“Diretas Já! FORA Temer” é o evento criado na rede social Facebook a convocar brasileiros a viverem na invicta para se juntarem na próxima quarta-feira, pelas 18h00, em frente à Câmara Municipal do Porto. Vivian Andrade, uma das organizadoras, disse ao JPN que o objetivo é juntarem-se a outras vozes de indignação quanto à situação política no Brasil e pressionarem para que sejam realizadas eleições diretas.
No Brasil, os protestos têm-se intensificado depois de o presidente Michel Temer ter sido “apanhado” em escutas telefónicas nas quais alegadamente apoia o pagamento de subornos por parte do empresário Joesley Batista – da empresa brasileira JBS – ao ex-deputado Eduardo Cunha e ao operador financeiro Lúcio Funaro. Os dois homens, detidos no âmbito da operação Lava Jato, estariam a receber uma mesada na prisão para ficarem calados.
Ricardo Saud, diretor de relações institucionais da JBS, em declarações às autoridades, contou que a empresa destinou mais de 500 milhões de reais para ajudar a eleger governadores, deputados estaduais, federais e senadores. Esse dinheiro, repassado através de “pagamentos dissimulados”, alimentou campanhas de 1.829 candidatos. “Demos dinheiro a 28 partidos”, contou Saud, citado pela Agência Brasil, admitindo que os mais de 500 milhões de reais [cerca de 136 milhões de euros] destinados a agentes públicos para as eleições de 2014 tinham como objetivo criar um“reservatório de boa vontade”, para que eles não os “atrapalhassem”.
Em conferência de imprensa, sem direito a perguntas, Temer já veio desmentir estas acusações e afirma que “jamais solicitou pagamentos para obter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha”.
Este acontecimento foi a “gota de água” para os brasileiros que têm pedido a demissão de Michel Temer e a realização de eleições diretas. No entanto, este último passo não é assim tão simples, pois requer uma emenda constitucional: “o maior problema que os brasileiros estão a enfrentar agora é que, caso ele [Michel Temer] renuncie ou seja deposto, dado que já passou de metade do período do mandato, que se estende até 2018, a presidência da República seria ocupada por alguém eleito indiretamente pelo congresso”, como explicou Vivian.
Para a organizadora da manifestação no Porto, é importante que seja feita essa alteração à Constituição para que possa ser o povo a decidir o próximo governo, pois “o sucessor que será eleito indiretamente já vai estar previamente inserido nos interesses do congresso e não do povo, porque já está mais do que provado que os deputados e os senadores governam para si próprios e em prol de empresas que lhes pagam subornos”.
Estão previstas mais de 120 pessoas na manifestação que vai decorrer no Porto. Em Lisboa o protesto a apelar a saída de Michel Temer da presidência do Brasil ocorreu esta segunda-feira.
Artigo editado pro Filipa Silva