A palavra “deficiente” ainda carrega um rótulo significativo na identidade de muitas pessoas. Segundo os censos realizados em 2001, cerca de 636.059 pessoas tinham algum tipo de deficiência ou limitação em Portugal. Em 2011, no mesmo documento, não existiu recolha de dados para esta categoria. A professora Luciana Fernandes, o diretor da CERCI Gaia, Afonso Pereira, e o jovem Tiago foram as vozes escutadas para esta reportagem.

A consciência de igualdade e um presente e futuro que têm melhorado para as pessoas com deficiência e limitações é o cenário que se apresenta em Portugal. Desde o combate às ideias preconcebidas às campanhas solidárias, a sensibilização tem sido o caminho a seguir.

Luciana Fernandes Duque, mestre em Educação – Distúrbios do Desenvolvimento, Psicopedagoga Clínica e Pedagoga, trabalha nesta área há mais de 15 anos. Apaixonada pela profissão e pelo objetivo de promover a educação humanizada e inclusiva, expõe-nos a realidade complexa de educar crianças com deficiência ou limitações.

Na instituição em que trabalha, uma escola básica especializada em crianças com problemas auditivos, mas que também possui serviço para outras, são realizadas algumas atividades em conjunto.

As crianças que possuem alguma deficiência convivem com outras crianças que estão inseridas em salas regulares. “Percebe-se a iniciativa de integrarem estas mesmas crianças numa perspetiva de cuidado e proteção, juntamente com a intenção de ensinar as regras sociais”, acrescenta Luciana.

Para a professora, existem outros projetos em Portugal que também ajudam as crianças com deficiência a desenvolverem-se.

Quando se vai a procura de instituições que se dedicam às pessoas com limitações ou algum grau de deficiência em Portugal, encontram-se diversas plataformas ligadas à CERCI. A Cooperativa para Educação e Reabilitação de Crianças Inadaptadas, foi fundada em 1975, com uma iniciativa da FENARCERCI (Federação Nacional Cooperativa de Solidariedade Social).

A federação é também o órgão representativo das 51 CERCI´s existentes em todo o país, que estão espalhadas por todo o território nacional, desde o Norte ao Sul.

A FERNACERCI é mais conhecida pela campanha que exerce todos os anos dos pirilampos mágicos, que visa contribuir financeiramente para diversas instituições, como a CERCI. O objetivo é oferecer melhores condições para aqueles que recebem algum tipo de ajuda.

O diretor da CERCI Gaia, Afonso Pereira, diz que sem esta campanha não seria possível sustentar financeiramente as instalações da CERCI. Consequentemente, não conseguiriam ajudar estas pessoas.

A cooperativa possui diversos tipos de centros, alguns de ocupação diária, outros onde são realizados cursos especializados como é o caso da CERCI Peniche. Estes cursos dão equivalência ao 9 ºano, o chamado “Curso CREAP”.

Os alunos precisam de ter mais de 15 de anos de idade e ainda não têm o terceiro ciclo de escolaridade concluído. Os cursos apresentam vários tipos de disciplinas e têm um estágio já incluído, facilitando assim a entrada dos alunos no mercado de trabalho.

Tiago tem 18 anos e atualmente estuda na CERCI de Peniche. A tirar o curso de operador de jardinagem, o jovem explica que a maior razão de ter entrado para a instituição foi com o intuito de trabalhar no ramo escolhido.

Através da CERCI, encontrou a oportunidade para realizar aquilo de que mais gosta. Tiago fica de sorriso no rosto, quando pensa nas perspetivas de futuro que a associação lhe tem proporcionado. Na CERCI, não se sente constrangido. Aqui, o mundo é de igualdade: sem deficiências ou limitações.

N.d.r. Este artigo foi escrito por estudantes do 1º ano do curso de Ciências da Comunicação e Cultura, da Universidade Lusófona de Lisboa. Trata-se do trabalho final para a cadeira de “Géneros Jornalísticos”, um trabalho iniciado em Lisboa e terminado na redação do JPN, ao abrigo da iniciativa “Alfa Pendular”.