O Natal é festa e nesta ninguém ficou de fora. A Universidade do Porto juntou, esta segunda-feira, cerca de 250 estudantes internacionais na Cantina dos Bragas, junto à Faculdade de Direito, para celebrar a diversidade cultural, numa época que é tradicionalmente de partilha e solidariedade.

Ainda antes do evento começar, Bianca, Andreea e Anca, três estudantes romenas, já estavam à porta da cantina prontas para celebrarem o Natal de uma forma diferente: “Queremos muito ver como é o Natal aqui e também conhecer novas pessoas, fora da nossa faculdade. Também queremos muito provar a comida de todos os países. Infelizmente, não trouxemos nada romeno porque não encontrámos os ingredientes”, contaram ao JPN.

As palavras de Fátima Marinho deram o mote para o que se viu: um ambiente descontraído e com a magia que carateriza a época de Natal. “É um evento que organizamos todos os anos. Aproveitamos a quadra natalícia para juntar os estudantes internacionais, mesmo aqueles que vêm de países onde não se celebra o Natal, e damos-lhes a conhecer um pouco da cultura portuguesa”, declarou a vice-reitora da Universidade do Porto para as Relações Externas e Cultura.

Durante algumas horas, a Cantina dos Bragas transformou-se numa verdadeira terra mágica, onde ninguém deixou de lado o barrete de Pai Natal oferecido pela organização.

Na mesa de Natal, também houve espaço para doces tradicionais portugueses.

Asma Khelifa Foto: Diogo Filipe

Asma Khelifa, estudante argelina da Universidade do Porto, estava visivelmente emocionada enquanto falava da experiência que estava a viver nesta altura do ano, ela que vem de um país onde não se celebra o Natal: “São muitas as diferenças entre a Argélia e Portugal. Nós somos um país árabe, que não celebra o Natal, mas estou muito feliz por ter a oportunidade de perceber outra cultura, de que gosto muito. Tudo é diferente aqui… Muito obrigada por me darem a oportunidade de vos conhecer”, disse.

Quando os entrevistados falavam sobre a cidade do Porto e sobre o que a torna especial, a resposta foi unânime: a simpatia das pessoas.

Esse agradecimento à hospitalidade dos portuenses veio das mais variadas origens: Birmânia, Malásia, Brasil ou Hungria são alguns exemplos, mas Jamila, marroquina, estava especialmente fascinada com a aura das pessoas da Invicta: “O que o Porto tem de especial são as pessoas. Tenho boas experiências com as pessoas daqui desde o meu primeiro momento cá. Lembro-me perfeitamente de ser nova cá e de um portuense ter perdido o seu tempo a ajudar-me a encontrar um hostel. Vou lembrar-me sempre dessa simpatia.”

Mas nem só quem não está acostumado a celebrar o Natal fica surpreendido com os costumes nacionais. Marcos, estudante colombiano, contou ao JPN, em bom português, como é o Natal na Colômbia: “Bem, na Colômbia o Natal começa a 7 de dezembro, com a Noite das Velas, e acaba a 6 de janeiro [Dia de Reis]. Na Colômbia, quando falamos no Natal não estamos só a falar na passagem de 24 para 25 de dezembro, mas sim de um mês inteiro. É muito diferente. Durante esse mês, as lojas fecham, ninguém trabalha. Quando digo aqui que vou fazer xis coisas no Natal, quero dizer que vou fazer xis coisas em dezembro e ninguém percebe! É estranho para mim estar na faculdade nesta altura, por exemplo. Não estou habituado”, confessa.

A tarde prosseguiu com o tão esperado concurso de “Sabores de Natal”. Depois de muita deliberação, o júri não negou ter sido difícil escolher o vencedor, mas a verdade é que esse só podia ser um. A Argélia, com o  couscous de Asma Khelifa levou o prémio para casa, apesar do verdadeiro prémio ter sido para todos: o convívio e o espírito natalício. Ainda assim, Asma não escondeu a sua satisfação com o resultado: “Estou muito feliz por ter ganho o concurso, mas também chocada, sinceramente. Todos os outros pratos também eram bons. Eu só queria participar, mas vencer foi mesmo muito bom.”

Para fechar a tarde e até porque, como se disse no evento, não há Natal sem prendas, nada melhor que uma troca de presentes simbólicos entre os participantes. “Eu recebi uma caneca do Porto”, dizia-nos Angelita que veio da Grécia e, também ela, não perdeu a oportunidade de celebrar o Natal de forma diferente.

A boa disposição reinou durante um evento que prova que o Natal é, mais do que uma celebração, um estado de espírito.

Artigo editado por Filipa Silva