Após a eliminação na meia-final da Taça da Liga diante do Sporting, os dragões procuravam o regresso às vitórias em Moreira de Cónegos. O deslize benfiquista em Belém também foi um importante catalisador para a maior vontade portista de sair do reduto do Moreirense com os três pontos e a liderança isolada reforçada.

Com Marcano ausente, Reyes foi a opção natural para a sua posição, mas a lesão de Danilo motivou uma surpresa na equipa titular do FC Porto: Paulinho, médio contratado ao Portimonense neste defeso, alinhava de início perante os verde e brancos. A estreia do jogador ficou, contudo, manchada por uma exibição paupérrima da formação de Sérgio Conceição. Além da falta de criatividade e de acerto no último passe na maioria do jogo disputado, nem os minutos finais de alta intensidade conseguiram resgatar a vitória.

Sem fazer planos

Os primeiros 45 minutos primaram pela falta de planeamento e organização no ataque. A partida começa de imediato com um cabeceamento de Felipe, à figura de Jhonatan. Contudo, até à passagem da meia hora de jogo, o encontro oferecia pouco espetáculo às bancadas de maioria portista. A falta de ideias e de intensidade no último terço do campo dava lugar a uma disputa de posse de bola contínua entre ambas as equipas.

No entanto, até ao final da primeira parte ainda sobrou tempo para o guardião dos anfitriões testar as luvas. Aos 36 minutos, após passe de Marega, Paulinho remata à entrada da meia-lua adversária. O tento quase tirou tinta aos travessão do Moreirense. Quatro minutos volvidos e é a vez de Brahimi falhar na cara do golo. Num livre ensaiado, Alex Telles picou a bola sobre a barreira verde e branca e o esférico pousou sobre os pés do argelino, que penteou a bola com a bota esquerda e deixou o lance morrer tranquilamente nas mãos de Jhonatan.

Aos 44 minutos foi a vez de Paulinho engendrar o lance de ataque. Desmarcado Marega, o maliano insistiu até à linha final para um cruzamento tenso, defendido pelo guarda-redes da equipa da casa. Na recarga, o esférico sobrou para Óliver, mas o médio espanhol atirou à figura do guardião.

Terminava assim, um primeiro tempo sem ideias e de grandes dificuldades de organização e sintonia no ataque portista, criando pouco perigo diante um Moreirense competente a nível defensivo.

O despertador tocou tarde

Na segunda metade da partida, o FC Porto parecia entrar determinado em colocar o esférico no fundo das redes adversárias. Aos 50 minutos, Alex Telles cobra o livre de régua e esquadra, em direção ao ângulo reto do canto superior esquerdo da baliza de Jhonatan. O guardião cónego voou e negou o golo ao lateral brasileiro, embora a bola ainda tenha refletido na barra. Na recarga, Felipe deixou-se antecipar pelo corte do defesa verde e branco.

A entrada azul e branca neste período foi incisiva, mas fugaz. Rapidamente a partida perdeu o entusiasmo e a dinâmica iniciais. Sérgio Conceição mandou entrar Tiquinho Soares para inverter a situação, mas o ponta de lança brasileiro vacilou nas várias oportunidades de que desfrutou perante o guardião compatriota. Três minutos em campo foram suficientes para a primeira ocasião: cruzamento de Brahimi teleguiado para a cabeça de Soares, isolado, mas a bola saiu muito por cima. Já aos 75 minutos, numa insistência de Marega no flanco direito do ataque, o avançado brasileiro, em mergulho, não conseguiu encostar o esférico ao segundo poste da baliza contrária.

Os últimos minutos do jogo foram de alta intensidade portista . A pressão alta dos azuis e brancos fazia-se sentir e a formação comandada por Sérgio Conceição instalara-se mesmo no meio campo cónego, de modo a garantir o golo e os três pontos.

Já no período de compensação, o desenrolar de acontecimentos rapidamente se transformou numa montanha-russa de emoções. Aos 92 minutos, Boubacar é expulso por acumulação de amarelos, ao derrubar Marega, o maliano que seguia disparado no contra-ataque. Já ao cair do pano, Waris, que entrou para o lugar de Aboubakar, chega a atirar a bola para o fundo das redes do Moreirense, mas rapidamente o golo foi anulado pelo árbitro assistente por fora de jogo no momento do passe de Ricardo Pereira.

No final, o FC Porto somava uma exibição atípica, cuja intensidade ofensiva só se materializou nos últimos momentos da partida. Porém, os esforços foram infrutíferos face à coesão defensiva apresentada pelas linhas recuadas do Moreirense.

“Fomos ineficazes, à semelhança dos últimos jogos”

No final do jogo, Sérgio Conceição mostrava-se descontente com a partida, considerando o resultado aquém para as ocasiões de golo da equipa: “criámos muitas oportunidades para fazer golo, para não só ganhar, mas ganhar com mais do que um golo de diferença”. Diante de “um Moreirense a pensar única e exclusivamente em segurar o zero na sua baliza”, o treinador portista admite que houve diversas “quebras de ritmo” protagonizadas pela formação anfitriã.

Sérgio Conceição confirmou que, na segunda parte, o FC Porto “foi sempre uma equipa ofensiva”, mas que “infelizmente” não conseguiu fazer o golo: “fomos ineficazes, à semelhança dos últimos jogos”. No final, o timoneiro dos dragões afirmou que também faltou alguma sorte aos portistas. “Muitas vezes nestes jogos, marcando o primeiro golo, as coisas ficam menos complicadas”, afirmou o treinador.

“Fomos muito felizes hoje, mas também fizemos muito por essa felicidade”

Já José Fernando, treinador-adjunto de Sérgio Vieira no comando do Moreirense, afirma que o ponto conquistado foi fruto do trabalho da equipa. “Fomos muito felizes hoje, mas também fizemos muito por essa felicidade”, sustentou. O técnico admitiu que o “segredo” para o ponto conquistado esteve no trabalho dos seus jogadores.

O adjunto ainda mencionou a dificuldade que é “jogar contra um Porto muito pressionante, muito forte” e que por isso a equipa está “de parabéns”. “É merecido para aquilo que os jogadores trabalharam”, finalizou José Fernando.

Já no final da partida, nas entrevistas rápidas, o momento caricato foi protagonizado pelo guardião cónego. Jhonatan tece um discurso moralizador em contexto de derrota diante do FC Porto, apesar do empate obtido diante dos azuis e brancos, palavras essas reformuladas após correção do jornalista. Veja o momento em vídeo:

Entretanto, depois do encontro, o jogador do Moreirense foi sujeito a uma tomografia computadorizada no hospital de Guimarães, após apresentar sintomas de amnésia pós-traumática, como refere o clube no seu website. Jhonatan vai estar em observação nas próximas horas.

O FC Porto, com 49 pontos nesta altura do campeonato (embora uma partida em atraso), desaproveita o passo em falso dos encarnados e poderá mesmo ser ultrapassado pelo Sporting, com 47 pontos, que defronta hoje o Vitória SC em Alvalade. Os azuis e brancos, na próxima jornada, vão enfrentar o Sporting de Braga no Dragão, sábado, às 20h30. Já o Moreirense vai deslocar-se a Tondela no próximo domingo.