O Ranking das Escolas de 2017 foi divulgado no último sábado. Os dados do ranking baseado nas notas dos exames nacionais, foram calculados e enviados pelo Ministério da Educação. O JPN preparou duas infografias que mostram quais os estabelecimentos melhor posicionados no distrito e no concelho do Porto e esteve à conversa com três personalidades que têm uma opinião comum: rankings não espelham o trabalho desenvolvido pelas escolas.
De acordo com o jornal Público, no distrito do Porto, as escolas secundárias do top 10 são todas escolas privadas. O Colégio Nossa Senhora do Rosário lidera pelo quarto ano consecutivo, com uma média de 14,92 valores.
Já no concelho do Porto, três dos dez estabelecimentos com melhor classificação são escolas públicas – Escola Secundária Garcia da Orta, Escola Básica e Secundária Clara de Resende e Escola Secundária Aurélia de Sousa – ocupando o 5º, o 7º e o 9º lugar.
Rankings nas escolas “compara escolas e situações que não são comparáveis”
Carlinda Leite é perentória: O ranking das escolas “compara escolas e situações que não são comparáveis”. De acordo com a investigadora no Centro de Investigação e Intervenção Educativas da Universidade do Porto, “a localização das escolas, o facto de serem frequentadas por populações escolares de quotidianos extremamente distintos ou por terem um corpo docente com mais experiência e mais envolvido” pode interferir nos resultados dos alunos.
A Investigadora da Universidade do Porto aponta como alternativa aos rankings a análise interna da escola e a posterior criação de metas que se comprometa a atingir. “A situação correta, em vez de se comparar as escolas entre si, era comparar a escola consigo própria e no percurso que faz de produzir um efeito positivo de constante melhoria”, defende.
Filinto Lima: “O ensino secundário não serve quase para nada”
Para Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos de Escolas Públicas (ANDAEP), a classificação feita pelos rankings não acrescenta qualquer valor para as escolas. “A classificação em si não tem qualquer utilidade, a não ser envaidecer aqueles que estão nos lugares cimeiros, muitas vezes sem saberem muito bem porquê e entristecer os que estão nos últimos lugares”, acusa.
Uma das medidas que o presidente da ANDAEP sugere é uma mudança no modelo de ensino nas escolas secundárias. “O ensino secundário não tem uma identidade própria. Eu diria mais, o ensino secundário não serve quase para nada a não ser para saber o resultado dos exames que darão acesso ao ensino superior”.
Filinto Lima defende que os alunos devem ser preparados para o ensino superior e não treinados, durante três anos, para que deem o seu melhor “numa prova que é de normalmente de uma hora e meia a duas horas”.
Jorge Ascenção: Rankings “não são sinónimo do trabalho que se fazem nas escolas”
Por outro lado, Jorge Ascenção, presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP), não desvaloriza o papel dos rankings, mas considera que estes não são “propriamente sinónimo do trabalho que se fazem nas escolas e do acompanhamento que as famílias fazem desse trabalho que é muito importante também para obter esse resultado.”
O presidente da CONFAP acredita que deviam ser valorizadas outras competências dos jovens que vão para além das pautas.” Nós não podemos continuar a trabalhar quase que exclusivamente para a obtenção de uma nota”, remata.
Artigo editado por Sara Beatriz Monteiro