A criação do próprio emprego ainda acarreta alguns riscos, mas há cada vez mais jovens a aderir à tendência. As dificuldades e as dúvidas persistem, há novos apoios para o empreendedorismo e a figura do patrão já não é tão formal.

A falta de emprego, a precariedade e a vontade de trabalhar na área em que se profissionaliza são alguns dos aspetos que levam os jovens a criarem o próprio emprego. O JPN tentou recolher algumas opiniões acerca do tema, junto de quem arriscou no negócio da sua vida e de quem apoia os novos empreendedores. Desde a dificuldade em lidar com as finanças até aos apoios crescentes na área do empreendedorismo, os jovens escolhem (cada vez mais) serem patrões de si mesmos.

Carla Cunha, maquilhadora profissional.

Carla Cunha, maquilhadora profissional. Carla Cunha

A questão que se coloca é este: “Há apoios suficientes para a criação do próprio emprego?”. Carla Cunha, maquilhadora profissional, revela que teve muita dificuldade em  conseguir trabalhar por conta própria. “O meu trabalho funciona muito por estação, ou seja, trabalho muito no verão e no inverno estou um bocadinho mais parada”.

A maquilhadora profissional explicou que, quando trabalhava só como maquilhadora de noivas, o rendimento de maio a outubro, tinha que dar também para os meses de novembro a abril. “Nesse sentido, e com os impostos que temos que pagar, porque também temos que pagar IRS e IVA, não é fácil trabalhar por conta própria”, confessa.

Quando questionada sobre que conselho daria aos jovens que pretendem lançar-se como trabalhadores independentes, Carla Cunha respondeu: “O meu maior conselho é estarem atentos às regras da segurança social e das finanças”, alerta.

Os trabalhadores a recibos verdes estão isentos de pagar contribuições para a Segurança Social durante o primeiro ano da sua atividade.

O início da carreira, como trabalhadora independente, não começou da melhor forma para esta maquilhadora profissional.“Quando me dirigi às finanças para saber mais informações sobre o ano de isenção, disseram-me para não me preocupar, que não teria que pagar nada. Não mencionaram o facto que não poderia ultrapassar um certo valor, em suma, no final do ano tiver que pagar o IVA e o IRS”.

Fátima São Simão, diretora do desenvolvimento do UPTEC.

Fátima São Simão, diretora de desenvolvimento do UPTEC.

No intuito de perceber que tipos de apoio é que os jovens podem ter na criação do próprio emprego, o JPN contactou a diretora de desenvolvimento da UPTEC (Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto), Fátima São Simão, que explicou qual o papel da entidade na área do empreendedorismo e da criação do próprio emprego.

“Nós trabalhamos duas frentes essenciais: uma delas é a captação do interesse destas empresas e a aproximação delas ao centro de investigação da Universidade do Porto e a outra é a promoção destas startups e fazemos isso através do programa da incubação” clarifica a diretora de desenvolvimento da UPTEC.

Fátima São Simão explica que a partir do momento em que a empresa está constituída integra as instalações do UPTEC, onde permanece durante três anos a desenvolver o seu negócio e a beneficiar de toda a rede.

“O Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto [UPTEC] é uma estrutura da Universidade do Porto que cria condições para apoiar a criação de Spartups” explica Fátima São Simão.

“Nós apoiamos desde o desenvolvimento do negócio, sejam questões estratégicas, sejam questões mais práticas do dia-a-dia da empresa, até à criação das relações com outras empresas, com a universidade e com outros parceiros”, esclarece.

Quando questionada sobre se existem ou não apoios suficientes em Portugal, Fátima São Simão garante que sim. “Nota-se diferença, antes as pessoas para criarem a própria empresa estavam sozinhas. Algumas empresas que chegam até nós vindas de outros espaços, acabam por querer vir para aqui, porque se sentem muito mais apoiadas”, conclui.

Artigo editado por Rita Neves Costa