A Devexperts escolheu o Porto para instalar um centro de investigação e desenvolvimento de software para mercados financeiros. A empresa espera criar 80 novos postos de trabalho com a vinda para o edifício Península, na Boavista. Só depois de abril é que a mudança deve ocorrer.

De acordo com a Agência para o Investimento e Comércio em Portugal (AICEP), a Devexperts quer fazer contratações locais para além dos profissionais que já trabalham na empresa. Os objetivos passam por contratar 40 profissionais no primeiro ano e, no segundo, duplicar o número.

Com sede em Munique, a Devexperts marca também presença em St. Petersburgo, Chicago, Tóquio e Nova Iorque.

A República Checa e a Hungria também estavam em cima da mesa como possíveis destinos de instalação da Devexperts. Ainda assim, a cidade do Porto acabou por ser a escolha final da empresa alemã.

 

O que traz a Devexperts para o Porto

Ricardo Valente, vereador do desenvolvimento económico e social e responsável pelo InvestPorto, considera que, para além da atratividade “do ponto de vista de custos”, os “recursos de talento disponíveis” na cidade são valorizados pelas empresas que pretendem instalar-se no Porto.

Por outro lado, Luís Castro Henriques, presidente da AICEP, adianta ao JPN que os “custos deixaram de ser um fator decisivo”, mas concorda que “as empresas valorizam cada vez mais o binómio talento/inovação”.

Luís Castro Henriques avança que a “mão-de-obra qualificada” e a “ligação a universidades de topo que figuram nos rankings internacionais” são algumas das razões para a escolha da Devexperts ter sido o Porto. A “capacidade de criar e incorporar inovação” e “a mentalidade de negócios com cariz internacional” também contribuíram para a distinção.

 

“[Devexperts] é a fintech da nova geração”

O responsável pelo InvestPorto caracteriza a Devexperts como “uma empresa muito recrutada do ponto de vista da tecnologia em que assenta o mercado financeiro a nível internacional”. A empresa, com quase 16 anos, é apelidada pelo vereador como “fintech [ver caixa] da nova geração”.

Fintech: Termo utilizado para as inovações e o uso de novas tecnologias por empresas do setor financeiro para a entrega de serviços financeiros

“Sempre que nasce uma nova empresa na cidade é mais uma planta dentro da floresta e as florestas são fortes e densas quando há muitas plantas. Portanto, a lógica do crescimento é a tal lógica do ecossistema. Isto não pode ser visto numa lógica única, tem de ser visto como um processo”, explica o vereador.

Segundo Luís Henriques, “NASDAQ, Toronto Dominion, Ameritrade” e “alguns dos principais traders eletrónicos dos EUA” são importantes clientes da Devexperts. O objetivo é “trazer esses prestigiados clientes para o Porto” e “trabalhar de perto com as universidades”, garante.

Mais 30 centros de possível investimento em Portugal

A AICEP está também a negociar com mais 30 projetos que podem trazer mais investimento ao país. Luís Castro Henriques afirma que “o nível elevado de habilitações técnicas nas áreas de gestão, economia e engenharias” e o “bom conhecimento de línguas estrangeiras” são os motivos que mais atraem investidores do exterior para Portugal, mais especificamente para o Porto. A “qualidade das universidades” é, mais uma vez, “reconhecida”.

O presidente da AICEP considera as “infraestruturas físicas, de telecomunicações e logística” do país de “classe mundial”. A “rede de startups” e o acolhimento da “Web Summit” em Portugal também são apontadas como mais-valias por Luís Castro Henriques.

“[Portugal] é uma porta de entrada para a União Europeia, com um mercado de 500 milhões de consumidores, bem como para os países da CPLP, com 250 milhões”

Para Luís Castro Henriques, a ligação à “Europa, às Américas e África” dá vantagem a Portugal face a outros concorrentes: “[Portugal] é uma porta de entrada para a União Europeia, com um mercado de 500 milhões de consumidores, bem como para os países da CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa], com 250 milhões”.

Há “aspetos intangíveis” – como as condições climatéricas, a “segurança e a estabilidade social” e ainda a “hospitalidade” – que Luís Castro Henriques aponta como fatores que contribuem para a atratividade de Portugal.

Os 30 centros de possível investimento podem criar “cinco mil postos de trabalho”, avança Luís Castro Henriques. De futuro, o presidente da AICEP garante que a agência “vai continuar empenhada em apoiar as empresas que chegam a Portugal”. Acredita que as “boas notícias” vão ser uma constante “nos próximos tempos”.

Artigo editado por Sara Beatriz Monteiro