“A Cidade Global – Lisboa no Renascimento” está de portas abertas no Museu Nacional de Soares dos Reis (MNSR) até 27 de agosto. A exposição organizada pelo Museu Nacional de Arte Antiga já transportou mais de 4000 visitantes para a Rua Nova dos Mercadores, descrita como “a rua mais rica do mundo” de então, servindo de ponto de partida para uma viagem no tempo à capital portuguesa.
Está presente na Sala de Exposições Temporárias do Museu Soares do Reis um vasto conjunto de objetos vindos do ‘novo mundo’ que os portugueses ajudaram a colocar no mapa do ocidente. Tapeçarias, peças decorativas em porcelana e marfim, mobiliário, pinturas que ilustram a presença de gente e animais exóticos trazidos para a Europa Renascentista, documentos manuscritos como manifestos da carga de navios, astrolábios, uma pilha de pesos que D. Manuel I implementou para normalizar as transações comerciais no reino, são apenas alguns exemplos do espólio exposto.
As peças têm origem sobretudo em África e na Ásia e eram trazidas nas naus para a Casa da Guiné e para a Casa da Índia, armazéns onde as mercadorias eram vendidas, em Lisboa. Estrategicamente planeada para estar próxima destes pontos, do Tejo, e do Palácio Real, encontra-se então a Rua Nova dos Mercadores, que atraía comerciantes de todo o mundo. Não eram vendidos apenas animais exóticos e objetos fabricados nos novos territórios conhecidos. Nesta rua era possível encontrar os mais recentes avanços científicos da época, descritos em livros raros e valiosos só ao alcance dos mais abastados.
‘Gaming’ no Museu Soares dos Reis
O MNSR propõe ao público um programa de atividades paralelo e em estreita ligação com a exposição. No dia 1 de junho há apresentação de livros infantis no âmbito do Dia da Criança. A 9, Hugo Miguel Crespo é o orador numa conferência sobre a Casa de Simão de Melo, capitão de Malaca, um importante centro de comércio na Ásia. A casa situava-se nas proximidades da Rua Nova dos Mercadores e o documento de divisão da herança do dono é uma das fontes documentais mais importantes sobre o consumo privado de produtos asiáticos no século XVI.
Há outras visitas e exposições programadas, a divulgar pelo Museu Soares dos Reis. A maior inovação trata-se de uma “Game Jam no Museu”, a 14 e 15 de julho, em parceria com o Polo das Indústrias Criativas (PINC) da UPTEC e Porto Grafic. Nesse fim de semana, os amantes dos jogos de computador são desafiados a criar um jogo que ilustre “o que era a navegação no século XVI, e até chegar aos nossos dias”, revela Maria João Vasconcelos, diretora do MNSR. Há um incentivo à participação de “gente de várias áreas”, constituindo-se equipas multidisciplinares para que aquele que seja considerado o melhor jogo seja cientificamente fidedigno e de elevada qualidade.
O museu está aberto de terça a domingo, entre as 10h00 e as 18h00. Os bilhetes custam 5 euros e dão acesso às atividades paralelas existentes no dia, sendo possível obter os descontos habituais para estudantes e seniores. No primeiro domingo de cada mês, a entrada é gratuita – e para o fim da exposição restam apenas três oportunidades de visitar o MNSR sem custos. Crianças menores de 12 anos e visitantes em comprovada situação de desemprego têm também entrada livre.
A partir de julho, o museu encontra-se aberto à quinta-feira à noite, sendo a entrada possível até às 23h00. Nesses serões há atividades programadas em parceria com a Cooperativa Árvore, que vão do cinema às conferências ou das oficinas à performance.