Investigadores da Unidade de Investigação em Epidemiologia (EPIUnit) do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP) e da Faculdade de Medicina da U.Porto (FMUP) avaliaram os níveis de vitamina D dos adolescentes portugueses e concluíram que os jovens tinham níveis baixos desta vitamina.

A partir do estudo foram escritos dois artigos em publicações internacionais: um no “International Journal of Cardiology”, sobre a relação entre os níveis de vitamina D e fatores de risco cardiovasculares, e outro na “Public Health Nutrition”, sobre a importância da ingestão de fontes de vitamina D para aumentar os níveis do micronutriente.

A vitamina D pode ser obtida de duas formas: a partir da alimentação e a partir da exposição solar. Os níveis de vitamina D obtidos pelas duas fontes em conjunto são denominados de níveis séricos. O estudo concluiu que os adolescentes portugueses têm níveis baixos do micronutriente em ambos os casos. “A média dos níveis de vitamina D ingeridos era de cerca de 4.5 microgramas por dia e os níveis de vitamina D séricos rondavam os 16.5 nanogramas por mililitro”, avança uma das investigadoras, Maria Cabral.

O artigo publicado no “International Journal of Cardiology” concluiu que embora não haja uma associação direta entre melhores níveis de vitamina D e a síndrome metabólica – conjunto de fatores de risco, essencialmente cardiovasculares, que têm por base a obesidade abdominal – pode verificar-se que “níveis mais baixos de vitamina D se associaram com níveis de colesterol mais elevados”, explica Maria Cabral.

“A suplementação pode ser uma boa estratégia, mas apenas para quem tem deficiências maiores de vitamina D, nomeadamente para a população idosa.”

No segundo artigo, publicado na “Public Health Nutrition” os investigadores concluíram que “havia uma correlação significativa e positiva entre os níveis de vitamina D ingeridos e os níveis de vitamina D séricos, isto é, parece que  quanto mais aumentam os níveis provenientes da alimentação, das fontes alimentares de vitamina D, mais aumentam também os níveis de vitamina D séricos”.

Maria Cabral adianta que o consumo de peixe está muito abaixo daquilo que seria expectável e considera fundamental existir uma estratégia de saúde pública que promova o aumento da “ingestão de fontes de vitamina D como o pescado”.

A suplementação de vitamina D pode também ser uma solução, mas não para a população em geral. “A suplementação pode ser uma boa estratégia, mas apenas para quem tem deficiências maiores de vitamina D, nomeadamente para a população idosa que se encontra em instituições ou em casa e não se expõe ao sol como a restante população”, remata.

Os artigos foram também assinados pelos investigadores Joana Araújo, Carla Lopes, Henrique Barros, João Tiago Guimarães, Milton Severo, Sandra Martins e Elisabete Ramos e as investigações avaliaram adolescentes pertencentes à coorte EPITeen e os jovens foram avaliados aos 13 anos de idade, nas escolas públicas e privadas da cidade do Porto.

O estudo arrancou em 2003 e tem como objetivo compreender como os hábitos e os comportamentos adquiridos na adolescência se refletem na saúde do adulto.