A oferta é variada. Dança, teatro, música, literatura, performance e artes plásticas fazem parte da programação do Teatro Municipal do Porto (TMP). A agenda de janeiro a março foi apresentada à imprensa esta quarta-feira no Café Rivoli, mas a organização levantou ainda a ponta do véu para o que vai acontecer entre abril e julho. De acordo com o presidente da Câmara, Rui Moreira, o investimento previsto para os primeiros sete meses do ano é de aproximadamente 750 mil euros.

Rui Moreira avançou que “entre janeiro e julho de 2018 serão apresentados cerca de 76 espetáculos” dos quais “22 serão espetáculos internacionais, 15 em estreia nacional”. O autarca acrescentou que “27 serão espetáculos de estruturas e companhias que trabalham a partir da cidade do Porto e 22 serão coproduções de raiz.”

Começar o ano a soprar as velas, mas não só

Para assinalar o 86º aniversário do Rivoli, a sala de espetáculos vai promover um dia de programação non stop que começa às 10h00 do dia 20 de janeiro e só termina às 04h00 do dia seguinte. O grande dia conta com a estreia nacional de “El Baile” de Mathilde Monnier, “um espetáculo [de dança] que atravessa os últimos 40 anos da História da Argentina”, explica o diretor do Teatro, Tiago Guedes.

As vozes de quem trabalha “atrás da cortina, por baixo do palco, na entrada do teatro” vão subir a palco. “Coro” é um musical, encenado por André Murraças, que conta com a participação de vários colaboradores do Rivoli e que explora a história de vida de cada um destes trabalhadores.

A programação para o dia 20 de janeiro conta com dez espetáculos num total de 18 apresentações e envolve cerca de 80 artistas. Mas nem só de aniversário se faz o mês de janeiro.

No primeiro mês do ano é apresentada a nova criação da companhia Mala Voadora – Amazónia –  e é inaugurado também o Ciclo de Conferências “Do Estranho” em parceria com a Universidade Lusófona.

Raio-X debruça-se “sobre as inquietações metafísicas de ver o interior do corpo, da transparência;o que está para além do nosso corpo, o que é que o nosso corpo esconde”

Em fevereiro o encenador Philippe Quesne regressa ao Porto com“Lé melancolie des dragons” , uma peça que já tem dez anos, mas que, de acordo com Tiago Guedes, “mantém uma atualidade e uma frescura muito interessante”. O ponto de partida para a ação é um acidente de automóvel de uma banda de heavy metal que fica presa no meio de um terreno com neve e aborda “questões existencialistas e do quotidiano”.

No mesmo mês chega à sala a nova criação de Albano Jerónimo,”Um libreto para ficarem em casa seus anormais”, uma adaptação de um texto de Rodrigo Garcia e a peça “Raio X” de André Braga e Cláudia Figueiredo que, de acordo com o diretor do TMP, “se debruça sobre as inquietações metafísicas de ver o interior do corpo, da transparência; o que está para além do nosso corpo, o que é que o nosso corpo esconde”.

A fechar o primeiro trimestre do ano, o Teatro Municipal do Porto recebe pela primeira vez Dimitris Papaiannou – um coreógrafo grego que ficou conhecido mundialmente por ter feito a gala de abertura dos Jogos Olímpicos de Atenas – com a peça “The Great Tamer”.

Em março, Raimund Hoghe regressa ao Rivoli com o espetáculo “La Valse”, mas também para apresentar um “projeto especial só para o Porto”. O artista foi convidado a remontar um espetáculo que criou em 2002, em Bruges, com 12 jovens da cidade do Porto – seis rapazes e seis raparigas – com e sem experiência de dança.

De abril a julho: a ponta do véu

O foco do mês de abril é o teatro e culmina no arranque do festival Dias Da Dança (DDD). É neste mês que Roger Bernat apresenta “Pendiente de Voto”, um projeto inserido no programa educativo do Teatro Municipal que se debruça sobre as questões da democracia. Ao todo são 60 adolescentes em palco que vão responder a questões sobre a democracia, a ecologia, o sexo, o dinheiro e tomar posição sobre os vários temas.

Em maio, sobe a palco a peça “Maiores de 18” da companhia de teatro Estrutura, um espetáculo que Tiago Guedes descreve como “uma peça sobre a maioridade e sobre como o Maio de 68 foi vivido em França e que ecos teve em Portugal”.

Salia Sanou, um coreógrafo do Burkina Faso, vem pela primeira vez a Portugal em junho para apresentar “Du desir d’horizons” que aborda “como é viver num contexto de pobreza extrema, mas com um lado de alegria e de vida muito grande”, refere o diretor do Teatro Municipal do Porto.

O projeto “Em surdina” quer pensar “como é que um corpo dança a partir de um estado inaudível”

Em junho acontece também o Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica (FITEI) com três semanas dedicadas ao melhor do teatro nacional e internacional.

O terceiro piso do Palácio dos Correios vai receber, em julho, “Sanctuary”, um projeto do sul-africano Brett Bailey. Trata-se de uma instalação performativa sobre as rotas migratórias do norte de África para a Europa.

No início do segundo semestre do ano, o Rivoli acolhe o espetáculo “Em surdina” criado pelo artista associado do TMP, Marco Ferreira e por Filipe Lopes. Trata-se de um grande projeto, desenvolvido ao longo de dez meses, em que os participantes são adolescentes, alguns dos quais surdos. Marco Ferreira diz que o projeto é um “grande desafio” que tem como objetivo pensar “como é que um corpo dança a partir de um estado inaudível ou como é que o nosso foco circula mediante uma imagem e um som”.

DDD e FITEI: Festivais da cidade recebem cerca de 380 mil euros

O presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, anunciou que os dois festivais promovidos pelo Teatro Municipal do Porto – Dias Da Dança (DDD) e Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica(FITEI) – representam um investimento de cerca de 380 mil euros.

Rui Moreira sublinhou que as duas iniciativas “se têm vindo a constituir, cada vez mais, como pontos de viragem – de passagem e paragem obrigatórios – no circuito artístico nacional e internacional”.

O DDD regressa entre 26 de abril e 13  de maio com 35 espetáculos, 12 dos quais internacionais em estreia nacional e com onze estreias absolutas. O evento é co-organizado pelos municípios do Porto, Matosinhos e Gaia e conta com a coprodução do Teatro Nacional de São João, Coliseu do Porto, Fundação de Serralves, Balleteatro, Teatro Municipal de Matosinhos Constantino Nery, Armazém 22 e Mala Voadora.

Em junho, o FITEI apresenta dez espetáculos com um programa que Rui Moreira considerou “cada vez mais ambicioso”. O diretor do Teatro Municipal do Porto, Tiago Guedes, referiu que a programação completa do festival vai ser apresentada em breve, mas adiantou que há um foco especial “à volta de quatro encenadoras da cidade – Raquel S, Ana Luena, Diana de Sousa e Sara Barros Leitão – que vão estrear quatro peças”.