Portugal poderia reciclar mais e não o faz. Quem o denuncia é a Associação Zero, grupo ecologista que promove um sistema terrestre sustentável, e que esta quarta-feira apresenta uma série de recomendações – de forma a que Portugal possa cumprir as metas de reciclagem definidas junto da União Europeia.

Susana Fonseca, representante da Zero, explica ao JPN que Portugal está muito abaixo dos parâmetros definidos para 2020 e “neste momento está em negociação em Bruxelas um novo pacote com metas ainda mais exigentes”.

As metas para Portugal são estipuladas segundo a diretiva europeia e apontam para 2020 um aumento mínimo de 50% em peso, relativamente ao lixo para reutilização e reciclagem. Segundo o relatório “Resíduos Urbanos 2014”, Portugal ficou apenas pelos 29% do, uma taxa que fica abaixo da média europeia, que é de 32%.

Acrescenta ainda que “o atual sistema não está a funcionar” e, por isso, a associação apresenta uma série de sugestões que considera importantes serem implementadas:

“Defendemos que sejam introduzidos sistemas em que as pessoas paguem pela quantidade de resíduos que não vão para reciclar e que não estão a ser aproveitados”.

Ou seja, se for feita uma reciclagem e separação do lixo de forma correta (mesmo do lixo orgânico, que pode ser reaproveitado), há uma recompensa monetária no imposto do cidadão. Caso contráio, há uma penalização.

No entanto, Susana Fonseca alerta que esta medida deve ser introduzida de forma gradual no sistema: “Aquilo que nós defendemos não é que as alterações ao sistema sejam repentinas, mas sim começar primeiro por dar melhores condições às pessoas para poderem fazer a separação do lixo. Começar, por exemplo, por fazer uma recolha porta-a-porta, como já acontece em países do sul da Europa”.

Desta forma, a Associação Zero defende que Portugal poderia melhorar os resultados e atingir assim as metas de reciclagem definidas e serem amigas do ambiente, seguindo o exemplo de alguns países europeus.

Maia, uma cidade amiga do ambiente

O  crescimento da cidade da Maia registado nos últimos anos permitiu que os prédios e moradias que foram construídos fossem obrigados a ter uma “sala de lixo”, tal como explica António Amaral, do departamento do Ambiente da câmara municipal ao JPN.

O compartimento serve para os moradores depositarem o lixo e os camiões o recolherem. “Isso eliminou o que se vê nas cidades pelo país fora que são os contentores do lixo na rua. Na Maia não há contentores do lixo na rua”, explica António Amaral.

Com o passar do tempo a autarquia fez ainda uma distribuição de caixotes para reciclagem às pessoas. Assim, em todas as casas – tanto em prédios como moradias – foram entregues caixotes do lixo com cores diferentes.

Em cada casa faz-se a reciclagem utilizando os caixotes individuais oferecidos e depois disso despeja-se o lixo em caixotes que estão nas salas do lixo respetivas. Estes caixotes estão equipados com um microchip que permite que os camiões do lixo passem e recebam a informação se os caixotes estão cheios ou vazios.

Para as zonas de casas mais antigas que foram construídas antes da medida que obriga a construção da “sala de lixo”, é feita uma recolha porta-a-porta com dias definidos para a recolha do plástico e metal, papel e vidro. Assim, as pessoas sabem o dia em que devem colocar à porta o caixote amarelo, azul ou verde.

Esta política demorou vários anos a ser implementada e tem sido adaptada. Segundo a câmara municipal, os resultados são claramente visíveis e fazem da cidade da Maia uma das cidades mais amigas do ambiente a nível nacional.

Artigo editado por Rita Neves Costa