Na sua sexta edição na cidade do Porto, o NOS Primavera Sound atingiu a maior enchente, com cerca de 80 mil pessoas, de mais de 60 nacionalidades, no conjunto dos três dias do evento. O festival regressa ao Parque da Cidade nos dias 7, 8 e 9 de junho de 2018, e o seu diretor executivo, José Barreiro, afirmou que há espaço para melhorar as condições.

Depois de no dia 9, sexta-feira, o festival ter esgotado a lotação, com 30 mil pessoas no recinto – mais quatro mil que a lotação máxima permitida na edição anterior -, José Barreiro faz um “balanço positivo”. “Provou-se que este recinto comporta as 30 mil pessoas e faz-nos pensar que em próximas edições estaremos à vontade para que as 30 mil pessoas se repitam pelos três dias. As palavras de Bon Iver, ontem à noite, para mim são as palavras do festival: ‘Este é o festival com maior classe do mundo’”, disse em conferência de imprensa.

José Barreiro revelou que a capacidade já tinha sido aumentada no ano passado e que não vai sofrer mais alterações. “O NOS Primavera Sound tem crescido porque é apresentado como um festival diferentes dos outros. Essa diferença, muitas vezes, está no conforto que oferecemos às pessoas”, afirmou, considerando ainda que esta edição de 2017 não teve “nenhum exagero de filas para os serviços principais do festival”.

O representante da marca do Primavera Sound de Barcelona, Alfonso Lanza, revelou que o festival volta ao Porto nos dias 7, 8 e 9 de junho do próximo ano, e considerou que, no Porto, o festival mantém a sua essência.

“Um evento que hoje em dia muitas cidades europeias gostariam de acolher. Mas estamos encantados com a decisão, sentimo-nos em casa e precisamos também do apoio da NOS e da Câmara para que o Primavera fique no Porto”, disse Alfonso Lanza.

O representante da edição de Barcelona deixou também uma palavra ao público: “Gostaria de agradecer ao público do Primavera Sound. É evidente que foi o ano com mais resposta do público, principalmente num ano em que o alinhamento do cartaz era mais arriscado, menos óbvio”.

O discurso do administrador executivo da Porto Lazer, Nuno Lemos, virou-se para as questões ambientais e para a preocupação em cuidar do Parque da Cidade: “É claramente um exemplo da simbiose entre a música e a natureza. Este local é um local emblemático. É com muito gosto que recebemos um festival com esta dignidade. Salientar o papel do espaço e a sustentabilidade do mesmo. Existem cada vez mais preocupações de o tornar mais natural, com preocupações ligadas com a sua sustentabilidade”.

Nuno Lemos prometeu que a Câmara Municipal iria continuar a assumir este compromisso “ao longo dos anos”. Revelou ainda que passaram pelo parque da cidade mais de 60 nacionalidades.

Aposta falhada e cartaz arriscado

O diretor executivo do festival foi confrontado com as longas filas que se verificaram nas casas de banho. José Barreiro considerou que a aposta num novo tipo de casas de banho – pela primeira vez estiveram ligadas à rede de esgotos – acabou por “não funcionar bem” e que “quando se arrisca, quando se quer inovador, nem sempre se ganha”.

“Não queremos transformar o Parque da Cidade numa concentração de edifícios, de bares e de casas de banho. Em próximas edições teremos que melhorar”, afirmou o diretor executivo, que mesmo assim afirmou que as filas vão sempre existir em locais com concentrações de pessoas. “Há que conciliar as duas partes: a organização e o público. Se há coisa que nós temos feito bem ao longo destas seis edições é corrigir os defeitos das edições anteriores”, disse.

José Barreiro considerou que um cartaz sem grandes nomes de destaque dá “a tranquilidade de estar a fazer as coisas bem”, algo, a seu ver, que é dificilmente replicável nos outros festivais em Portugal.

“É um público exigente e não podemos, nem de perto nem de longe, programarmos aquilo que quisermos. Queremos é que cada Primavera seja o reflexo do que melhor se faz na música e acho que esta edição é paradigmática nesse aspeto”, concluiu.

Artigo editado por Filipa Silva