Do cruzamento entre o Homem e a tecnologia surge o Vivarium, o novo festival de Novos Media que chega ao Maus Hábitos nos dias 24 e 25 de Março.

Em declarações ao JPN, a curadora do evento, Marianne Baillot, explica que o objetivo é ajudar a “refletir e criar uma plataforma criativa para tomar o lugar do corpo e da intimidade num tempo onde algumas máquinas e inteligências artificiais parecem partilhar a nossa experiência humana”. Baillot acrescenta que “a ideia é questionar esta tensão entre a cultura humanista e a cultura cibernética”.

Segundo o proprietário do Maus Hábitos, Daniel Pires, o evento pretende responder à questão “Onde para o corpo?”. Para isso estão programados workshops, performances, concertos, momentos de dança e outros eventos ligados à literatura.

Marco Donnarumma traz “Uma peça híbrida muito particular”

O destaque na área da performance vai para o italiano Marco Donnarumma com a estreia em território nacional de “Corpus Nil”: um projeto vencedor do prémio internacional Ars Electrónica Center. O público poderá “ver um corpo que manipula e é manipulado por uma máquina, um corpo em palco que está por si próprio a responder a máquinas e a ativar máquinas, luz e som”, revela Daniel Pires.

Trata-se de um “ritual para o nascimento de um corpo contaminado pela inteligência artificial”, nas palavras da curadora o espetáculo. Já o proprietário do espaço de intervenção cultural qualifica o espetáculo como “uma peça híbrida muito particular”.

Corpus Nil | Marco Donnarumma from Marco Donnarumma on Vimeo.

No plano nacional da área da performance, os destaques são Pedro Oliveira, baterista de peixe:avião que apresenta “Krake”, “o seu projeto experimental profundo e cheio de humor”, e a dupla Ícaro Pintor e Joaquim Pavão que apresentam”Ifsting Split”, “uma performance multidisciplinar para ver em família no domingo”, segundo o comunicado da organização.

Na área da literatura, o workshop de Gonçalo M. Tavares baseado no livro Atlas do Corpo e da Imaginação acontece no dia 24, assim como a conversa “Questões Éticas e Estéticas Abertas pela Revolução Digital”, que conta ainda com a presença do diretor artístico do The New Art Fest, António Cerveira Pinto.

O Vivarium traz ainda uma performance inédita de Jonathan Schatz com Nicolat Canot, intitulada “In Vitro”, assim como trabalhos expostos de Silvestre Pestana, Miguel Palma, Nerea Castro e Diogo Tudela.
“É o pontapé de saída para o festival de artes digitais da cidade do Porto” 

Para Daniel Pires, este “é o pontapé de saída para o festival de artes digitais da cidade do Porto”, cidade escolhida devido ao “momento interessante”  que está a passar, “cada vez mais smart city, com pessoas a criarem start ups na área da tecnologia” acrescenta Marianne Baillot.

O festival, que se pretende anual, ainda não tem programa para 2019, mas a organização promete reforçar a “ponte entre os laboratórios de criação digital e os artistas”. Já estão feitas parcerias com o “INESC-TEC, com a UPTEC, com o PINK, ou seja, com a UP e com o Open Field Lab”, avança Daniel Pires.

“São parcerias com empresas tecnológicas que vão acolher artistas e performances para, em conjunto, trabalharem peças que serão exibidas no festival do próximo ano”, revela o dono do Maus Hábitos. Para além de trazer artistas estrangeiros, a curadora afirma ser importante para o festival servir de incubadora e “desenvolver a cena artística local”.

Já se encontram em pré-venda cerca de 80 bilhetes com um custo de oito euros (dez euros no próprio dia), mas “são gratuitas” todas as atividades que “não são na sala de espetáculos”, afirma Daniel Pires. Já os 30 lugares para participação no workshop de Gonçalo M. Tavares requerem inscrição prévia e têm um custo de 30 euros.

Há ainda uma party clubbing para fechar a noite de sábado e os bilhetes têm um custo de quatro euros.

Artigo editado por Sara Beatriz Monteiro