Dar vida a tecidos e esboços de peças de roupa estava nos planos de Maria Meira desde o sétimo ano. A sua individualidade é o que a define enquanto designer, mas recebe influências de marcas como Dior, Comme des Garçons e Yohji Yamamoto.

Estudou na Escola Superior de Artes e Design, que considera ter sido uma mais valia para o seu futuro enquanto criadora:

“O curso de Design de Moda foi, sem dúvida, uma grande ajuda para crescer enquanto designer, conhecer marcas e designers que não conhecia e fazer trabalhos para marcas como a Volcom [que cria roupa para skaters, surfistas e snowboarders], que me fez estudar a marca e perceber qual o público-alvo que eu teria de agradar”, revela ao JPN a designer da Póvoa de Lanhoso.

A licenciatura na ESAD permitiu-lhe trabalhar para a Volcom.

A licenciatura na ESAD permitiu-lhe trabalhar para a Volcom. Foto: Cortesia Maria Meira

Um dos objetivos da designer quando entrou para a ESAD era participar na plataforma Bloom. Maria Meira pensa que este espaço lhe vai abrir muitas portas para o mundo da moda, além de a ajudar a conquistar o objetivo de ter uma marca própria.

No último ano da licenciatura criou a sua primeira peça de roupa, com a ajuda do alfaiate Ricardo na confeção das peças. A designer de 23 anos produziu um sobretudo reversível, assim como um vestido oversized, tendo como ponto de partida a morte e a decomposição.

A coleção do Portugal Fashion

Numa ode ao corpo humano e à vulnerabilidade surgem tecidos transparentes, “que sugerem intimidade e expõem a pele”. A estes são acrescentados cordões circulares num contraste à exposição e à liberdade transmitida pelo tecido.

Maria Meira cria peças leves e etéreas, que pretendem refletir pureza, ingenuidade, falta de confiança e vergonha. A impressão da palavra “SUB” ao longo da coleção reforça ainda a “ideia de subordinação e, até, de uma certa inferioridade”.

A vulnerabilidade é traduzida através de tecidos leves, que contrastam com detalhes que representam a subordinação, realçados pela palavra SUB.

A vulnerabilidade é traduzida através de tecidos leves, que contrastam com detalhes que representam a subordinação, realçados pela palavra SUB. Foto: Facebook Portugal Fashion

A coleção pensada pela jovem criadora teve como fonte de inspiração as obras de Shai Langen. Este artista plástico transforma e modela o corpo humano de forma performativa e intuitiva, através do uso de materiais como pasta de papel de parede e tinta acrílica.

A partir do trabalho deste, a designer chegou a Lucy Glendinning, uma escultora e instaladora que trabalha diferentes estéticas, tendo como foco o corpo humano como meio semiótico.

Foram estes dois artistas que inspiraram Maria Meira para criar a coleção minimalista que vai apresentar no primeiro dia do Portugal Fashion.

Artigo editado por Sara Beatriz Monteiro