A Câmara Municipal do Porto aprovou, esta terça-feira, um protesto contra a intenção dos CTT- Correios de Portugal de encerrarem mais balcões na cidade. O manifesto dirigido ao Governo refere que o encerramento das lojas pode prejudicar o serviço público de proximidade.
A intenção de contestar o encerramento de lojas CTT na cidade do Porto partiu da vereadora da CDU, Ilda Figueiredo, mas o texto foi alterado com o presidente da autarquia, Rui Moreira, a propor uma nova redação que foi, posteriormente, aprovada por unanimidade. A moção apresentada pela CDU previa que o manifesto fosse entregue à empresa CTT, mas o executivo entendeu que se justificava “abordar o assunto junto do poder central”.
De acordo com o documento aprovado pela Câmara do Porto, “desde 2011 e até ao fim de 2017, foram encerradas, no Porto, 11 estações dos CTT”.
A autarquia pretende ainda “solicitar ao Governo que verifique se a empresa está a cumprir o caderno de encargos da concessão e que, em qualquer caso, tome as medidas necessárias – e eventualmente tome medidas alternativas – para que o serviço público com a sua componente de proximidade seja prestado às populações”.
“É evidente que aquilo que está a acontecer com mais um serviço público é absolutamente preocupante, sobretudo nas zonas de baixa densidade.”
Rui Moreira disse estar preocupado com o “abandono do território pelo Estado” e comparou a situação com o encerramento da delegação da CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários) no Porto. “É evidente que aquilo que está a acontecer com mais um serviço público é absolutamente preocupante, sobretudo nas zonas de baixa densidade”, sublinhou o autarca.
Ilda Figueiredo sublinhou que a CDU sempre se manifestou “contra a privatização da empresa com receio de que isto [o encerramento das lojas] viesse a acontecer”. A vereadora disse ter recolhido testemunhos de vários residentes da zona da Praça da Galiza que dizem não ter transporte “para ir à zona da Boavista levantar o cheque da reforma”.
Em resposta às declarações da vereadora da CDU, Álvaro Almeida, vereador pelo PSD, disse que a dificuldade de as pessoas acederem aos balcões se deve a uma questão de mobilidade e defendeu que se deve “atuar na mobilidade e não na multiplicação dos serviços”.
Álvaro Almeida referiu ainda que “o mundo mudou”, ou seja, hoje são enviadas menos cartas e, por essa razão, o encerramento de balcões dos CTT não está relacionado com a privatização da empresa.
O vereador do PS, Manuel Pizarro, sublinhou que a função do serviço postal “não pode desaparecer do território nacional”, situação que, a verificar-se, será “muito grave para a cidade e o país”.
Pizarro considerou que “o caderno de encargos da privatização não assegura o serviço público” e deixou um aviso: “Acho que não vão passar muitas semanas sem que eu venha defender em público a renacionalização dos CTT.”
A intenção da administração dos CTT de encerrar 22 lojas em todo o país foi anunciada no dia 2 de janeiro deste ano. Na cidade do Porto prevê-se o encerramento das estações da Asprela, Areosa e Galiza.