O astrofísico português Nuno Santos – investigador da Universidade do Porto (UP) no Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) – faz parte da equipa de cientistas internacionais que descobriu o exoplaneta LHS 1140b. O resultado da investigação foi publicado esta quinta-feira na revista Nature.
Em declarações ao Diário de Notícias, o cientista português adiantou que “este é provavelmente o melhor candidato identificado até agora para se fazer nos próximos anos um estudo mais detalhado sobre a sua atmosfera, se ele de facto tiver uma atmosfera, e para mais tarde aí se procurarem as assinaturas químicas da vida, quando dispusermos das tecnologias para isso”.
Em comunicado, Nuno Santos considera ainda que a comunidade científica se encontra “no bom caminho, e que as apostas feitas são as corretas” e avança que “já em 2018, instrumentos como o ESPRESSO e o CHEOPS [telescópios espaciais], nos quais a equipa do IA está profundamente envolvida, vão certamente permitir descobrir mais planetas como este”.
A descoberta de planetas, generalizada nos últimos meses, fora do sistema solar tem entusiasmado o mundo da astrofísica e da ciência. Em fevereiro, foi anunciada a descoberta de sete planetas idênticos à Terra noutras constelações. O novo astro, detectado através do projeto MEarth, que monitoriza estrelas anãs à procura de exoplanetas, tem algumas características que o tornam único.
Os investigadores inserem o LHS 1140b na categoria de “super-Terra”, por ter uma massa entre uma a dez vezes a massa da Terra. A equipa estima que o exoplaneta tenha pelo menos cinco mil milhões de anos, um diâmetro de quase 18 mil quilómetros (cerca de 1,4 maior que a Terra) e 6,6 vezes mais densidade do que o planeta Terra.
O LHS 1140b, de tipo rochoso, gira em torno da estrela anã vermelha (estrela com uma massa pequena e de temperatura baixa) — LHS 1140 –, a menos de 40 anos-luz de distância da Terra, e completa uma órbita a cada 25 dias. Esta distância é dez vezes mais próxima do que a Terra do Sol.
Esta combinação de características torna possível que o novo exoplaneta possua água líquida na superfície e a distância a que se encontra, relativamente próximo da Terra, faz com que possa ser estudado de maneira mais pormenorizada no futuro.
Segundo o Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, “a equipa irá realizar em breve observações com o Telescópio Espacial Hubble, para determinar com precisão a quantidade de radiação que atinge o LHS 1140b, o que irá definir com maior exatidão os limites de habitabilidade do planeta”.
Artigo editado por Rita Neves Costa