À boleia do COM-Convívio Multicultural, que é realizado no sábado, o JPN foi tentar saber mais sobre o que faz a equipa do Porto da Refugees Welcome Portugal. Inscrições fecham esta quinta.

Um prato de comida ou uma bebida para partilhar são o equivalente ao bilhete de entrada no COM-Convívio Multicultural, cuja primeira edição acontece no sábado, na Rua de Álvares Cabral, no Porto. Isso é um registo prévio, também ele obrigatório, e que encerra às 23h00 desta quinta-feira.

A organização é da equipa do Porto da Refugees Welcome Portugal (RWP) e tem como principal objetivo aproximar a estrutura daqueles que são a razão da sua existência: “esperamos poder proporcionar um momento de lazer e convívio e dar a conhecer às associação e principalmente aos refugiados que existimos, que temos uma equipa de pessoas disponíveis e com muita vontade de usarem as suas capacidades para ajudar no que for preciso”, descreve ao JPN Rita Himmel, da organização.

A RWP foi criada no Porto um ou dois meses depois de ter surgido em Lisboa, no outono de 2015. A missão passa por apoiar refugiados “procurando mitigar, no que for possível, as dificuldades de adaptação a uma realidade diferente”. Criar aquilo que chamam de “cultura de boas-vindas”.

“Uma boa maneira de quebrar barreiras, fomentar o convívio e combater o frequente isolamento de algumas das famílias acolhidas”.

A fase inicial do projeto, não imune a algumas dificuldades, passou sobretudo por tentar criar uma rede de contactos e por perceber como e quem poderiam ajudar. Neste momento, a organização conta com 25 voluntários de diferentes contextos: “estudantes, psicólogos, advogados, artistas”.

Em março deste ano, participaram no “Mãos na Massa”, no polo da Foz da Universidade Católica, um evento semelhante ao que têm preparado para este sábado. Nessa altura perceberam que o modelo, envolvendo também o público em geral, é “uma boa maneira de quebrar barreiras, fomentar o convívio e combater o frequente isolamento de algumas das famílias acolhidas”.

“Para além disso, achámos que seria um contexto bom para uma conversa informal tanto com as associações de acolhimento como com os refugiados para percebermos a melhor forma de sermos úteis com as valências que temos”, explica Rita Himmel.

É ainda um momento propício à captação de reforços. E o contributo dos próprios refugiados seria fundamental. “Talvez algum dos nossos convidados se queira juntar à equipa. Pessoalmente, penso que seria uma tremenda mais-valia ter refugiados na equipa”.

Para a existência de projetos como o RWP é essencial o conhecimento mútuo. Só assim se adequam os serviços às necessidades. Só assim se chega a quem esses serviços se destinam.

“Gastámos bastante tempo, inicialmente, a procurar fazer um levantamento da realidade na zona do Grande Porto: quem eram os refugiados (não só os acolhidos no âmbito da PAR mas principalmente os já sem estrutura oficial de acolhimento), onde estavam, do que precisavam, angariar proprietários para o caso de nos surgir um pedido mais urgente de partilha de casa (que é o núcleo central do projecto RWP)”, conta Rita.

Daí participaram em sessões de informação, eventos dedicados ao tema, reuniões com entidades do meio e conversas informais com algumas famílias, para chegarem a quatro focos, pelos quais passa o essencial do trabalho agora desenvolvido. O apoio na habitação, o ensino de português, atividades de cultura e lazer e o apoio à empregabilidade, um ponto-chave na visão da associação.

Além destes, e graças às valências de membros da equipa e de parceiras, a RWP do Porto oferece ainda a possibilidade de prestar apoio psicológico e apoio jurídico através de uma parceria com um escritório de advogados.

Sobre a atual situação dos refugiados no Grande Porto, a organização considera que é cedo para fazer um diagnóstico. “Queremos e planeamos fazer um levantamento exaustivo, inquirindo as associações que têm acolhido os refugiados e trabalhado na área mas, principalmente, e antes de mais, ouvindo as próprias pessoas com esse estatuto”, conclui Rita Himmel. “Para já, penso que seria demasiado precoce.”

O COM-Convívio começa às 11h00 de sábado, no rés-do-chão do número 263 da Rua de Álvares Cabral e vai ter animação musical e para crianças. “Queremos criar uma conversa, estreitar laços e, lá está, no espírito do projecto ‘construir uma cultura de boas-vindas’”, resume Rita Himmel.