O projeto de construção do Centro de Recolha Oficial de Animais do Porto em Azevedo, Campanhã, ainda aguarda luz verde do Tribunal de Contas, depois de ter sido lançado a concurso público em setembro do ano passado. Ao JPN, a Câmara Municipal do Porto (CMP) diz ter a “expectativa” de que o visto chegue até ao início de abril.

Depois disso, a obra demorará cerca de um ano a estar concluída, pelo que o novo canil municipal do Porto não deve estar pronto antes de abril de 2019.  A estimativa é de Bebiana Cunha, deputada do PAN na Assembleia Municipal do Porto, que foi informada da nova data numa reunião com a GoPorto, a empresa Municipal de Gestão e Obras da cidade, responsável pela obra. O JPN tentou confirmar as novas datas com a empresa, sem sucesso até ao momento.

Há um ano, o vereador da Inovação e do Ambiente, Filipe Araújo, informava, no jornal oficial da CMP, que o futuro canil seria construído no Viveiro Municipal e que as obras deveriam chegar ao terreno no segundo semestre de 2017, o que não se verificou.

Questionado sobre os motivos deste atraso, o gabinete de comunicação da CMP refere as condicionantes legais que o município “não pode ultrapassar”. Agora que as obras estarão à vista, Bebiana Cunha passa o adiamento para segundo plano: “para nós, obviamente que já vem tarde, mas também temos que ficar felizes por finalmente estar a avançar”, referiu.

“Já há muito tempo que a sociedade civil pede esta obra”

Para Bebiana Cunha, a mudança de instalações do Canil Municipal do Porto é uma necessidade absoluta. O atual canil da cidade é “devoluto, com 80 anos”, por isso, “já há muito tempo que a sociedade civil pede esta obra”, sublinha a deputada.

O novo canil, um investimento de 1,9 milhões de euros, deverá contar com:

  • 67 mil metros quadrados
  • 220 boxes para alojar animais (mais do dobro do atual)
  • Bloco cirúrgico
  • Sala de enfermagem
  • Zonas de exercício de sociabilização
  • Área de tosquia e higienização

Sobre as condições do Viveiro Municipal para receber o Centro de Recolha Oficial de Animais do Porto, a deputada municipal considera o terreno como “uma solução possível”. Ainda assim, aponta como desvantagem a localização do espaço – na zona das Areias, em Azevedo, Campanhã -, pelo que, aconselha o reforço dos transportes públicos: “isso depende também da autarquia ao nível dos serviços de transporte coletivos, como a STCP, eu penso que estas linhas podem ser reforçadas”.

“Parece-nos que pode ser até positivo enquadrar aqui visitas com as escolas ao próprio Viveiro, com o complemento do canil”, refere Bebiana Cunha. Aproximar a população dos animais e da natureza é a proposta da deputada – “há aqui uma sensibilização que pode ser feita, em relação aos animais e à natureza que pode ser aproveitada como um todo”.

Na passada quinta-feira, o partido Pessoas-Animais-Natureza consultou o projeto e apontou algumas sugestões de melhoria: a existência de locais de pós-operatório, bem como de um espaço de socialização para os animais – “porque vão estar presos em boxes e é importante, para além de serem passeados, haver um sítio onde eles possam ser soltos para correr, saltar e exercitar”, referiu ao JPN.

Além disto, também foi sublinhada a importância de construir um espaço agradável, para que as pessoas possam “olhar para os animais e sentir que podem levar um animal daqueles para sua casa”.

Com o atual canil lotado, o atraso desta obra pode ter consequências

O Canil Municipal do Porto, situado na rua de S. Dinis, está atualmente lotado. Por isso, é urgente que a autarquia “não só implemente este novo canil, mas que no período em que ele está a ser construído, desenvolva estratégias”. Prevenir o abandono, estabelecendo parcerias com associações locais para albergar os animais que entretanto não têm espaço no atual centro, é a sugestão do partido.

Além disto, é necessário ainda “fazer sensibilização da população e formação dos adotantes para evitar o abandono de animais” e reforçar a divulgação dos cães e gatos para adoção, defende Bebiana Cunha.

“Temos que agir com vista a não termos animais abandonados nas ruas do Porto – é algo com que podemos sonhar”, confessa Bebiana Cunha.

Artigo editado por Filipa Silva