A exploração sustentável da zona económica exclusiva portuguesa é indispensável para o crescimento económico do país. Esta foi uma das principais conclusões do 3º encontro do Fórum do Outono, que reuniu dezenas de personalidades nacionais ligadas a instituições e empresas de diversos setores económicos na Biblioteca Almeida Garrett, no Porto.

Em debate estiveram as potencialidades do mar na produção de energia e a utilização dos portos e transportes marítimos em aspetos como segurança, navegação autónoma, monitorização, logística, entre outros.

António Nogueira Leite, presidente da Fórum Oceano, associação sem fins lucrativos que visa a promoção do desenvolvimento da Economia do Mar, defendeu a importância de “aproveitar a enorme plataforma de Oceano Atlântico” que Portugal tem sob a sua jurisdição, bem como “acelerar a dinâmica de colaboração e atrair novos investidores” para que o conhecimento que existe “possa ser alavancado e gere a prazo mais emprego e mais riqueza.”

Nogueira Leite reconheceu que o Estado tem dado uma importância cada vez maior ao setor, ainda que, por vezes, não tenha “meios” para o fazer. Por outro lado, considera que “o setor privado está relativamente depauperado” e que o investimento privado nesta área é quase inexistente.

Manuel Heitor, ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, esteve presente no encerramento do Fórum e admitiu que Portugal ainda tem um longo caminho para percorrer, sendo que neste momento apenas investe 1,3% da sua riqueza produzida em investigação e desenvolvimento.

O objetivo é, até 2030, atingir um investimento de 3% do PIB. “Conseguirmos isso é tornarmos Portugal um país verdadeiramente inovador, uma referência na Europa”. “Ensinar, investigar, inovar” são fatores-chave para o ministro, determinantes para o crescimento social e económico do país.

Um exemplo da importância da investigação no crescimento económico é a Alma Design, uma empresa centrada no design de produto e em gestão de design, que coopera com a Fórum Oceano.

Rui Marcelino, um dos fundadores da empresa, considera que alguns projetos de investigação e desenvolvimento que estão atualmente nos mercados permitiram à sua empresa “ganhar competências para depois gerar produtos” e representam um “acréscimo de valor para a economia e para os cidadãos.”

O representante da Alma Design é da opinião que o setor ligado ao mar precisa de um “empurrão” para chegar onde outros setores se encontram atualmente, não bastando a Portugal ter créditos e confiança na área, dado o seu “passado histórico neste setor”.

Rui Marcelino salienta a importância da dinamização de parcerias estratégicas e a colaboração entre parceiros, às quais se pode juntar a criação de economias de escala ou a competitividade a nível internacional.

E para sermos competitivos e atrativos “é preciso estarmos informados”, uma vez que o investimento nestas áreas vem, maioritariamente, do exterior, reforçou José Manuel Mendonça, presidente do INESC TEC.

O investigador sublinhou que “a ignorância nunca é boa num negócio. Temos de estar apetrechados com conhecimentos técnicos e científicos para podermos saber o valor das coisas e conseguirmos negociar, mesmo que precisemos de outros investidores e outras empresas estrangeiras para explorar esse oceano que é nosso”.

O painel de abertura da conferência contou com Pedro Guedes de Oliveira, professor emérito da Universidade do Porto (UP) e membro da direção do INESC TEC, e com Maria João Ramos, vice-reitora da UP, que frisaram a importância que este tipo de eventos têm para a universidade e para a sociedade em geral.

Nogueira Leite, da Fórum Oceano, afirmou também a importância de eventos como o Fórum do Outono por reunirem “um conjunto de entidades que, ao expressarem aquilo que fazem e ao se conhecerem melhor, podem criar uma dinâmica colaborativa mais interessante, que depois tenha resultados práticos em termos de criação de projetos novos.”

Foi o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior que encerrou o Fórum, reconhecendo o INESC TEC como um exemplo de inovação e de trabalho que promove a ciência em Portugal, e sublinhando a importância de serem criados mais institutos idênticos no país.

O Fórum INESC TEC do Outono, cuja primeira edição decorreu no ano de 2015, é um encontro anual de debate de temas de interesse público, tanto da perspetiva da economia como das políticas públicas, entre os quais ciência e tecnologia. O evento procura ser um espaço onde se colocam “em confronto a sociedade civil, os agentes económicos, as entidades públicas, bem como o sistema nacional de ciência e ensino superior”.

Artigo editado por Filipa Silva