Com a tónica no género feminino e apoiando-se nas temáticas da precariedade, violências e invisibilidade, a Escola Artística Soares dos Reis recebe o Encontro de Mulheres-Portugal nos dias 10 e 11 de março.

A iniciativa, apresentada esta terça-feira no Mira Forum, em Campanhã, pretende dar voz e promover a participação política e social das mulheres através da dinamização de um conjunto de mesas-redondas que se debruçam sobre três áreas fundamentais.

Em entrevista ao JPN, Patrícia Martins, da organização do Encontro de Mulheres, adianta os assuntos que vão ser abordados em cada mesa redonda, que segue “mais ou menos o modelo de um plenário”.

No âmbito do eixo temático referente às mulheres e precariedade, vai ser discutida “a desigualdade salarial, o assédio no trabalho e ainda a questão da dupla jornada de trabalho”, que Patrícia Martins relaciona com o “trabalho não remunerado que é exercido sobretudo por mulheres”, tanto ao nível doméstico, como da prestação de cuidados.

As mobilizações feministas pelos direitos das mulheres durante o ano passado serviram como inspiração para as conversas sobre as  violências no sexo feminino. O assédio no espaço público, assim como a violência doméstica, obstétrica e no namoro serão alvo de debate.

Nas mesas relativas às mulheres invisibilizadas vai falar-se sobre a etnia cigana no feminino e a luta das mulheres negras. Haverá ainda “uma mesa sobre mulheres e diversidade funcional, em que a língua dominante vai ser a língua gestual portuguesa e a tradução vai ser para nós ouvintes”.

Patrícia Martins revela que “estas mesas são dirigidas essencialmente a pessoas que se identificam como mulheres. Contudo, há dois espaços para pessoas que se identificam como homens, isto é, haverá um debate misto sobre desconstrução de géneros e uma oficina só para homens com o objetivo de desconstruir os micro machismos”.

Esta iniciativa é de participação livre e sem custos. No entanto, na próxima sexta-feira há um jantar de angariação de fundos no Mira Fórum. Está a decorrer também um crowdfunding até quinta-feira para financiar material de divulgação, transportes, alimentação e aluguer do espaço.

Manifesto: a base textual do Encontro de Mulheres

Esta iniciativa, além de estar ancorada nestas três áreas, tem também um texto-base subscrito pelos vários coletivos e associações que estão neste momento na organização.

O Manifesto reflete, por exemplo, “os números sobre a violência de género em Portugal, que, de facto, são gritantes e que mostram que as mulheres são o grupo que é mais vítima da violência de género”, nota Patrícia Martins.

“Falamos também ainda da questão da desigualdade salarial. Em algumas profissões, uma mulher recebe menos 16% que os homens com a mesma função”, acrescenta a ativista.

No fundo, este manifesto “é um bocadinho o retrato das mulheres em Portugal e como é que podemos trabalhar a partir daqui”, conclui.

A marcha do Dia da Mulher

Para o Dia da Mulher está marcada uma marcha. O ponto de encontro, no Porto, é na Praça dos Poveiros às 19h00. A marcha que se realiza noutros pontos do país – Braga, Coimbra e Lisboa – é convocada pelo Encontro de Mulheres, o Festival Feminista do Porto e pelo coletivo Blergh.

Erguendo palavras de ordem – que podem ser desenhadas numa oficina de produção de cartazes e pancartas no próximo domingo – quem se juntar à marcha passará pelas ruas Passos Manuel, Santa Catarina e 31 de Janeiro até chegar aos Aliados.