À entrada para a partida só a vitória interessava ao Porto, por ser a única maneira de garantir a qualificação para a próxima fase da Liga dos Campeões sem ter de esperar por resultados noutros campos. Sérgio Conceição quis fazer entrar Ótavio para render o castigado Sérgio Oliveira, mas uma lesão do brasileiro no aquecimento fez saltar André André para o onze e Miguel Layún, não convocado, para o banco.
O Mónaco entrou no jogo já sem hipóteses de sair do último lugar do grupo G. Leonardo Jardim já tinha avisado antes do jogo que iria lançar jovens jogadores e assim o fez. Comparativamente ao último jogo dos franceses, saíram Subasic, Fabinho, Sidibé, João Moutinho, Keita Baldé e Falcão; entraram Benaglio, Touré, Meite, Rony Lopes, Ghezzal e Carrillo.
Mónaco à espera do erro de um adversário pressionado
A pressão estava toda do lado do Porto e o Mónaco sabia disso. Os franceses entraram em campo com o único objetivo de explorar os erros de um adversário que seria o único do jogo a procurar ativamente um resultado. A estratégia parecia estar a resultar: os azuis e brancos iam mostrando algum nervosismo nos minutos iniciais.
No entanto, os primeiros a errar foram os franceses, e bem cedo na partida: Aboubakar surgiu solto de marcação na sequência de um lance de bola parada e inaugurou o marcador aos 8 minutos. Com o golo sentiu-se imediatamente o alívio dos portugueses, percetível na forma agora mais descontraída com que construíam o seu jogo. Apenas quatro minutos passados e Aboubakar já podia ter feito o segundo, em resposta a um cruzamento de Alex Telles.
O génio de Aboubakar
Com o passar do tempo, o jogo foi acalmando, como convinha ao FC Porto. Do outro lado, um Mónaco sem razões para ambicionar um resultado melhor manteve a sua estratégia de esperar pelo adversário e responder ao que este fizesse. Assim parecia que iria continuar o jogo, até que ao minuto 33, num contra-ataque, Aboubakar faz o segundo do jogo e da conta pessoal, muito por culpa da excelente visão de jogo de Danilo.
O ritmo de jogo depois do segundo golo subiu e os ânimos aqueceram. Numa altura em que o Mónaco partia em contra-ataque, um desentendimento entre Ghezzal e Felipe levou a que ambos fossem expulsos. Para evitar ficar descompensado defensivamente, Sérgio Conceição fez sair André André e entrar Diego Reyes.
A passividade monegasca era tal que só ao minuto 42 a equipa conseguiu fazer o primeiro remate à baliza, por Rony Lopes.
Em cima do intervalo, o FC Porto faz o terceiro golo. Foi Brahimi o marcador, mas o passe de Aboubakar que descobriu o argelino na esquerda é mais que meio golo. Que grande primeira parte fez o camisola 9 do FC Porto.
Porto ambicioso, Mónaco a deixar jogar
Na segunda parte, os dragões não mostraram vontade de dormir na sombra da vantagem alcançada na primeira parte e continuaram a procurar dilatar a vantagem. E parecia poder correr esses riscos: estava a jogar contra uma equipa sem ideias e que, mesmo estando a perder por 3-0, não desmontou a estratégia de esperar passivamente o erro adversário com que entrou no jogo.
O erro que o Mónaco tanto esperou chegou aos 61 minutos, quando Marcano jogou a bola com o braço dentro de área. Coube ao defesa polaco Glik bater a grande penalidade e fazer o 3-1.
O alívio no marcador durou apenas 3 minutos. Aos 64′ Alex Telles, com um grande remate de fora da área, repôs a vantagem de três golos no marcador. A bola ainda foi beijar o poste antes de fazer tremer as redes de Benaglio.
O remate acrobático de Aboubakar aos 68 minutos, o cabeceamento de Falcão aos 73′ e o remate de Brahimi aos 75′ pareciam ser as últimas notas de uma partida que voltara a perder o ritmo. Mas, quando nada o fazia prever, Falcão cabeceou a bola para o fundo das redes de José Sá. O avançado colombiano não festejou o golo, gesto apreciado pelos adeptos do Porto, que aplaudiram.
O Mónaco não conseguiu, contudo, evitar que os azuis e brancos chegassem à vantagem de três golos pela terceira vez na partida. Desta vez, foi a cabeça de Tiquinho Soares que, aos 88 minutos, fez mexer o marcador. O regresso aos golos do brasileiro foi muito festejado pelos adeptos portistas.
O 5-2 manteve-se até ao final da partida. Com este resultado, o FC Porto carimbou a passagem aos oitavos de final da Liga dos Campeões. É a 14ª vez que o faz em 22 participações. O Mónaco sai da competição pela porta pequena, depois de uma grande campanha na época anterior, onde só foi eliminado nas meias-finais, pela Juventus que também eliminou o FC Porto na última edição da competição.
No outro jogo do grupo, o Leipzig perdeu em casa com o Besiktas. Assim sendo, o empate chegaria para o FC Porto garantir a qualificação.
O sorteio que vai ditar quem é o próximo adversário do FC Porto está agendado para a próxima segunda-feira (11h00). Há 16 equipas apuradas e só uma não se cruzará de certeza com o FC Porto na próxima ronda: o Besiktas. Os restantes cabeças de série – e, portanto, possíveis adversários dos dragões – são Manchester City e United, PSG, Roma, Barcelona, Tottenham e Liverpool.
“Vamos sonhar”
No final do jogo, Sérgio Conceição disse que este “foi um apuramento merecido”. “Depois de um primeiro jogo que não nos correu bem acho que tivemos um trajeto positivo”, continuou. Sobre o resto da competição, o treinador disse que a equipa vai “sonhar, sabendo que o sonho só se consegue agindo, trabalhando”, mas sempre consciente que a “verdadeira preocupação é o campeonato”. O técnico realçou ainda que o Porto foi “a única equipa portuguesa que segue em frente nesta competição”, considerando por isso “que todos os portugueses devem estar orgulhosos”.
“Não estivemos ao nível desta competição”
Leonardo Jardim falou num Porto “que este ano conseguiu atingir o seu nível de maturidade” e que, mesmo não fazendo um grande jogo “aproveitou erros de marcação e de posicionamento” cometidos pelos “muitos jogadores novos, sem experiência a este nível” que estiveram hoje no onze inicial do Mónaco. Lamentou ainda que a sua equipa não tenha estado, ao longo de toda a fase de grupos, “ao nível desta competição”. “O Mónaco é um clube vendedor, que bateu recordes de vendas duas vezes. E este momento é o momento de preparar o futuro novamente. Os resultados só chegam daqui a 2/3 anos.”, rematou.
Artigo editado por Filipa Silva