“Transpor fronteiras” é o mote da Fundação de Serralves para o ano de 2018. A programação para os próximos 12 meses foi apresentada esta sexta-feira e, de acordo com a presidente da Fundação, Ana Pinho, trata-se da “mais ambiciosa dos últimos anos”.

A oferta contempla as artes plásticas, o cinema, a pintura, a dança e a fotografia e promove uma importante interação entre o museu e o parque, mas as barreiras que Serralves quer quebrar vão além das paredes do museu. “Vamos organizar mais de trinta exposições pelo país [35] e muitas no estrangeiro. Queremos ultrapassar as fronteiras reais, mas também as virtuais, com a disponibilização online de importantes ativos da fundação”, sublinha Ana Pinho.

Serralves recebeu em 2017 o maior número de visitantes de sempre [834.328], o que representa um crescimento superior a 22% face a 2016.  Ao todo, mais de 1,3 milhões de pessoas estiveram em contacto com as iniciativas promovidas por Serralves dentro e fora de portas.

Os números do último ano fazem com que as expectativas em relação a 2018 estejam elevadas. Com um plano de atividades tão completo, o mais difícil é saber o que ver e por onde começar. Se uma das suas resoluções de ano novo é ter um ano mais artístico, aproveite as sugestões do JPN e marque na agenda as atividades que não quer perder.

1) “O Céu é um Grande Espaço” de Marisa Merz – 20 jan. a 22 de abr.

Marisa Merz é uma mulher de baixa estatura com 91 anos. Quando quer desenhar em telas altas, a artista italiana sobe a uma plataforma que tem na oficina para impedir a sua altura de limitar a arte que cria. Serralves recebe este ano uma exposição retrospetiva da pintora e escultora “O Céu é um Grande Espaço” de 20 de janeiro a 22 de abril.

O mote de Serralves – “Transpor Fronteiras” – podia ser o lema de vida de Marisa Merz. A artista foi a única mulher protagonista do movimento Arte Povera , explorou materiais menos nobres e métodos pouco comuns e muitas das suas esculturas nunca foram cozidas nem pintadas depois de modeladas.

Marisa Merz foi premiada com um Leão D’Ouro na Bienal de Veneza de 2013

A idade também não é uma limitação para a artista e o presidente adjunto do museu de Serralves, João Ribas, acredita que Marisa Merz tem muito a ensinar aos artistas emergentes. “É uma artista que continua uma linguagem internacional de referência em termos históricos e que mostra que às vezes as gerações mais velhas são as mais vanguardistas”, sublinha.

O casamento de obras de pintura monumentais com esculturas de pequenas cabeças e rostos enigmáticos levaram Marisa Merz a ganhar um Leão D’Ouro na Bienal de Veneza de 2013. A mostra que inicia a sua itinerância europeia em Serralves – seguindo depois para o Museum der Moderne Salzburg, na Áustria – é uma organização dos museus norte-americanos Metropolitan Museum of Art, de Nova Iorque, e Hammer Museum, de Los Angeles.

 2) “No tempo todo” de Álvaro Lapa – 8 fev. a 13 mai.

“Um artista muito influente e um bocado enigmático”. É assim que João Ribas define o pintor e escultor Álvaro Lapa. A 8 de fevereiro o Museu de Serralves apresenta a “mais abrangente retrospetiva” da obra do autor: “No tempo todo”.

Estarão reunidas pela primeira vez mais de 200 obras do autor, entre pintura e escultura, de vários períodos. A exposição é comissariada pelo curador Miguel von Hafe Pérez e vai coincidir com um ciclo de artes performativas, cinema e pensamento para discutir “a grande produção portuguesa e o papel fundamental da pintura e deste artista nos anos 70 e nos anos 80”, diz João Ribas.

3) Esculturas de Anish Kapoor no parque – 21 jun. (2018) a 6 jan. (2019)

As obras do artista indiano, Anish Kapoor, chegam a Serralves no início do verão com uma exposição que o escultor está a criar “de raiz” para o museu da fundação que se vai estender pelo parque e invadir a paisagem verde.

A exposição comissariada por Suzanne Cotter mostrará uma seleção dos trabalhos de Kapoor e de projetos mais recentes, alguns nunca antes mostrados ao público. O presidente adjunto do Museu define Anish Kapoor como “um dos mais proeminentes escultores da atualidade”.

