Na conferência de imprensa que decorreu esta sexta-feira de manhã na Associação dos Inquilinos do Norte, João Semedo disse que o Porto continua a perder população e que nos últimos três anos a cidade perdeu mais de 5000 habitantes, metade dos quais saídos da zona histórica.
“Este é sempre o principal problema de qualquer cidade, mas a perda de população não é o verdadeiro problema”, disse o médico e ex-deputado, afirmando que o grande problema da cidade do Porto é a falta de casas a preços acessíveis para tanta procura.
“O mercado da habitação no seu conjunto não responde com rendas acessíveis à procura que existe”, continuou o candidato, alertando para o facto dos residentes estarem a ser “empurrados” para fora do centro histórico.
Semedo disse ainda que a procura é muito variada, passando por pessoas que foram despejadas das suas habitações, a pessoas que querem viver no Porto por motivos laborais e ainda por jovens que querem sair de casa dos pais.
Na opinião do Bloco de Esquerda, no que diz respeito à falta de habitações a preços acessíveis, há duas principais razões para que isto aconteça: “A primeira é que a oferta pública está muito aquém das necessidades. Em 2016 — isto são dados oficiais da câmara –, houveram 930 pedidos de apoio de ajuda para a habitação social, apenas 277 foram respondidos”.
A segunda razão apontada por Semedo é que a combinação entre a atividade turística e a atividade de reabilitação do centro histórico provocou uma inflação nos preços, sendo que, nos últimos três anos o preço das casas aumentou 48%, e no conjunto da cidade cresceu 12%.
As propostas que o Bloco de Esquerda sugere para diminuir a crise habitacional na cidade do Porto passam por alargar a oferta de habitação com uma maior intervenção da Câmara Municipal do Porto.
O partido de esquerda acredita que são precisas novas medidas: como multas para que os senhorios sejam obrigados a colocar casas no mercado, controlar o instrumento de regulação do mercado de habitação, entender quais são os aspectos negativos do turismo e controlá-los e preveni-los.
Por fim, a última proposta do Bloco de Esquerda, à qual é dado um maior destaque por parte de João Semedo, é a criação de uma taxa turística que financie atividades relacionadas com a habitação, à qual Rui Moreira votou contra.
Alexandra Cachucho da Associação dos Inquilinos do Norte, durante a conferência, explicou que não têm uma quantificação específica no que diz respeito ao número de pedidos de ajuda. A prioridade passa por ajudar as pessoas e não estar preocupado com dados estatísticos, segundo a associação. “A média que nós temos de atendimento é de 300 pessoas por mês. Este dado é dos últimos meses que não é minimamente comparável com a procura que tivemos em 2012 e 2014, sempre que há uma alteração da lei”, afirma.
Alexandra Cachucho adiantou também que as pessoas que mais pedem ajuda são os inquilinos e condóminos. Nos inquilinos, o perfil mais frequente é o do inquilino de mais idade, conclui.
Artigo editado por Rita Neves Costa