Este ano, o Festival Feminista, que vai decorrer no Porto entre 2 e 31 de março, é dedicado “ao feminismo menos visível”. “O feminismo do ponto de vista da emigração, da mulher cigana e a situação atual da mulher na Turquia” são exemplos do que vai ser explorado no evento que vai para a terceira edição, conta Luísa Barateiro da organização.

Com o lema “Eu e Tu até sermos TODAS!”, o certame vai ocupar a cidade Invicta com diversas iniciativas como debates, tertúlias e oficinas.

A ideia surgiu em 2015, depois da passagem da caravana feminista pelo Porto. Um grupo de ativistas e não ativistas juntou-se para promover atividades feministas, que fortalecessem a união entre o movimento feminista.

Ao JPN, Luísa Barateiro caraterizou o evento como “um festival de ideologia feminista intersecional e anti-capitalista”. O objetivo passa por “dar visibilidade a questões que normalmente não a têm, tanto na sociedade como no movimento feminista”, revelou a responsável.

A equipa organizadora procura “ser colaborativa e o mais inclusiva possível”, acolhendo pessoas “de diferentes áreas e de diferentes contextos sociais”, realça Luísa Barateiro. “Este ano, há grupos de trabalho. Conforme a disponibilidade e a sua vinculação, cada pessoa ficou responsável por uma determinada tarefa como a comunicação, o design e a parte técnica”.

De sexta-feira a domingo, vão ocorrer diversas iniciativas de entrada gratuita como debates, tertúlias, acções de rua, performances, teatro, concertos, oficinas, exposições e lançamento de livros. Vários espaços vão receber estas atividades, por exemplo o Gato Vadio, Rés da Rua, Confraria Vermelha, Café Ceuta ou Escola Secundária Soares dos Reis.

As quartas-feiras estão reservadas para ciclos de cinema, que acontecem na Faculdade de Direito da Universidade do Porto, na Gazua e no Maus Hábitos. Luísa Barateiro revelou que os filmes escolhidos são “filmes inclusivos, não só feministas, mas também LGBT, que mostram a mulher do ponto de vista de empoderamento e de liberdade”.

Além disso, estão integrados no programa a  Marcha de 8 de Março, que assinala o Dia Internacional da Mulher, e o Encontro de Mulheres que vai decorrer dia 10 e 11 na Escola Secundária Soares dos Reis.

Tal como aconteceu na edição anterior, o “Slutwalk Porto” vai fazer uma recolha de produtos de higiene íntima para mulheres sem-abrigo durante as atividades.

Para a responsável, o público que adere ao Festival Feminista é “muito variado, desde a mais explícita ativista até pessoas que encontraram a programação em cafés ou na comunicação social”.

Em relação à edição anterior, Luísa Barateiro referiu que as principais diferenças passam pela equipa organizadora e pela tentativa de alcance de mais espaços e pessoas. Contudo, sublinha que o conceito da organização não mudou e que “a autodefesa das mulheres, os debates e as oficinas” se vão manter.

A relevância do movimento feminista é sublinhada por Luísa Barateiro por dar “mais visibilidade às lutas e às dificuldades diárias que as mulheres passam”. O principal objetivo passa por “conseguir trazer para debate estas situações, promover alguma alteração e mudar os paradigmas e o pensamento das pessoas”.

A equipa espera que este evento “traga pessoas não feministas e que não estão a par da situação, para compreender este ‘bichinho’ do feminismo e para juntar mais pessoas a esta luta”, remata.

O Festival Feminista do Porto, financiado por contribuições dos apoiantes da causa, vai decorrer durante todo o mês de março. A programação completa pode ser consultada na página do evento do Facebook.

Artigo editado por Filipa Silva