Sunflowers, Paraguaii e Lazy Faithful são algumas das bandas que integram o cartaz do Festival Colossal, que vai ter lugar no Antigo Matadouro de Santo Tirso, nos dias 23 e 24 de março. O evento, que vai unir a música eletrónica ao rock alternativo português, e que é realizado pela primeira vez, conta ainda com uma feira de artesanato no recinto do festival.
O Colossal nasce graças à Alarido – associação cultural, organização sem fins lucrativos sediada em Vila das Aves. A ideia partiu de Bruno Daniel – inspirado por outros festivais que frequenta e conhece – que resolveu partilhá-la com os outros membros da associação. Daniel Leal Machado contou ao JPN que a proposta foi muito bem recebida porque já queriam “dar um pulo em termos de exigência de eventos” e realizar atividades de maior escala há algum tempo.
A organização de um festival implica mais do que esperavam.
Bruno Daniel ficou encarregue de realizar o plano de atividades e, entretanto, mais quatro elementos da Alarido juntaram-se ao grupo principal de organização do evento. Tudo começou com reuniões para perceber qual seria o espaço e como queriam fazer o evento. Não havia muito conhecimento sobre o que era preciso fazer, explicou Bruno Daniel, pelo que as coisas se foram desenrolando num processo gradual, passo a passo.
Os dois amigos adiantaram que a organização de um festival implica muito mais do que esperavam, desde o “conseguir as licenças necessárias, o orçamento para as bandas [até] à produção de documentos escritos que possam, no futuro, servir de base à organização de outros eventos e dar uma certa seriedade ao evento”.
A associação pretende “construir uma cultura de rock alternativo em Santo Tirso”
Daniel Leal Machado concluiu que uma grande gestão e organização é fulcral para que as pessoas acreditem no trabalho que desenvolvem e defendeu que, sem isso, talvez não conseguissem os patrocínios que alcançaram.
Na base do festival estão vários objetivos, nomeadamente, “promover este tipo de eventos no concelho, até agora inexistentes” e “começar a construir uma cultura de rock alternativo em Santo Tirso”, de acordo com Bruno Daniel.
Em termos de associação, Bruno Daniel salientou como metas “atingir um público-alvo mais abrangente” e produzir “eventos de maior qualidade”. Daniel Leal Machado acrescentou o desejo de realizar um festival que se possa repetir todos os anos, razão pela qual estão a construir uma estrutura que possa facilitar essa vontade, através de uma aposta forte em comunicação, para que o evento possa ter uma imagem de qualidade, “muito importante para as bandas, que gostam de vir a locais que dão alguma visibilidade”.
“Rock alternativo cada vez mais usa a componente eletrónica”
Questionado pelo JPN sobre o que pode distinguir este festival de outros do género, Daniel Leal Machado salientou o espaço, que tem uma forte envolvente histórica e, ao mesmo tempo moderna porque, “se por um lado o matadouro é um edifício quase ancestral em Santo Tirso, o parque é símbolo da contemporaneidade”.
A junção do rock alternativo à música eletrónica surge de forma natural, explicaram os dois amigos. Daniel Leal Machado ressaltou que o “rock alternativo cada vez mais usa a componente eletrónica”, pelo que se torna simples construir uma programação baseada nos dois géneros. Outra característica que pode distinguir o evento de outros é o facto de ser organizado por uma associação, avançou Daniel Leal Machado, na qual há uma abertura à comunidade. No futuro, esperam incluir outras componentes, como a fotografia e as artes visuais.
A grande capacidade de trabalho dos membros da Alarido – única associação juvenil em atividade do concelho – com elementos dotados de valências em áreas muito distintas, é o que permite à associação a organização de eventos desta envergadura, salientou Daniel Leal Machado.
Sunflowers, Paraguaii, Lazy Faithful, Nu, El Señor, Psychtrus e Alínea A Dj Sets são os nomes que completam o cartaz do Festival Colossal.
Alarido num banco de comboio
Uma conversa durante uma viagem de comboio, entre Daniel Leal Machado e Hugo Rajão, foi o primeiro passo para a criação da Alarido – associação cultural.
Os dois amigos, que se conheceram no ensino secundário, sempre tiveram em comum o desagrado pela diminuta oferta cultural da região do Vale do Ave – na qual vivem – razão pela qual sempre procuraram combater o problema, em conjunto com outros amigos, com a promoção de atividades culturais diversas, através das diferentes associações de estudantes que integraram no secundário.
O ingresso na universidade levou-os por caminhos distintos e fez com que estivessem sem projetos comuns por um longo período, apesar de manterem o contacto e a ligação à cultura. Um dia, encontraram-se no comboio e tiveram uma conversa que mudou tudo.
Daniel Leal Machado contou ao JPN que, na conversa, concluíram que criar uma associação podia ajudar a combater o problema que há muito tinham detetado na Região do Vale do Ave.
O projeto foi bem recebido pelos amigos com os quais o partilharam e, em dezembro de 2016, com um total de oito fundadores, a associação iniciou o processo necessário para se mostrar ao público. A apresentação ocorreu em março de 2017.
O antigo edifício da junta de freguesia de Vila das Aves serve de casa à associação que começou com três eventos no primeiro mês. A receção do público foi positiva, de acordo com Daniel Leal Machado, pelo que o número de eventos foi aumentando, assim como a equipa de trabalho. Atualmente, contam com nove eventos organizados e um décimo já marcado: o Festival Colossal.
Artigo editado por Filipa Silva