O concelho de Castelo de Paiva, em Aveiro, vai ter um percurso pedestre com uma extensão de cerca de 14 quilómetros ao longo de toda a frente ribeirinha. As obras estão previstas começar entre junho e julho deste ano.

A praia do Choupal, em Pedorido, marca o início do percurso “Viver o Douro” onde, depois da requalificação que vai ser realizada pela Câmara Municipal de Castelo de Paiva, vai existir uma zona de merendas. O trilho termina na zona de Entre-os-Rios e um dos pontos de passagem é a aldeia classificada de Gondarém.

O projeto contempla a existência de estruturas de madeira, passadiços e pontes, de forma a permitir a mobilidade e circulação ao longo do percurso.

Tendo em conta pontos estratégicos, vão ser incluídos miradouros em madeira e com a forma de barcos rabelos, para além das zonas “privilegiadas” de miradouros naturais que a “própria morfologia do terreno proporciona”, refere Ricardo Vieira, um dos arquitetos paisagistas envolvidos e CEO da empresa Aproplan.

Aspeto de um dos futuros passadiços em Castelo de Paiva. Foto: Câmara Municipal de Castelo de Paiva

“A nossa preocupação como projetistas e arquitetos paisagistas foi sempre preservar a vegetação autóctone, maximizar a sua presença e preservar também ao máximo a morfologia do terreno”, explica.

Ao longo do percurso, os visitantes vão ter possibilidade de consultar placas informativas acerca da fauna e flora local, mapas da localização onde se encontram, bem como mapas gerais das zonas por onde o percurso passa.

Segundo Gonçalo Rocha, presidente da Câmara Municipal de Castelo de Paiva (CMCP), toda a estratégia está a ser trabalhada com a Quercus, uma das entidades parceiras do projeto.

A CMCP conta ainda com a colaboração da Associação Portuária dos Portos do Douro, Leixões e Viana do Castelo, Douro Azul, Turismo Porto e Norte, Escola Superior de Tecnologia, Gestão e Marketing do Instituto Politécnico do Porto, juntas de freguesia e agrupamentos de escolas.

“Estamos a desenvolver os procedimentos para o concurso público, temos o financiamento assegurado, vamos ter obra”, referiu Gonçalo Rocha ao JPN. Segundo o presidente da CMCP, a obra já aprovada é apoiada pelos fundos comunitários Norte 2020 e vai a concurso na ordem dos 300 000 euros. Porém, com os trabalhos associados ao projeto, o valor atinge os 500 000 euros.

O autarca afirma que o projeto vai permitir “abrir portas” às “grandes marcas” do concelho. De acordo com Gonçalo Rocha, o objetivo passa por afirmar o território e tornar o concelho de Castelo de Paiva um município de referência. A ideia passa por aliar a paisagem e o rio com estruturas de passagem e condições de segurança.

Miradouro em forma de barco rabelo. Foto: Câmara Municipal de Castelo de Paiva

“Tínhamos de ir mais além e encontrar uma estratégia que fosse mais agregadora e integradora”, acrescenta Gonçalo Rocha. O presidente do município refere que a intenção passa também por criar “um elemento que beneficie Castelo de Paiva, mas também a região” envolvente.

“As pessoas querem voltar ao que é mais genuíno, mas antigo. As pessoas procuram esta qualidade de vida que outrora era considerada quase parolice e que hoje é qualidade”, por mais importante que seja a vida urbana e citadina, considera o presidente. “A ruralidade hoje tem um valor muito diferente do que tinha há uns anos atrás”, afirma.

Gonçalo Rocha considera que, em princípio, entre junho e julho vão estar reunidas as condições necessárias para o início das obras do percurso “Viver o Douro”. O projeto vai ter “um impacto extraordinário sob ponto de vista turístico”, considera o autarca.

“Viver o Douro” é um dos cinco percursos inseridos na rede de percursos pedestres “Viver O Payva D’ Ouro”, uma iniciativa do município de Castelo de Paiva.

Os outros quatro contemplam o “percurso do Paiva” que vai ligar aos passadiços de Arouca, — onde vai haver o reaproveitamento do caminho antigo –, um segundo por espaços agrícolas de produção vinícola do concelho, um outro que pretende ligar os pontos altos de visionamento da paisagem, e um último percurso que vai reabilitar os trilhos da exploração mineira — existentes outrora na região, servindo assim para preservar a tradição dos fósseis do concelho.

Artigo editado por Rita Neves Costa