Os alunos que transitem do primeiro para o segundo ano da licenciatura com 36 ECTS vão ganhar um passe "intrarail". A iniciativa do Governo foi anunciada esta quinta-feira pela secretária de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

O Governo vai premiar os jovens que passem a todas as cadeiras do primeiro ano da licenciatura, informou, esta quinta feira, Fernanda Rollo, secretária de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, durante o 7º Encontro Nacional de Gabinetes de Saídas Profissionais, que decorreu no Auditório do UPTEC, no Porto.

“Ainda este mês, vamos lançar uma iniciativa chamada ‘Comboio do Conhecimento’. Faz parte dos estímulos que queremos dar, em que vamos oferecer uma semana de intrarail gratuito no nosso país a todos os estudantes do ensino superior que transitem do primeiro para o segundo ano, que tenham 36 ECTS”, anunciou.

No 7º Encontro Nacional de Gabinetes de Saídas Profissionais, que encerrou esta sexta-feira, foram debatida a ligação entre a universidade e o mercado de trabalho. Aspetos como a vocação, a soma de experiências, dentro e fora de portas, ou o modo como as instituições procuram caminhos para os seus estudantes, estiveram em evidência.

Rui Marques, CEO do Fórum Estudante, organizador do evento, falou da importância de se encarar o Curriculum Vitae (CV) como um processo que deve ser desenvolvido desde o momento pré-ensino superior até ao mercado de trabalho: “CV é um processo e não um produto final quando se vai à procura de emprego”, afirmou.

Paralelamente, o CEO do Fórum Estudante, aponta que é importante envolver não só os gabinetes de empregabilidade, mas também os estudantes, professores, empresas, associações e autarquias nesta relação com o mercado de trabalho. A Universidade do Porto (UP), nesse aspeto, “tem sido inovadora no trabalho feito junto das autarquias, mobilizando e criando pontes importantes”, sublinhou.

É disso exemplo o Conselho Consultivo do Observatório de Emprego da UP, organismo onde estão representadas diversas entidades, entre as quais estão empresas, associações profissionais, o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) e o Instituto Nacional de Estatística. “Faltava-nos um pormenor de grande importância: as Pequenas e Médias Empresas”, observou o Pró-Reitor da UP, acrescentando que estas correspondem a 93% dos empregadores do país.

Mas como chegar às Pequenas e Médias Empresas? De acordo com o responsável da UP, segunda maior universidade do país, através dos municípios. “Eles são uma parceria-chave, porque divulgam as suas iniciativas junto dos grandes empregadores do país, as Pequenas e Médias Empresas”, notou. Segundo Manuel Fontes de Carvalho, a recetividade tem sido bastante boa

Ema Gonçalo, Diretora dos Serviços de Emprego e Formação Profissional da Região Norte do IEFP, enaltece a abertura que as universidades têm tido face às necessidades da sociedade. No entanto, confessa que a taxa de desemprego apesar de ter melhorado, continua a merecer alguma preocupação, quer pelos jovens que não chegam a entrar no ensino superior quer pelos que “não estão em emprego, nem em educação”.  No total serão 120 mil.

Outro assunto igualmente preocupante para a técnica é o desajustamento vocacional, que antecede a chegada à universidade. Isto é, alguns estudantes durante o seu percurso no ensino secundário não são corretamente avaliados do ponto de vista vocacional. Estes alunos quando chegam ao ensino superior sentem-se desajustados na área educacional.

Ema Gonçalo defende que este problema tem de se resolvido porque “por melhor escola que a universidade lhes dê, os alunos acabam por não se sentir ajustados àquilo que corresponde a sua vocação”.

José Manuel Fernandes, presidente da Associação Empresarial do Baixo Ave, partilha da opinião de Ema Gonçalo. “Pessoas erradas, nos lugares errados é terrível”, considera o empresário. 

Relevante na hora de encontrar vocação ou emprego, pode ser a mobilidade internacional. Gustavo Alva-Rosa, responsável de projetos na Agência Nacional Erasmus +, sublinha que a possibilidade de estagiarem ou trabalharem no estrangeiro dota os estudantes de competências técnicas, culturais e linguísticas: “Muitas vezes, os estudantes são convidados a ficar a trabalhar no país do Erasmus. Se isso não acontecer, quando regressam ao país de origem, são considerados muito mais atrativos”, concluiu.

Na mesma linha, falou o pró-Reitor da UP: “Vale mais um estudante com 13 valores de curso, mas que tenha feito Erasmus ou voluntariado. Isso é o que diferencia e o salienta dentro de uma empresa como Homem que pode ter futuro”, sustentou.

Artigo editado por Filipa Silva