No próximo domingo Itália vai a votos. De acordo com as sondagens, a coligação de direita formada pelo Força Itália (de Silvio Berlusconi), a Liga (antiga Liga Norte), Irmãos de Itália e Nós com Itália (partidos de extrema-direita) será a melhor posicionada para vencer as legislativas. No plano individual, no entanto, é o Movimento 5 Estrelas o partido com maior percentagem nas intenções de voto, seguido do Partido Democrático, do Força Itália e da Liga.

Segundo as últimas projeções, realizadas há 15 dias, Luigi Di Maio (Movimento 5 Estrelas) lidera com 28% das intenções de voto, seguido do antigo primeiro-ministro Matteo Renzi (Partido Democrático), que se demitiu em 2016, com 22,8%. Na terceira posição, está Antonio Tajani (Força Itália – já que Berlusconi está judicialmente impedido de ser candidato) com 16,4%. A Liga de Matteo Salvini parte com 13,4%.

Para a coligação de direita, as sondagens apontam para uma vitória com 37,1%. O Movimento 5 Estrelas, populista antieuropeístas, ficaria em segundo. Num cenário de coligação à esquerda liderada pelo Partido Democrático, esta alcançaria 27,6% dos votos.

Na possibilidade de a coligação formada pelo Força Itália não conseguir 40% dos votos, a maioria não é alcançada. Por esse motivo terão de encontrar outro partido (o PD ou M5S) para se juntar à coligação. Só assim parece ser possível atingir os 40%.

Uma vitória sem maioria coloca o futuro do país numa incógnita e os partidos de direita dificilmente vão ter apoio de outras forças. Apesar disso Silvio Berlusconi já afirmou que não quer uma coligação do Força Itália quer com o PD ou o M5S.

A imigração continua a ser uma questão central nas eleições italianas. Desde as últimas eleições, em 2013, chegaram a Itália, pelo mediterrâneo, mais de 600 mil pessoas o que gerou preocupação com a segurança e um aumento das tensões raciais. O desemprego, a economia e a Europa também fizeram parte dos temas abordados na campanha para estas eleições.

Os partidos de direita defendem uma política de menos Europa e menos imigração.

Sondagens das eleições italianas de 2018.

Sondagens das eleições italianas de 2018. André Garcia

Movimento 5 Estrelas

Luigi Di Maio é o candidato a primeiro.ministro do partido.

Luigi Di Maio é o candidato a primeiro-ministro do partido. André Garcia

O Movimento 5 Estrelas surgiu em 2009 sob a liderança do comediante Beppe Grillo, com a finalidade de enfrentar os partidos tradicionais, colocar cidadãos comuns no poder e estabelecer uma democracia direta através do uso da Internet.

Luigi Di Maio, 31 anos, é o novo líder do contestatário Movimento 5 Estrelas (M5S), sucedendo a Beppe Grillo, com uma imagem de moderação pouco associada ao partido populista que, em 2013, acabou por ser o mais votado nas legislativas, com 25% dos votos.

Di Maio foi escolhido pelos militantes para ser o candidato a primeiro-ministro do M5S. O líder recusa que o partido seja rotulado como populista, extremista ou anti-europeu e demarcou-se da linha mais ortodoxa do M5S que defende a saída do euro e afasta qualquer hipótese de coligação com partidos tradicionais.

A experiência profissional do líder do M5S é curta, o que leva alguns críticos a questionarem a preparação de Di Maio para governar Itália. Apesar das críticas, as sondagens atribuem ao M5S de Di Maio 28% dos votos, tornando-o o partido mais votado individualmente.

Partido Democrático

Matteo Renzi foi eleito primeiro-ministro em 2013 demitindo-se em 2016.

Matteo Renzi foi eleito primeiro-ministro em 2013 demitindo-se em 2016. André Garcia

O partido foi fundado em 2007, através da fusão de vários partidos de centro-esquerda.

Matteo Renzi, 43 anos, lidera o Partido Democrático (centro-esquerda) e foi eleito primeiro-ministro em 2013, mas perdeu rapidamente popularidade e teve de se demitir, em 2016, depois do fracasso do referendo que promoveu sobre a reforma constitucional.

Concorre a estas eleições com uma lista que inclui o movimento Mais Europa da ex-ministra e figura de referência da política italiana Emma Bonino.

 

Força Itália

Berlusconi escolheu Tajani para ser o candidato a primeiro-ministro.

Berlusconi escolheu Tajani para ser o candidato a primeiro-ministro. André Garcia

O Força Itália revelou, esta sexta-feira, o seu candidato a primeiro-ministro, Antonio Tajani -presidente do Parlamento Europeu e um dos fundadores do Força Itália – apesar do partido ter feito uma campanha centrada em Silvio Berlusconi, cujo nome foi o único a figurar nos principais materiais de campanha.

Berlusconi, 81 anos,  já foi primeiro-ministro três vezes (1994-1995, 2001-2006 e 2008-2011). Ausente durante alguns anos, o antigo presidente do AC Milan, foi acusado de proximidade à máfia, corrupção e fraude fiscal. Por essa razão, o italiano não pode exercer cargos políticos até 2019.

Embora o Força Italia tenha uma projeção de 16,4%, o que lhe dá um terceiro lugar de forma autónoma, o ex-primeiro-ministro italiano abriu a porta à formação de uma possível coligação a três partidos da extrema-direita e da direita populista: a Liga, os Irmãos de Itália e o Nós com Itália.

Liga (antiga Liga Norte)

Matteo Salvini é o candidato a primeiro-ministro.

Matteo Salvini é o candidato a primeiro-ministro. André Garcia

A Liga é um partido político regionalista do Norte de Itália fundado em 1991, por Umberto Bossi, após a unificação de vários partidos autonomistas e regionalistas. É um dos partidos mais influentes de Itália e a partir da década de 1990 tornou-se um parceiro de coligação do Força Itália.

Matteo Salvini tem 44 anos e aderiu à Liga Norte aos 17 anos. Assumiu a liderança em dezembro de 2013, nessa altura o partido estava com maus resultados. O partido procurava então um novo líder e agora Salvini é apresentado como candidato a primeiro-ministro.

Salvini tem um discurso fortemente anti-imigração, anti-Islão e anti-euro. A palavra “Norte” foi retirada, pelo menos, durante a campanha para as eleições de domingo, com o objetivo de conquistar votos em toda a Itália e não só no norte do país.

Em caso do Liga ficar em primeiro de entre os partidos da coligação, Matteo Salvini,  já garantiu que é ele quem deve ser primeiro-ministro.

 

O que pode mudar na Europa?

As principais capitais europeias vão seguir de perto as eleições de domingo pois temem um resultado que leve a um governo sem maioria. Este cenário pode levar a que, a terceira maior economia da zona euro que mais vezes muda de Governo na Europa, entre numa longa crise política.

No domingo são chamados a votar mais de 51 milhões de italianos, mas o futuro político da Itália continua incerto.

Artigo editado por Filipa Silva