O doente de Parkinson não deve ser alienado socialmente e precisa de um regular exercício físico para assegurar bem-estar. Assinala-se esta terça-feira o Dia Mundial da Doença de Parkinson, uma patologia que afeta cerca de 18 mil portugueses – os números divergem consoante os estudos, mas todos apontam entre 15 e 20 mil. E, ao contrário do que se pensa, a doença pode manifestar-se na meia-idade.

Apesar de haver resposta farmacológica na Doença de Parkinson, os indivíduos continuam a ter uma deterioração progressiva das funções corporais, das atividades da vida diária e da participação social, sendo necessário recorrer a tratamentos não farmacológicos, como a fisioterapia neurológica, para complementar o tratamento clínico.

Há duas características importantes da Doença de Parkinson: uma delas passa pela degradação dos neurónios produtores de dopamina, um neurotransmissor que, quando não circula em quantidades suficientes no corpo, provoca tremores. Outra característica dos doentes de Parkinson são os aglomerados de proteínas nos neurónios – algo que não se sabe se é parte causadora da doença ou algo que surge depois de a doença se manifestar.

Parkinson muitas vezes associado à depressão

Catarina Jácome, fisioterapeuta do “Programa Neuro-Reabilitação Parkinson Porto“, fala sobre a importância de exercitar os doentes de Parkinson, da manutenção das suas rotinas e das interações sociais. “A Doença de Parkinson altera profundamente a vida de um indivíduo e outras medidas, além da terapêutica farmacológica ou cirúrgica, podem ajudar o doente de modo a torná-lo física e socialmente ativo, contribuindo para uma melhor qualidade de vida”, diz.

O programa desenvolve intervenções de fisioterapia especializada, direcionada a indivíduos com Doença de Parkinson. Catarina Jácome reflete sobre a necessidade de normalizar a vida e de promover a socialização dos pacientes.

“Não deve ser quebrada a vida de relação com os amigos, a manutenção dos interesses e hobbies, a realização de atividades fora de casa, não só em relação ao exercício físico, mas, e segundo os interesses do doente, idas ao cinema, teatro, exposições ou quaisquer outras atividades, que sejam do agrado e estejam de acordo com as suas capacidades e limitações”, expecifica Catarina Jácome sobre os cuidados diários a ter com um doente de Parkinson.

A fisioterapeuta afirma também que uma vida ativa para estes doentes “é importante do ponto de vista emocional já que cerca de 50% dos doentes com Parkinson sofre de depressão numa ou noutra altura da sua doença”.

A fisioterapeuta relata que é fulcral que “acima de tudo o indivíduo permaneça ativo e não ceda à inatividade”.

Jovens e Parkinson

“Está descrito que indivíduos com início da Doença de Parkinson em idades mais avançadas podem apresentar uma progressão mais rápida da doença e os doentes com Parkinson de início mais precoce ou juvenil (início antes dos 40 anos de idade) podem apresentar uma progressão mais lenta, mas podem desenvolver mais cedo complicações motoras como as flutuações motoras”, explica a especialista.

Fátima Silva, portadora de Parkinson desde os 30 anos, depois de conviver 15 com a doença afirma que “todos temos sintomas e formas de tratamentos diferentes. Cada caso é um caso”.

“Os doentes de Parkinson, necessitam que os entendam para que levem uma vida sem stress. Necessitam de fazer exercício físico. É fundamental uma alimentação saudável, fazer a medicação a horas, mas principalmente saber aceitar a doença”, conclui Fátima Silva.

Artigo editado por Filipa Silva