Quando se entra no edifício da Alfândega do Porto, o cartaz da exposição de Steve McCurry salta logo à vista. No último piso do edifício, onde a retrospetiva do trabalho do fotógrafo norte-americano vai ficar patente até ao final do ano, encontramos uma mostra ainda em fase final de montagem.

A inauguração estava prevista para este sábado, mas problemas técnicos relacionados com a iluminação adiaram a abertura oficial para segunda-feira, dia 16.

Pouco importa. As fotografias do fotógrafo norte-americano, autor da famosa capa da “National Geographic” com a “Menina Afegã”, falam por si. E para nós.

Na entrada, encontramos fotografias ainda não publicadas, resultantes da sua primeira reportagem no Afeganistão em 1979/80, durante a invasão soviética, e que demonstram o pior e o melhor do ser humano. O lado religioso, o lado violento, o desespero, a descrença. Os trabalhos a preto e branco intensificam as cenas, os sentimentos, o momento, apesar de Steve McCurry o conseguir fazer noutros trabalhos a cores.

Passado o primeiro corredor, a desordem, os momentos, as cores e os olhos das pessoas representadas nas fotografias perseguem-nos. Lançamos uma vista panorâmica sobre todos os trabalhos: os já expostos, os que estão no chão, os que se encontram totalmente embrulhados e os que já foram parcialmente revelados por rasgões na sua proteção.

Por todo o lado existem ferramentas, fitas métricas e cordéis de aço que ajudarão a suportar o peso das quadros. As medições são feitas, os trabalhadores sobem para o elevador portátil para colocarem os trabalhos do fotógrafo de 67 anos no destino. Ao mesmo tempo, curiosos tiram fotografias e miram as obras embrulhadas.

Se por um lado, McCurry consegue captar a essência do ser através dos olhos, por outro a conjugação do ser humano com o cenário que o envolve chega a ser de cortar a respiração.

Cores não faltam, os retratos são todos singulares. McCurry já calcorreou o mundo: do já citado Afeganistão à Índia e ao Sudoeste Asiático, passando por África, Cuba, Itália, Brasil. Captou o ataque às Torres Gémeas a partir do seu escritório – e essas duas fotografias espelham bem o horror do momento -, captou a Guerra do Golfo, o Japão pós-tsunami, o drama das crianças-soldado e muitos outros momentos que fazem parte da história recente da humanidade.

A exposição “The Wold of Steve McCurry” está pela primeira vez em Portugal depois de ter passado por Itália – onde esteve mais de um ano e teve mais de um milhão de visitantes. Antes de chegar ao Porto, a mostra também passou pela capital da Bélgica e depois da Invicta vai partir para o país vizinho, mais concretamente para Barcelona e Madrid. Com curadoria de Biba Giaccheti, a exposição resulta de uma coprodução Civita Mostre, SudEst e Tempora.

As entradas para adultos custam 11 euros e para crianças 7 euros, mas se for com a família (duas crianças incluídas) o grupo paga 32 euros. Nos dias úteis, pode visitar a exposição das 9h00 às 18h00, aos fins de semana e feriados das 10h00 às 19h00.

 

Artigo editado por Filipa Silva