Em dia de decisões a Norte, a condição era só uma: a bola tinha mesmo de entrar numa das balizas do Bessa. Entrou mais uma vez para o Braga do que para o Boavista e, por isso, a fase de grupos da Taça CTT é dos de Abel Ferreira.

O jogo esteve assim-assim até ao cronómetro marcar uma dezena de minutos. Nessa altura, Rochinha entregou a bola a Renato Santos que, isolado em zona frontal, pontapeou do meio da rua e inaugurou o marcador para os da casa. 1-0 para o Boavista.

Depois, foi uma questão de tempo. Os cantos bracarenses, ora da esquerda ora da direita, acumulavam-se. Os livres, ora uns metros à frente ora uns metros mais atrás, iam no mesmo sentido. Nestas andanças, Fábio Martins, taco a taco com Rossi, converteu em golo um cruzamento de Paulinho. Estava feito o empate.

O mesmo Paulinho que cabeceou à trave aos 35. O mesmo Fábio Martins que apareceu – outra vez – para finalizar, em jeito de cabeceamento, por cima da trave.

Antes da pausa houve até tempo para um confronto no alfabeto. O boavisteiro Mateus – sem “h” – rematou com uma boa dose de perigo à baliza do bracarense Matheus – com “h”. Não deixa de ser verdade que a bola saiu pela linha de fundo, mas lá que foi um bom prenúncio para a segunda parte, foi.

Dois golos: um válido, outro não

Uma entrada de pulso firme do Braga e uma sequência de dois lances perigosos marcaram o arranque dos últimos 45 minutos. Sequeira e Paulinho até estavam sintonizados com a baliza de Vagner, mas um atraso de segundos do ex-Gil Vicente não deu o golo aos minhotos; o poste esquerdo da baliza de Vagner esteve no meio do remate de pé cheio de Paulinho – na sequência de uma assistência de Esgaio – e do fundo das redes.

Somar mais um golo bracarense ao marcador não se adivinhava tarefa fácil. O árbitro Rui Oliveira anulou, por fora de jogo, um golo a Paulinho, quando já lá iam 30 minutos de jogo. O internacional sub-21 também não converteu quando a bola de Fransérgio lhe chegou às chuteiras.

A verdade é que se a história parece estar sempre a falar dos mesmos, há um outro protagonista a mencionar. Um jovem de 25 anos de nome Renato Santos. O avançado não descansou enquanto a sua assinatura não esteve em cada metro quadrado do relvado e, em posição frontal à baliza, rematou tenso e colocado para Matheus defender.

Quis a assistência na direita de Danilo e o talento de Paulinho que os adeptos do Braga gritassem golo pela segunda vez. Não eram muitos. Não enchiam a bancada, mas também não se contavam pelos dedos. Foram os suficientes para criar um ambiente de vitória, quase silenciado pelo suspeito do costume, Renato Santos, aos 89 minutos.

De qualificação para a fase de grupos da Taça CTT assegurada, o plano dos minhotos passa, agora, por esperar pelo dia do sorteio para ficar a conhecer os restantes emblemas. A final four vai ser disputada, de 20 a 27 de janeiro, no Minho.

“Conscientes de que o caminho está no bom sentido”

Palavras apertadas de convicção e o resumo do encontro por Miguel Leal: “O Boavista fez aquilo que tinha de fazer. Perdemos, mas do ponto de vista tático, técnico e mental fomos aquilo que, neste momento, somos capazes de ser. Por isso, apesar de tristes com a derrota, estamos conscientes de que o caminho está no bom sentido.”

O que falhou? O técnico aponta para a experiência. “Tenho um grupo jovem, com muita cultura diferente. Ainda temos muito que caminhar.” O plantel de Miguel Leal não encontrou a felicidade, mas reconheceu que o Braga foi “uma equipa muito forte e com mais ritmo.”

“As vitórias vão cimentando tudo aquilo que é o processo”

Em conferência de imprensa, Abel Ferreira garantiu que há em Braga “o compromisso de lutar pelas vitórias até ao último segundo.” E, na ótica do técnico, foi isso que o plantel demonstrou no Bessa: “hoje fizemos um jogo muito bem conseguido, já com uma boa dinâmica coletiva ofensiva e defensiva. A minha missão enquanto treinador é encontrar internamente soluções para continuar com uma equipa competitiva.” Soluções vitoriosas encontradas “frente a um adversário competitivo que, seguramente, queria estar na fase de grupos da Taça da Liga.” “As vitórias vão cimentando tudo aquilo que é o processo de construção de uma equipa competitiva e vencedora”,

No que diz respeito à rotatividade no plantel e aos novos reforços, Abel Ferreira garante que está em Braga “para ajudar todos os jogadores que demonstrem, todos os dias, que querem pertencer a esta família e que estarão sempre disponíveis para jogar seja quando for, seja onde for, seja com quem for, com um único objetivo: lutar até ao último segundo para vencer o jogo.”

 “Foi uma exibição personalizada. Uma exibição à Braga”

Fábio Martins voltou a Braga, depois de uma viagem de uma época por Chaves, para ser um dos protagonistas no encontro que considerou ser “uma exibição personalizada. Uma exibição à Braga.” Contudo, a avançado lamentou a infelicidade minhota de “sofrer um golo num lance ocasional.”

O camisola 26 não é o único avançado no lote bracarense: “tenho que trabalhar, fazer o meu, lutar pelo meu espaço e, é isso, que vai acontecer.” A chegada de reforços que podem ocupar o espaço do minhoto na equipa é, para Fábio Martins, um acréscimo de “qualidade que é sempre bem-vinda para o plantel.”

Artigo editado por Filipa Silva