponível para IOS e Android. Está aberta a qualquer pessoa, mesmo as que não estão registadas. Só depois de chamar o médico é que o doente tem de introduzir alguns dados como e-mail, morada, número de telefone e dados de pagamento.
No final da consulta o doente pode avaliar o serviço bem como o médico que o prestou. A seleção dos profissionais pela Knok é feita por alguns co-fundadores da empresa, que também são médicos, passando por entrega de documentação e entrevista. “Nós recebemos mesmo muito pedidos”, refere José Bastos, CEO da empresa e antigo aluno da Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP).
É sempre o paciente que escolhe o médico, nunca é automático. “Se o médico demorar muito tempo a responder, alguém da nossa equipa pode entrar em contacto com o doente e se este tiver urgência nós podemos contactar outros médicos e é aí podemos recomendar outros profissionais”, explica José Bastos.
O alumni da FEP criou a Knok depois de uma “péssima experiência de saúde primária”. “Uma mera virose obrigou-me a ir muitas vezes com eles [os filhos] ao hospital e isso fez-me pensar a sério sobre como estava insatisfeito com a forma como o sistema de saúde primária funciona”, conta ao JPN.
Começou à procura de uma solução que “fosse mais à medida, que permitisse comodamente não ter que passar uma manhã no hospital (…) para serem vistos por um médico”, explica o fundador da empresa.
Foi apelidada de “Uber da Saúde”, mas José Bastos considera que é algo que espera que mude em breve. “Nós estamos a enriquecer o nosso leque, a nossa oferta e, portanto, espero que durante o mês de maio as pessoas deixem de nos chamar ‘Uber da Saúde’ e nos chamem uma coisa melhor”, afirma, acrescentando que podem estar para chegar mais novidades.
A tecnologia não é o principal desafio e não tem sido uma barreira à vontade de introduzir fatores diferenciadores, sendo que o presidente da empresa refere-se à equipa tecnológica como “muito forte”. Indica, por outro lado, que a componente regulatória pode ser mais condicionante.
“Uma empresa de saúde tem um fardo regulatório quando quer, por exemplo, introduzir novos serviços que, por exemplo, a Uber não tem”, explica José Bastos. “Fazemos as coisas com um bocadinho de cautela, que às vezes não sei se seria toda necessária, mas preferimos fazer para ter a certeza que as entidades relevantes no país que estão aliadas com o nosso formato”, acrescenta.
José Bastos explica que são as entidades reguladoras que podem validar projetos como o da Knok, mas que é importante ter o aval de instituições como a Ordem dos Médicos.
A aplicação é única em Portugal e há planos para ser lançada em Madrid ainda durante o mês de abril. Se assim acontecer, vai ser a única app do género em toda a Península Ibérica.
Artigo editado por Rita Neves Costa