Se for cumprido o calendário previsto, as obras no Porto e em Gaia estarão concluídas em 2022. Eduardo Souto Moura preocupado com possibilidade de terem de ser cortadas árvores no Jardim do Carregal.

Esta segunda-feira foi dado mais um passo no processo de expansão do Metro do Porto, com a assinatura dos contratos para a elaboração dos projetos de construção da futura Linha Rosa (G) no Porto e da extensão da Linha Amarela (D) em Gaia com as empresas vencedoras do concurso.

No caso da linha do Porto, que vai ligar São Bento à Casa da Música, o projeto foi entregue ao consórcio formado pela SENER, CJC e NSE.

A entensão em Gaia, de Santo Ovídio a Vila D’Este, será da responsabilidade da LCW, Amberg Engineering e GRID.

“Até ao final deste ano, entre outubro e dezembro, teremos os projetos concluídos”, sumarizou José Mendes, secretário de Estado adjunto do Ambiente, que presidiu à cerimónia.

Concluídos os projetos, será altura de entregar a obra. A previsão é que o concurso seja aberto no final deste ano e a adjudicação da empreitada se faça no início de 2019. “A nossa perspetiva é que possamos, entre abril e julho de 2019, iniciar as obras”, informou ainda o governante.

Obra que será mais demorada no Porto – dois anos e meio – do que em Gaia – dois anos -, apesar da extensão do traçado ser inferior na Invicta: 2,5 quilómetros de via face a 3,2 quilómetros do lado de Gaia.

“Seguramente em 2022 teremos mais 5,7 quilómetros de linha de metro no Porto e mais sete estações”, concluiu o secretário de Estado.

As estimativas apontam para que as duas linhas sirvam cerca de 33 mil pessoas diariamente. “É o equivalente a uma cidade média em Portugal”, notou ainda o responsável do Governo.

As propostas apresentadas pelas empresas agora responsáveis pelos projetos rondam os 3,3 milhões de euros (1,82 milhões na Linha Rosa e 1,47 milhões na Linha Amarela). O montante ficou abaixo do valor de referência fixado para o concurso, de 4,7 milhões.

No total da obra, está previsto que o investimento chegue aos 290 milhões de euros.

José Mendes frisou a importância da promoção do uso do transporte público saudando o facto de em 2017 o sistema Andante, na Área Metropolitana do Porto, ter sido utilizado por 145 milhões de pessoas. O Metro do Porto, por si só, ultrapassou, pela primeira vez, a barreira dos 60 milhões de passageiros nesse ano. Uma inversão na tendência registada em anos anteriores, segundo o governante: “Entre 2011 e 2015, a procura pelo transporte público caiu 25% quando devia estar a crescer como em qualquer parte do mundo desenvolvido. Com este investimento estamos a aumentar a oferta e os números aí estão para dizer que estamos a crescer na casa dos 5%.”

“O metro é um amigo e isso é importante”

As quatro estações previstas para a Linha Rosa, todas subterrâneas, terão como responsável pela arquitetura e paisagismo o Arquiteto Eduardo Souto Moura, que foi também responsável pelo desenho da primeira fase do metro.

À margem da assinatura dos contratos, o arquiteto confessou que das estações que tem em mãos, há uma que o deixa desassossegado: “O que estou mais preocupado é com o Jardim do Carregal [estação junto ao Hospital de Santo António], porque não queria ter os verdes todos atrás de mim”, sorriu. “Não queria cortar árvores, porque isso é motivo de polémica”, explicou a seguir o arquiteto.

Eduardo Souto Moura Foto: Filipa Silva

O arquiteto, prémio Pritzker em 2011, vai desenhar três das quatro novas estações previstas: a da Rotunda, Praça da Galiza e Hospital de Santo António. Aquela que vai ser construída junto à Estação de São Bento será desenhada por outro Prémio Pritzker,o arquiteto Álvaro Siza Vieira, mas é Eduardo Souto Moura o responsável pelo contrato.

Souto Moura apontou para a oportunidade que estas obras colocam às cidades: “É uma boa oportunidade para se fazerem jardins, praças, novos pavimentos, iluminação, toda essa envolvente [das estações]. É uma oportunidade única que se não fosse o metro não se fazia”.

Na lista de prioridades, o arquiteto colocou a resistência dos equipamentos acima da estética: “Não estou muito preocupado com a estética. Estou mais preocupado com que o metro continue a ter este aspeto limpo, agradável, que demonstra que a população tem uma afetividade… É um amigo o Metro, e isso é importante”, rematou.