“A instrução tem por alvo o benefício do cidadão e a utilidade da República”, pode ler-se na fachada do Liceu Alexandre Herculano, que finalmente vai receber a requalificação que professores e alunos reivindicam há vários anos.

O protocolo entre o Ministério da Educação e a Câmara Municipal do Porto para avançar com as obras na escola centenária portuense foi assinado esta quarta-feira, no liceu centenário, na presença do primeiro-ministro, António Costa, do ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, e do presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira.

Enquanto “o Alexandre”, como é acarinhado por alunos e professores, estiver em obras, os alunos vão ser transferidos “quase de certeza para a Escola EB  2/3 de Ramalho Ortigão”, garantiu ao JPN o diretor do agrupamento de escolas Alexandre Herculano, Manuel José Lima.

O diretor refere que também está em cima da mesa a alternativa de “repartir os alunos pelos três estabelecimentos” do agrupamento. “Se implementarmos a obra [no Alexandre Herculano] sem alunos será muito mais rápida. Como temos esta oportunidade logística de repartir os alunos, se nos disserem que a obra avançará a um ritmo mais acelerado, queremos que mais rapidamente venha o benefício”, explica.

Neste molde, a direção permaneceria em funções na Escola Secundária Alexandre Herculano e os alunos seriam divididos entre a Ramalho Ortigão e a EB 2/3 Dr. Augusto Pires de Lima.

Além da intervenção no interior do edifício, Manuel José Lima dá conta da construção de um novo pavilhão gimnodesportivo no lado do liceu voltado para a rua António Carneiro,  “em situação diferente face ao projeto inicial, porque isso implicava a compra de terrenos anexos”.

Os alunos apontam a falta de isolamento e de condições nos espaços comuns como a prioridade na modernização do liceu centenário. Mónica Silva conta ao JPN que “quando entra na escola é como se não entrasse num edifício, porque é muito frio”.

A sala de convívio dos estudantes também é apontada como uma das áreas mais preocupantes. Ana Teixeira, da associação de estudantes, diz que “a sala dos alunos está fechada, com infiltrações” e critica também o estado da sala de cinema da escola, onde decorreu a assinatura do protocolo: “Quando temos de subir para a parte superior da sala, vamos um a um, porque as escadas podem ceder”.

“A escola do Porto”

O ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, e o presidente da Câmara Municipal do Porto (CMP), Rui Moreira, assinaram, esta quarta-feira, o acordo que passa a titularidade da obra de requalificação do Alexandre Herculano para a autarquia.

“Era uma missão quase patriótica” requalificar o Alexandre Herculano, referiu Rui Moreira durante a cerimónia de protocolo. O presidente da CMP destacou que a autarquia só poderia investir no edificado – cerca de 950 mil euros dos sete milhões totais – na qualidade de dona da obra: “A câmara não podia fazer obras no que não era seu e em cinco minutos chegamos a bom porto”, recordou.

O ministro com a pasta da Educação disse que “‘o Alexandre’ era um verdadeiro sonho” e que a requalificação visa fazer do liceu “um projeto educativo único, num edifício emblemático”.

Cerca de 5,1 milhões de euros serão canalizados através de fundos comunitários. O restante ficará a cargo da autarquia – 950 mil euros – e do Estado.

O primeiro-ministro, António Costa, marcou presença na cerimónia e agradeceu aos professores do liceu “a paciência com o Estado” e por “não deixarem ‘o Alexandre’ morrer”.

“Autonomia das escolas, mais descentralização para os municípios é um casamento perfeito para a escola no séc. XXI”, rematou Costa, adiantando que a obra arrancará tão rapidamente “quanto o Tribunal de Contas permitir”.

O arranque das obras ainda não tem, assim, data, mas Rui Moreira afirmou ao JPN que “em condições normais, sete meses depois da adjudicação se pode lançar a obra”. O próximo passo é a abertura de um concurso público para entregar a empreitada.

O liceu Alexandre Herculano está em condições decadentes há mais de uma década. A Parque Escolar sinalizou a urgência de intervenção no liceu na zona do Bonfim em 2009, mas as obras não avançaram por falta de verbas.

Artigo editado por Filipa Silva