O espetáculo “Maioria Absoluta”, do Teatro Experimental do Porto, vai estar em cena, de 14 a 17 de março, no auditório do Campo Alegre. Ao JPN, Sara Barros Leitão, assistente de encenação, desvendou alguns detalhes da peça que estreia esta quarta-feira às 21h30.
Cada momento da trilogia centra-se numa juventude distinta, “que não aceita o papel que lhe é dado, nem as regras da sociedade em que está”, razão pela qual lhe resiste, “revolucionando”, explicou Sara Barros Leitão.
Em “Maioria Absoluta” apresenta-se “uma visão impressiva dos anos 90”, no fim de uma viagem que começou na década de 50 e passou também pela de 70, na construção de um retrato das juventudes revolucionárias nacionais e das suas lutas, esclareceu a assistente de encenação.
A peça inicia-se com um conjunto de dribles efetuados com uma bola de basquete e passes entre os atores que dão vida a personagens sem nome e sem grandes certezas, mas com vontade de fazer várias coisas, de integrar várias lutas.
Com música ao vivo e uma performance que vai do êxtase à melancolia, a obra retrata, num ritmo frenético, uma série de batalhas iniciadas pela juventude que viveu o governo de maioria absoluta de Cavaco Silva.
Mas o que é uma maioria? “É, por definição, o contrário de uma minoria” e “não há muito mais a dizer”, concluiu-se, mas as respostas seguiram-se.
Uma maioria absoluta “é ter medo de conversar”, “uma birra da história”, “uma vontade de estar calado, sem dizer nada, sem pensar”, “uma tartaruga sem carapaça”. As explicações vão se alternando pelas vozes das personagens, que às vezes se sobrepõem.
Mas esta juventude quer pensar e, ao longo de uma hora, debruça-se sobre as várias batalhas que se iniciaram nos anos 90. Sara Barros Leitão realçou que estas lutas ainda não estão concluídas e que nos “cabe a nós continuá-las”.
A luta pelo fim das propinas – “que não pode ser uma coisa adquirida, o facto de pagarmos pela educação” – assim como uma série de causas LGBT e a emancipação da mulher são alguns dos temas abordadas na peça, que se ligam a preocupações atuais.
A atriz explicou ao JPN que, assim como há lutas iniciados nos anos 90 por terminar, também há batalhas começadas nos anos 50 e 70 que “se calhar ainda não foram concretizadas”.
Sara Barros Leitão – que desempenhou o papel de atriz nos outros dois espetáculos da trilogia – destacou o caráter “altamente colaborativo” das peças, “desde a escrita, a todo o processo de pôr em cena”.
A obra estreia esta quarta-feira, às 21h30, e repete quinta e sexta-feira no mesmo horário. No sábado, o espetáculo está marcado para as 19h00 e no domingo para as 17h00. Nos dias 21, 22 e 23 de março o espetáculo volta ao horário das 21h30, com repetição dia 24 às 19h00.
Artigo editado por Sara Beatriz Monteiro