Aumentou para 18 o número de jogos em que o FC Porto não conhece o sabor da derrota. Desta feita, para a Taça de Portugal. Com a vitória por 2-1, esta quinta-feira, frente ao Moreirense, a nona seguida, a equipa de Sérgio Conceição conseguiu o mais importante: a passagem às meias-finais da Taça.

Em visita a Moreira do Cónegos, onde não tinham ganho nas três últimas deslocações, Sérgio Conceição deu descanso a muitos dos habituais titulares. Foram sete caras novas no onze em relação ao jogo com o Vitória de Guimarães. De igual forma, o Moreirense apresentou sete mudanças no onze titular, desde o jogo com o Benfica. O técnico Sérgio Vieira surpreendeu ainda mais com a entrada do reforço de inverno, Boubakar Fofana, nos titulares dos cónegos.

Assistiu-se a um jogo quase sempre de um só sentido, na pequena freguesia do concelho de Guimarães. Os portistas chegaram ao intervalo a vencer por 2-0. Na segunda parte, o Moreirense ainda conseguiu assustar com o golo de Edno, mas os azuis e brancos tinham as operações controladas.

Demasiado fácil ao ritmo mexicano

O Estádio Comendador Joaquim de Almeida Freitas é um dos terrenos mais pequenos na primeira liga portuguesa e isso fez-se notar no início da partida, com pouco espaço para ambas as equipas jogarem e muitas disputas de bola a meio-campo nos minutos iniciais. O FC Porto conseguiu pôr fim a essa confusão e começou a pegar no jogo, logo a partir dos cinco minutos.

Depois da luta a meio-campo pela posse de bola, os portistas aproveitaram um bom jogo entre linhas e, com Soares a desmarcar o regressado Herrera, o mexicano adiantou os dragões no marcador à passagem do minuto nove. Um golo de classe, com um centro-campista a picar a bola por cima de Jhonatan.

A tarefa portista tornou-se mais fácil. Fez a gestão da posse de bola e não permitiu ao adversário chegar perto da sua baliza. O Moreirense tentava fechar as linhas de passe no meio-campo, principalmente com o extremo Tozé a juntar-se ao trio do centro. Contudo, não teve efeitos práticos. O FC Porto chegava facilmente a zonas de finalização e aos 20 minutos surgiu o segundo golo.

E mais uma vez com toque mariachi. Cruzamento no ataque do Porto, com a defesa contrária a aliviar mal a bola, que sobrou para a entrada da área, onde Layún rematou de primeira para o fundo das redes. Os dragões tinham uma boa margem de conforto a meio do primeiro tempo sem precisarem de acelerar muito o jogo.

A meia-hora de controlo portista foi seguida de 15 minutos com algum Moreirense. Na fase final da primeira parte, os cónegos, muito através das jogadas delineadas por Tozé, conseguiram chegar mais à frente no terreno. Exemplo disso, foi a oportunidade de golo desperdiçada por Ronaldo Peña e Zizo depois de uma recuperação de bola do ex-portista Tozé. Até ao intervalo, destaque para a saída de Brahimi por queixas físicas.

Dragão controlador apesar do sobressalto

Ocorreram mexidas ao intervalo. Sérgio Vieira apostou no ataque com a entrada do estreante Edno, avançado brasileiro de 34 anos que chegou em janeiro. O possante jogador justificou a aposta. Do lado portista, André André rendeu Brahimi.

Os azuis e brancos entraram bem com pressão em zonas adiantadas do terreno, o que não permitia ao Moreirense sair a jogar. Os verde e brancos queriam a bola, mas o rival não dava folgas e controlava a seu bel-prazer. Só que por pouco tempo.

