Para o presidente da Câmara do Porto, “o Governo tomou a decisão certa” quando decidiu, na manhã desta quinta-feira, em reunião do Conselho de Ministros, candidatar a cidade do Porto ao acolhimento da sede da Agência Europeia do Medicamento (EMA, na sigla inglesa).

O presidente da Câmara do Porto chamou os jornalista à autarquia para saudar o Governo: “Muitas vezes voltar atrás nas decisões não é fácil, mas quando assim é devemos agradecer”, referiu.

O Governo decidiu, em abril, que Lisboa seria a cidade portuguesa a concorrer, ao nível europeu, pela relocalização da EMA. Mas depois de algumas vozes se levantarem a Norte contra a decisão – do candidato do PSD à câmara, Álvaro Almeida, à autarquia, passando pela concelhia do Porto do Partido Socialista – o Governo decidiu recuar na decisão inicial e considerar a possibilidade de eleger o Porto, cidade que viria agora a escolher.

“Nós tínhamos tudo pronto. Ou seja, aquilo que temos vindo a fazer através do InvestPorto e do nosso gabinete de atração de investimento permitia-nos muito rapidamente apresentar uma candidatura musculada”, declarou Rui Moreira.

“Agora temos de preparar uma grande candidatura para que isto não seja apenas uma questão nacional e se transforme numa opção vencedora a nível internacional”, acrescentou ainda.

O autarca do Porto reconheceu que o fator da dispersão geográfica – Lisboa já acolhe duas agências europeias -, fortemente valorizado pela Comissão em atribuições desta natureza, beneficiou a cidade do Porto face à candidatura lisboeta.

Cursos de pós-graduação em preparação

Quanto aos trunfos, Rui Moreira destacou fatores como a qualidade de vida e o custo de vida da cidade, as instituições ligadas ao conhecimento e à investigação e o facto de possuir localizações que servem os propósitos da EMA.

“Temos de ser capazes de mostrar que o menu que temos é o melhor menu. É o trabalho que Portugal tem de fazer”, disse ainda.

Eurico Castro Alves, um dos dois representantes da autarquia na Comissão Nacional de Candidatura, elogiou a equipa camarária pela qualidade técnica dos argumentos apresentados e voltou a mostrar otimismo em relação a uma decisão favorável a Portugal.

O antigo secretário de Estado da Saúde assegurou ainda que há na cidade várias localizações possíveis para instalar a EMA, mas não foram avançados exemplos.

Já em relação aos Recursos Humanos – a agência é uma das maiores da União, com cerca de 900 funcionários – Castro Alves revelou que já estão a ser trabalhados com a Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto e com a Universidade Fernando Pessoa “cursos de pós-graduação da área de regulação do medicamento e de dispositivos médicos no sentido de termos pessoas formadas para colmatar falhas que venham a ocorrer”, referiu. Por esta via, podemos estar a falar em “algumas dezenas de postos de trabalho”.

O atual presidente da Área Metropolitana do Porto, Emídio Sousa, justificou o envolvimento desta entidade desde o primeiro momento pela importância que a EMA terá para toda a região, caso o Porto venha a ser eleito: “Mais importante do que alguns milhões de fundos comunitários é que a coesão europeia se faça também com este tipo de investimentos, com este tipo de serviços de valor acrescentado”.

O Governo português tem até ao final do mês de julho para apresentar a sua candidatura. O Porto vai concorrer com duas dezenas de cidades europeias para acolher a agência vai ter de deixar Londres na sequência do Brexit. A decisão da comissão deve ser conhecida em novembro.