As divisões que o Brexit expôs levaram a primeira-ministra britânica, Theresa May, a anunciar esta terça-feira, a intenção de convocar eleições gerais antecipadas no país para o próximo dia 8 de junho. A decisão vai ter de ser ainda aprovada pela Câmara dos Comuns, na quarta-feira.

A chefe de Governo britânica considera que o plebiscito será a única forma de garantir “certeza e segurança para os anos que vêm”. Foi esta ideia, declarou, que a fez mudar de posição relativamente à necessidade de convocar eleições antes de 2020.

May acusou os partidos da oposição de fazerem jogos políticos que colocam em risco a posição do país nas negociações do Brexit, um processo “sem volta”, sublinhou.

“Precisamos de eleições gerais e já”, afirmou à porta da residência oficial depois de reunir o conselho de ministros. “Se não o fizermos agora, o jogo político deles vai continuar e as negociações com a União Europeia vão atingir a sua fase mais difícil às portas das próximas eleições gerais”, marcadas para 2020, considerou ainda.

A conservadora lançou críticas aos trabalhistas, liberais democratas e ao partido nacional escocês. “Este é o momento de mostrar ao que estão – de mostrar que não se estão a opor ao Governo porque sim, para mostrar que não tratam a política como um jogo”, disse ainda.

“Vamos a eleições – vamos avançar com o Brexit e com os nossos programas governativos e deixar o povo decidir”, concluiu.

O anúncio da líder britânica é feito no dia em que foi conhecida uma nova sondagem que dá aos conservadores 18 pontos de vantagem sobre os trabalhistas de Jeremy Corbin, que aparecem com 26% das intenções de voto. O UKIP, partido nacionalista britânico, aparece com 11%, sem alterações face à última.

A primeira-ministra escocesa, Nicola Sturgeon, que defende a permanência da Escócia na União Europeia e a separação da nação do Reino Unido, já reagiu nas redes sociais. Sturgeon considera que estamos perante “uma das mais extraordinárias reviravoltas na história política recente” do Reino Unido. “Ela [Theresa May] está claramente a apostar que os conservadores podem conseguir fortalecer a sua maioria em Inglaterra dada a grande desordem instalada no partido trabalhista”. “Para a Escócia, é um grande erro de cálculo da primeira-ministra”, acrescentou.

Também o líder dos trabalhistas, Jeremy Corbin, fez entretanto uma declaração através das redes sociais, na qual se congratula pela decisão de Theresa May.

Paul Nuttal, do UKIP, também aprova a realização de eleições antecipadas, mas classifica de “cínica” a decisão, por considerar que ela é mais estimulada pela baixa popularidade do principal líder da oposição do que pelo interesse do país.