As eleições para o Sindicato de Jornalistas (SJ) realizam-se no dia 21 de fevereiro. A atual presidente do sindicato, Sofia Branco, recandidata-se pela lista B, à qual se opõe a lista A, encabeçada por Alfredo Maia. Enquanto que a primeira lista se candidata aos cinco órgãos do SJ, a lista A  apenas concorre ao Conselho Deontológico e ao Conselho Geral. Os jornalistas sindicalizados podem votar por correspondência ou presencialmente.

Em entrevista ao JPN, Sofia Branco revela que viveu três anos difíceis à frente do sindicato, uma vez que o órgão teve de “responder a uma série de situações menos simpáticas, relacionadas com despedimentos, rescisões e reduções”. No entanto, o ponto alto do mandato da jornalista da Agência Lusa foi a concretização do Congresso de Jornalistas, que já não acontecia há cerca de 20 anos e era o principal compromisso eleitoral.

Terminado o mandato, Sofia Branco recandidata-se ao cargo, tendo em vista a continuidade de projetos, como o da literacia mediática nas escolas, e também a renovação dos estatutos do SJ, “que não têm em conta algumas das realidades em que hoje a profissão se exerce, porque ela também se alterou muito”.

Além disso, “o congresso [de jornalistas] aprovou desde logo uma série de resoluções e de propostas que precisam de ser levadas à prática. E num ano – que foi o tempo que decorreu desde o congresso – era impossível, nomeadamente aquelas que implicam alterações legislativas”, que fossem concluídas.

Alfredo Maia explica ao JPN que a apresentação da lista apenas a dois órgãos – Conselho Deontológico e Conselho Geral – se deve a uma “aposta forte” nos mesmos, “face às condições que tinha para se apresentar a este processo eleitoral”.

Do outro lado, Alfredo Maia sublinha a existência de duas prioridades fundamentais “uma é valorizar o conselho deontológico como órgão de autorregulação da classe e a outra é de dinamizar o conselho geral como órgão de participação plural e diversificada da classe”.

Conflito de interesses?

A lista B, presidida por Sofia Branco, considera que possa existir um conflito de interesses por parte de Alfredo Maia caso este assuma as funções de presidente do sindicato, uma vez que o jornalista é também deputado na Assembleia Municipal da Maia.

O candidato explica que o seu posicionamento político já é conhecido há algum tempo e acrescenta que não existe conflito de interesses: “A lista B, e qualquer pessoa, pode estar tranquila relativamente à minha capacidade de exercer com absoluta imparcialidade as minhas funções”.

Caso Bruno de Carvalho

As eleições para o Sindicato dos Jornalistas realizam-se dias depois das declarações do presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, consideradas “antidemocráticas” pelo SJ.

A lista A tomou hoje posição relativamente ao assunto. Alfredo Maia afirma serem “inaceitáveis aquelas declarações, uma vez que  não se pode estar a apelar à abstenção da fruição da informação, mas também pelas consequências que aquelas declarações tiveram em termos de incentivo à hostilização dos repórteres do terreno”.

Sofia Branco acrescenta que Bruno Carvalho tentou condicionar a liberdade de imprensa “ao tornar os jornalistas num alvo”. Explica ainda que estas personalidades “têm grande responsabilidade e sobretudo grande impacto em termos da sociedade e no espaço mediático”.

Artigo editado por Sara Beatriz Monteiro