Como é que a alimentação nos primeiros anos de vida influencia os hábitos alimentares do futuro? É esta a pergunta que serviu e base à investigação de Sofia Vilela, da Unidade de Investigação em Epidemiologia (EPIUnit) do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP). A principal conclusão do estudo é que a alimentação variada na infância pode levar a uma alimentação mais saudável no futuro. A especialista alerta para a necessidade de promoção da maior variedade alimentar entre as crianças.

A investigação, designada “Tracking diet variety in childhood and its association with eating behaviours related to appetite: The generation XXI birth cohort”, avaliou a diversidade alimentar aos quatro e aos sete anos de idade de cerca de 4.700 crianças da Geração XXI.

O projeto foi iniciado no ano letivo 2005/2006 e acompanhou o crescimento e o desenvolvimento de mais de oito mil crianças. A avaliação dos dados recolhidos teve duração de cerca de meio ano.

“Os hábitos alimentares estabelecem-se cedo”

Ao JPN, Sofia Vilela referiu que a investigação tinha dois grandes objetivos: “ver a estabilidade da variedade alimentar e como é que ela se relacionava com o apetite da criança aos sete anos”.

O estudo mostrou que as crianças com uma maior variedade alimentar “são menos seletivas em relação aos alimentos” e que, por isso, “aceitam melhor alimentos novos ou diferentes”. Além disso, estas crianças “fazem as refeições com mais gosto” e “têm um menor desejo de bebidas açucaradas”, explicou a investigadora.

De acordo com Sofia Vivela, “os hábitos alimentares estabelecem-se cedo”. Uma alimentação saudável em tenra idade pode ter reflexos a longo prazo: “Muitas das crianças que são saudáveis desde o início tendem a ser mais saudáveis ao longo da infância e da adolescência”.

“As crianças têm muito respeito pelos pais e vão imitá-los se eles derem o exemplo”

Há estratégias para promover uma melhor escolha dos alimentos. Sofia Vilela realça algumas como “investir várias vezes no mesmo alimento”, não desistindo à primeira rejeição da criança. Outra forma passa pela “confeção da comida, de maneira a torná-la mais apetecível”. Por fim, a investigadores refere o papel dos pais enquanto exemplo: “As crianças têm muito respeito pelos pais e vão imitá-los se eles derem o exemplo e tiverem hábitos alimentares saudáveis”.

O estudo – assinado também pelos investigadores Marion M. Hetherington (Universidade de Leeds) e Andreia Oliveira e orientado por Carla Lopes – pode ser consultado no site da revista “Appetite”.

Artigo editado por Sara Beatriz Monteiro