A primeira fase das obras no Mercado do Bolhão está em marcha e não interfere com o normal funcionamento nas atuais instalações, uma vez que se processa no subsolo do exterior. No entanto, como consequência da requalificação daquele mercado, em setembro, os comerciantes que lá trabalham vão ser transferidos para o piso -1 do centro comercial La Vie, a cerca de 230 passos do atual mercado. É lá onde devem ficar durante dois anos até a conclusão da obra. Rui Moreira visitou o novo espaço destinado a receber comerciantes e clientes do Bolhão.

O autarca do Porto fez questão de entrar “com o pé direito”, acompanhado por duas peixeiras do Mercado do Bolhão. O novo espaço já tem planta definida, fica a faltar a mobília (que vai ser destinada apenas àquele lugar) e a iluminação.

“Entramos com o pé direito?”

O piso -1 do La Vie tem uma área de mais de 5 mil metros quadrados e o acesso pode ser feito diretamente pela Rua Fernandes Tomás, em frente à estação de metro, ou pelo interior do centro comercial. Rui Moreira salientou as condições do espaço, de que são exemplo a existência de escadas rolantes e elevadores, além das condições sanitárias e logísticas como o armazém, uma doca e monta-cargas para o abastecimento.

O concurso público para a instalação de bancas e para o tratamento do espaço no Mercado Temporário ainda está a decorrer. Segundo Rui Moreira, esse fator pode vir a atrasar o processo. “Mas, à partida, o cronograma é este”, frisou o autarca. Isto é: mudança em setembro deste ano, um pouco mais tarde do que o calendário inicialmente desenhado peal autarquia que previa a mudança para o primeiro semestre deste ano.

Também o concurso público para o restauro e modernização do atual Mercado do Bolhão está a decorrer.

O Presidente da Câmara do Porto lembrou os locais estudados para a instalação do mercado transitório: Campo 24 de Agosto, Parque de Estacionamento da Trindade, Silo Auto ou a Casa Forte. “Sempre considerei qualquer dessas hipóteses péssima”, concluiu. Rui Moreira frisou ainda a capacidade do local escolhido para instalar todos os antigos comerciantes que tenham a intenção de transitar para o Mercado Transitório, conferindo-lhes os direitos históricos, assim como novos comerciantes “desde que se integrem nas atividades que estão previamente definidas”.

O projeto de restauro para o Mercado do Bolhão, que voltará a abrir depois de dois anos de obras como um mercado municipal de frescos, está orçamentado em cerca de 27 milhões de euros. Nuno Valentim é o arquiteto encarregue pela obra.

Opiniões divergentes

Se, por um lado, as comerciantes que visitaram o espaço acompanhadas por Rui Moreira o aprovaram, o mesmo não se pode dizer de todos os que têm banca montada no Mercado do Bolhão.

Para Ermelinda Lopes, que visitou o Mercado Temporário, o “sítio caiu como uma luva”. Albina Ferreira é da mesma opinião e afirmou estar otimista. “Quem está habituado ao Bolhão e depois se vê fechado pode estranhar. Mas acho que depois de estarmos todos juntos e com as bancas prontas, com o ambiente do Bolhão, vamos conseguir ultrapassar estes dois anos”, frisou a comerciante.

“Este sítio caiu como uma luva.”

No entanto, 230 passos adiante, as opiniões divergem. Maria Santos está no Mercado do Bolhão há mais de 60 anos e não vai mudar a sua banca para o mercado temporário, que ainda não visitou. “Estou saturada, já tenho muitos anos aqui e não posso. Eles não precisavam fazer esta mudança, podiam mudar de um lado e pôr no outro. Em 25 ou 30 anos já mudei de sítio duas vezes e eles lá arranjaram”, frisou a comerciante ao JPN.