A equipa de Sérgio Conceição acabou por descontrair com a vantagem que tinha. E em demasia. O Moreirense aproveitou e deu sinal de vida. Muito pelos pés e combinações sempre à flor da relva inventadas por Tozé, os cónegos começaram a chegar mais vezes ao último terço do campo. Até chegarem a reduzir a desvantagem: quando faltavam 15 minutos para o fim, Edno responde da melhor forma a um cruzamento da esquerda com conta peso e medida por Tozé e cabeceia, entre Marcano e Felipe, para a baliza à guarda de Casillas. 1-2 no marcador e jogo relançado.

Apesar disso, a reação dos da casa foi ténue. O FC Porto mostrou mais experiência e soube gerir os últimos minutos. Sempre com a bola longe da sua área, os azuis e brancos puseram fim ao jejum de vitórias no Comendador Joaquim de Almeida Freitas e asseguraram presença nas meias-finais da Taça de Portugal.

Na competição, seguem-se dois clássicos entre Sporting e FC Porto (primeira-mão a 28 de fevereiro no Dragão). A outra meia-final coloca frente a frente Caldas SC e Desportivo das Aves. Os dois estreantes nesta fase da competição.

Conceição quer dar a 17ª Taça de Portugal aos dragões

O técnico portista mostrou-se satisfeito com a passagem às meias-finais da Taça, apesar de considerar que o FC Porto permitiu chances em alguns momentos do jogo. “Não gostei dos últimos 20 minutos da primeira parte. O Moreirense começou a ter mais bola. Marcar dois golos entrou no subconsciente dos jogadores. Na segunda parte, entrámos muito mais fortes e tivemos mais situações para fazer o 3-0”, afirmou em declarações à SportTV.

Em relação às novidades no onze inicial, Sérgio Conceição referiu que não poupou ninguém e que apresentou o onze que lhe dava mais garantias neste jogo: “O que eu achava que era, em termos estratégicos, melhor, foi feito. Foram modificações que tínhamos consciência que iam ter efeitos positivos no jogo. Temos que gerir da melhor forma”, assegurou, dizendo ainda que a utilização de Layún no meio-campo não foi novidade. “Sei que o Miguel [Layún] é um jogador polivalente, com muita inteligência tática, sabe o que queremos do jogo. Não fazemos experiências”.

No que diz respeito aos objetivos na Taça, Conceição quer chegar ao Jamor. O técnico já perdeu uma final no Estádio Nacional, enquanto treinador, frente ao Sporting, o seu próximo adversário. “Eu tenho um carinho especial, mas não é por ter perdido a final. É um dia marcante na carreira dos jogadores. No Jamor, há uma atmosfera diferente e espero vencer este ano o troféu”, concluiu.

Golo tardio a não permitir mais

Sérgio Vieira, no final da partida, sublinhou que o golo do Moreirense apareceu tarde, ao contrário do que aconteceu com o FC Porto. “O nosso golo acaba por aparecer tarde e os golos do FC Porto acabaram por aparecer cedo demais. O nosso golo acabou por dar uma energia diferente à nossa equipa, mas os golos que consentimos, já tínhamos identificado isso no último jogo mas não conseguimos evoluir nesse aspeto. O nosso golo foi importante para perceber que a equipa tem capacidade para reagir, ficaram bons detalhes para a segunda volta do campeonato”, analisou, em conferência de imprensa.

O técnico realçou ainda que, apesar das alterações no onze titular, o objetivo era chegar às meias-finais: “Tínhamos como meta passar esta eliminatória, mas temos de continuar a evoluir. Este é um grupo novo, este jogo, tal como o do Benfica, foi mais um num processo de crescimento. Para perceberem que têm potencial para ganhar um jogo destes, mas ainda não é qualidade. Só ao fim de muito tempo de trabalho, talvez daqui para a frente já possamos estar nessa fase de amadurecimento coletivo”.

Além disso, Sérgio Vieira relembrou o principal objetivo da equipa. “Ficou a aprendizagem destes jogos difíceis, contra equipas grandes. Ficamos tristes por ser eliminados, mas temos um objetivo de subir no campeonato e garantir a permanência o mais rápido possível”, afirmou.

Artigo editado por Filipa Silva