4) Robert Mapplethorpe e as muitas formas de amar – 20 set. (2018) a 6 jan (2019)

Serralves voltou a apostar na arte que uma objetiva pode criar com uma exposição das fotografias de Robert Mapplethorpe. O fotógrafo irreverente, na visão de João Ribas, “sempre mostrou que o amor e a sexualidade são coisas complexas e, ao mesmo tempo, [quis] celebrar e aproximar diferentes formas de amar”.

A exposição foi concebida em parceria com a Robert Mapplethorpe Foundation, Nova Iorque, e faz a retrospetiva em grande escala da obra do fotógrafo mundiamente reconhecido por ser autor de algumas das fotografias mais icónicas do século XX.

Foto: Robert Mapplethorpe

O amor e a sexualidade são temas centrais da obra de Robert Mapplethorpe Robert Mapplethorpe

5) O universo estético de Pedro Costa em “Companhia”- 11 out. (2018) a 27 jan. (2019)

Pinturas, esculturas, desenhos, livros, poemas – e muito mais – caracterizam a linguagem poética de Pedro Costa. O universo estético do realizador vai ser apresentado numa exposição comissariada por João Ribas e Nuno Crespo.

A exposição incluirá retratos históricos de Rubens, Watteau e Picasso que vão partilhar espaço com obras contemporâneas de artistas como Andy Warhol e Jeff Wall e contará ainda com uma curta-metragem e duas instalações sonoras inéditas.

6) Workshop ARQ 3.0 – 24 e 25 de janeiro

Serralves quer continuar a abraçar a arquitetura em 2018. Ainda no primeiro mês do ano, vai realizar-se um workshop, financiado pelo Norte 2020 com o tema “ARQ 3.0- Architecture International Challenges”, onde vai ser possível discutir, explorar e refletir novos caminhos e processos para a internacionalização da arquitetura, em especial da Região Norte de Portugal.

Neste âmbito a Fundação organizou um concurso para a concessão arquitetónica de um pavilhão expositivo que possa ser instalado em vários locais e colmatar a falta de espaços de exposição em algumas zonas do Norte.

7) Conversas no arquivo Álvaro Siza- Tom Emerson

O arquivo doado pelo arquiteto Siza Vieira a três instituições artísticas – Serralves, Fundação Calouste Gulbenkian e Canadian Centre for Architeture – é o mote para a primeira de uma série de exposições que querem transformar este espólio num motivo de conversa.

O primeiro arquiteto convidado a escolher um objeto do arquivo e a pô-lo em discussão será o britânico Tom Emerson, do ateliê londrino 6a Architects.

8) Naldjorlak de Éliane Radigue

A música de Éliane Radigue chega em abril com a apresentação das três partes do ciclo Naldjorlak interpretadas por Charles Curtis (violoncelista) , Carol Robinson (compositora e clarinetista) e Bruno Martinez (clarinetista-baixo).

Radigue conquistou uma posição reconhecida no grupo de compositores mais importantes da música dos nossos dias, ao lado de nomes como Terry Riley e Steve Reich.

9) “Há Luz no Parque” para toda a família

Como serão os sons e as cores do parque de Serralves quando as luzes da natureza se desligam? É uma pergunta que já vem sendo respondida ao longo dos quatro anos da iniciativa “Há Luz no Parque”. Durante algumas noites de verão há concertos, espetáculos, sessões de cinema e visitas orientadas ao parque para toda a família.

10) Cinco, dez e 15 anos. Os grandes eventos de Serralves sopram as velas em 2018

Os três grandes eventos de Serralves estão de parabéns em 2018. O Bioblitz, a Festa do Outono e o Serralves em Festa celebram, respetivamente, cinco, dez e 15 anos de existência e querem o público a celebrar.

O primeiro a chegar é o Bioblitz, entre 16 e 22 de abril, e trata-se de uma inventariação relâmpago feita com a participação do público, com entrada gratuita. O objetivo é envolver a comunidade na preservação da biodiversidade do parque e sensibilizar para a importância da conservação da natureza.

Festa do Outono em Serralves Foto: Miguel Ângelo Afonso

Em junho, entre os dias 1 e 3, o Serralves em Festa chega à 15ª edição com uma celebração que dura 50 horas consecutivas. Em 2017 o evento bateu todos os recordes de público com mais de 220 mil visitantes.

Serralves prepara-se para receber o Outono a 29 e 30 de setembro. A Festa do Outono está de portas abertas para as cores quentes das folhas com oficinas educativas, música, dança e ciência.