Médico e Professor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), Davide Carvalho é o novo presidente da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo (SPEDM). O especialista, eleito no congresso nacional sobre a especialidade que se realizou entre os dias 1 e 5 de fevereiro, assume o cargo para os próximos três anos, pouco tempo depois de ser nomeado Diretor da European NeuroEndocrine Association (ENEA).

A Endocrinologia é a especialidade médica que estuda o funcionamento das hormonas no organismo humano e faz o diagnóstico e tratamento das doenças das glândulas de secreção interna (glândulas endócrinas) e trata doenças como a diabetes e a obesidade.

A eleição para presidente da SPEDM significa para Davide Carvalho não só um passo em frente na vida profissional e académica, mas também um regresso à SPEDM: “Eu já tinha passado alguns anos como tesoureiro e secretário-geral, regresso, agora, à Sociedade para desempenhar esta função.” Davide Carvalho delineou cinco principais objetivos que pretende atingir no exercício do cargo.

De acordo com o especialista, “a endocrinologia tem um papel cada vez maior na prestação de cuidados, infelizmente pelas piores razões”. A prevalência da obesidade duplicou, ao passar de 14% para 28% da população. Por outro lado, a diabetes afeta cada vez mais pessoas e hoje tem já um peso superior a 13%. Além de que, casos como “nódulos da tiróide atingem mais de metade das mulheres após os 50 anos e com menopausa associada”.

Maior cobertura da especialidade no país

O presidente da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo aponta como uma das principais metas conseguir “uma cobertura de endocrinologistas por todo o país”. Davide Carvalho pretende conseguir este alargamento “através da implementação das Redes de Referenciação Hospitalar, que definem que especialistas [são necessários] e que hospitais os devem ter”.

De acordo com o site do Sistema Nacional de Saúde (SNS), as Redes de Referenciação Hospitalar são “sistemas integrados, coordenados e hierarquizados” que intervêm ao nível “do diagnóstico e terapêutica; da formação; da investigação e colaboração interdisciplinar”.

A medida assenta num “sistema integrado de informação interinstitucional”, o que significa que todas as instituições hospitalares são reguladas, coordenadas e partilham informação entre si.

Melhorar a literacia em saúde

O recém-eleito presidente da SPEDM, pretende também melhorar a literacia em saúde e em particular na especialidade, para que os cidadãos “saibam o que é a endocrinologia e que ajuda é que pode dar na saúde das pessoas”.

De acordo com a página da internet do Instituto Ricardo Jorge, a literacia em saúde é definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como o conjunto de “competências cognitivas e sociais e a capacidade dos indivíduos para ganharem acesso a compreenderem e a usarem informação de formas que promovam e mantenham boa saúde”.

Para a OMS, a literacia em saúde é fundamental já que “possibilita o aumento do controlo das pessoas sobre a sua saúde, a sua capacidade para procurar informação e para assumir responsabilidades”.

Lutar pela progressão das carreiras

O especialista em endocrinologia pretende ainda “lutar pela abertura de quadros de assistentes hospitalares graduados seniores, que são um antigo equivalente aos chefes de serviço.”

Promover a formação de médicos nos hospitais mais periféricos

Davide Carvalho pretende atrair especialistas para os hospitais mais periféricos. O plano de ação passará pela “formação dos próprios médicos e sócios da SPEDM, que irão para esses centros mais periféricos, através de cursos diferenciados”.

Melhorar a  investigação na área de endocrinologia

Outra das metas à qual Davide Carvalho se propõe é reforçar o “apoio à investigação na especialidade, através da criação de bolsas de estudo a que se vão candidatar diversos profissionais e sócios de diferentes áreas. Não só os médicos”, garante.

Davide Carvalho sublinha, ainda, que pretende que a endocrinologia dê uma melhor resposta a situações raras e multidisciplinares como as perturbações de identidade de género, “que requerem uma avaliação antes de tratamento e depois um seguimento ao longo da vida destes doentes, que fazem, muitas vezes, terapêutica hormonal”, remata.

Artigo editado por Sara Beatriz Monteiro