No Estádio António Coimbra da Mota defrontaram-se, esta sexta-feira, as duas surpresas da Taça de Portugal pelas piores razões: o Boavista, eliminado pelo Vilaverdense, e o Estoril, eliminado pelo Farense. A equipa do Porto saiu por cima com uma vitória clara, por 0-3, aprofundando o mau momento que se vive no clube da Linha.

O Boavista apresentou o mesmo onze que disputou o jogo que ditou a surpreendente eliminação, tal como Jorge Simão havia avisado na antevisão da partida.

Do lado do Estoril, quatro alterações: saíram Kleber – por suspensão, graças ao vermelho que viu no jogo frente ao Farense -, Graça, Kyrakiou e Tocantins, por opção técnica; entraram José Moreira, Abner, Allano e Matheus Índio.

Boavista dominador sob a batuta de Renato Santos

Os axadrezados entraram em campo focados em esquecer a Taça de Portugal e dar seguimento à boa fase que atravessam no campeonato desde a chegada de Jorge Simão. Logo aos 3 minutos surgiu a primeira boa oportunidade para o Boavista. Renato Santos aproveitou uma bola perdida que sobrou de um corte deficitário de Lucão para fazer Moreira ter um arrepio na espinha. Aos 7 minutos, um grande passe de Talocha descobriu Renato Santos. Este procurou cruzar para Rui Pedro, mas valeu Gonçalo Brandão a evitar a finalização do avançado emprestado pelo FC Porto.

Só se via Boavista na partida, que orientava grande parte dos seus ataques pelo lado direito, onde aparecia o inspirado Renato Santos. O Estoril, incapaz de responder, ia provando porque é último classificado, em igualdade pontual com outras três equipas. Com justiça, o golo acabaria por chegar para as panteras.

No seguimento de uma falta à entrada da área sobre Renato Santos, Carraça castigou os canarinhos. Tudo indicava que seria David Simão a bater o livre. A corrida de Carraça para a bola não foi levada a sério por Moreira, que ficou pregado ao chão a ver a bola entrar na sua baliza.

A equipa da casa parecia ter acordado depois do golo sofrido, com Lucão e Evangelista a forçarem Vagner a aquecer as luvas. Mas rapidamente se dissipou o ímpeto ofensivo estorilista, que apesar de passar agora mais tempo no meio-campo adversário não conseguia aproximar-se para criar jogadas de perigo.

Ao minuto 32, um erro grave de Wesley faz com que David Simão recupere a posse de bola para o Boavista e lance a corrida de Fábio Espinho. Este, serve Rui Pedro para o seu primeiro golo com a camisola axadrezada. Boa finalização do jovem avançado. O erro de Wesley, acompanhado por outras más decisões do médio, valeram-lhe a saída ainda na primeira parte, para dar lugar a Eduardo.

Agora a perder por 2-0, o Estoril viu-se ainda mais obrigado a subir linhas para assumir o jogo, abrindo a oportunidade ao Boavista de explorar os contra-ataques para criar desequilíbrios. Foi nesta conjuntura que o jogo chegou ao intervalo e assim se manteria o jogo durante toda a segunda parte.

Axadrezados controlam o jogo sem bola

O Boavista controlou o jogo dando bola ao Estoril, depositando toda a pressão na equipa adversária, que, pouco esclarecida, não criava perigo. Os constantes erros individuais dos jogadores canarinhos facilitavam a missão do Boavista, que pouco tinha de fazer para chegar com perigo à baliza adversária, face ao desequilibro defensivo que as linhas subidas provocaram no Estoril.

Quanto a jogadas de perigo na segunda parte da equipa da casa, nota apenas para o cabeceamento de Bruno Gomes ao minuto 60.

O jogo aproximava-se do fim e os cada vez mais frequentes erros do Estoril iam fazendo com que o Boavista fosse apanhando a equipa de Pedro Emanuel em contra-pé. No seguimento de um desses contra-ataques, aos 90′, há canto para o Boavista. Tudo indicava que esse canto seria aproveitado para manter a bola nessa zona do terreno, com o objetivo de fazer o relógio avançar. Tal não aconteceu: David Simão descobriu Kuca, que fez um grande golo para acabar com quaisquer dúvidas sobre o desfecho do jogo. O cabo-verdiano não festejou, face ao historial que tem com o clube canarinho.

No final do jogo o marcador indicava uns expressivos 3-0. Vitória justa dos axadrezados que souberam ler o jogo e aproveitar-se do mau estar anímico da equipa estorilista, que soma agora a oitava derrota consecutiva, a sexta para a Liga. Seis pontos e último lugar do campeonato para o Estoril Ainda assim, no final do jogo, os adeptos da equipa da casa cumprimentaram os jogadores, reforçando o seu apoio nesta má fase.

Do lado do Boavista, as três vitórias e um empate desde que Jorge Simão assumiu o leme da equipa fazem com que esta ascenda, à condição, ao sétimo lugar, ficando assim a seis pontos de um lugar europeu.

 

“Vitória perfeitamente justa”

Jorge Simão voltou a falar da confiança que tem na sua equipa, explicando novamente o porquê de ter mantido o onze que foi eliminado da Taça de Portugal pelo Vilaverdense: “Quem esteve lá e viu o jogo percebeu que o Boavista dominou completamente o jogo, só não conseguiu materializar esse domínio em golos”, afirmou.

Ainda sobre o jogo da Taça de Portugal, o treinador do Boavista desvalorizou as notícias das agressões no final da partida, afirmando que o descontentamento de que foi alvo é algo perfeitamente natural e negando as notícias de que o treinador fora atingido por uma garrafa. Sobre o jogo frente ao Estoril, no entender de Jorge Simão a vitória foi “perfeitamente justa de uma equipa que dominou completamente o jogo”

“O mais fácil era pôr o meu lugar à disposição”

No final do jogo, Pedro Emanuel lamentou o mau-estar anímico da equipa que no seu entender dificultou muito a tarefa na partida. “O mais fácil era pôr o lugar à disposição”, disse quando questionado sobre a sua continuidade, mas reforçou o seu compromisso com a direção e adeptos do Estoril e afirmou que não o iria fazer. “Amanhã é um novo dia, iremos analisar a situação e ver que caminho queremos trilhar e definir o melhor para o Estoril”, rematou.

Na próxima jornada, o Boavista recebe o FC Porto em mais um derby da cidade do Porto.  Já o Estoril desloca-se a Paços de Ferreira.

Artigo editado por Filipa Silva